"Pra fora da sala"
Por Jussara de Barros (*)
Após tantos anos de educação, ainda vemos crianças e adolescentes desafiando os professores na sala de aula, fazendo brincadeiras, conversando, jogando aviãozinho, provocando colegas, se negando a participar e fazer as tarefas, etc.Muitas vezes, os professores, sem saber como lidar com esses “danadinhos”, perdem o controle da situação e os retiram da sala. Porém, essa não é a forma mais adequada de lidar com o problema, pois o mesmo não está sendo resolvido, mas apenas adiado. É preciso entender o porquê daquelas ações, pois por detrás das mesmas existem motivos obscuros, que muitas vezes não estão no controle da escola, precisando alertar a família sobre seu papel, suas responsabilidades.
Pelo lado da escola, e não somente do professor, podem-se considerar vários fatores. Se a mesma está ou não adaptada aos novos modelos de educação (sociointeracionismo e construtivismo), ou se ainda trabalha com uma postura rígida e autoritária; se as carteiras ainda estão dispostas em filas, ou se o grupo se senta em roda, podendo se comunicar olhando nos olhos; se as metodologias e os conteúdos estão adequados para a faixa etária das turmas; se os planejamentos são elaborados pensando nos valores e princípios a serem desenvolvidos, ou se somente como somatória de conteúdos; se são propostas pesquisas e discussões abertas para o processo de aprendizagem ou se o professor ainda é o detentor do saber; etc.
É preciso considerar que a escola é o lugar da educação formal e que os alunos estão ali para se ajustarem às necessidades sociais, às regras de boa convivência, de respeito aos limites, pois a sociedade é movida dessa forma. Temos que respeitar leis e todas elas se referem ao âmbito comportamental, ou seja, não dá para fugir dessas questões que terão que ser apreendidas cedo ou tarde. Sendo assim, expulsá-los da sala caracteriza fraqueza não só do professor, mas da escola como um todo, pois percebe-se a falta de estrutura nos objetivos da instituição para se resolver tais impasses. Pelo contrário, a escola deve estar preparada para lidar com as situações de conflito e isso se dá através de reuniões, de capacitação profissional dos envolvidos no processo educativo, da busca do equilíbrio interno dos seus profissionais para se conseguir o equilíbrio dos alunos.
Tirar um aluno da sala, excluí-lo do grupo, demonstra arbitrariedade, impulsividade. Será possível o aluno deixar de ser agressivo, impulsivo, se é esse o modelo que ele recebe dentro da escola ou até mesmo dentro de casa? Pais que surram, castigam, humilham, ignoram, ainda existem, são grande parte da sociedade, mascarados em valores materiais. É importante considerar que o aluno “problema” é o que mais precisa dos princípios de educação. Ele deve aprender a conviver com o grupo, aprender a respeitar o direito dos outros, mas também deve ser valorizado dentro de suas potencialidades, pois elas existem, basta que escola e família enxerguem.
E buscando o eixo da família, essa deve estar integrada aos problemas que aparecem com os alunos. Muitas vezes a escola omite problemas e os pais tomam conhecimento de uma situação quando ela já excedeu todos os limites. Um trabalho em conjunto, entre família e escola, é o que irá ajudar o estudante a mudar sua visão em relação à escola, aos estudos, a construir uma boa carreira profissional, a se preparar para o futuro. Muitas vezes a bagunça aparece porque o mesmo está se sentindo sozinho, abandonado, sem apoio, carente, tendo que buscar outros recursos para chamar a atenção, para se destacar em um grupo que tem outros valores. E isso aparece de forma negativa, através das agressões.
(*) Graduada em Pedagogia, Equipe Brasil Escola
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