Confira dicas para escolher a escola certa para o seu filho
Escolher a escola ideal para matricular o filho exige, segundo especialistas em Educação, que os pais tenham um olhar atento para o dia a dia da família, conheçam suas expectativas em relação ao colégio e se informem se os valores familiares estão de acordo com os do espaço.
— Não adianta matricular em escola tradicional e religiosa, com excelentes alunos, se em casa religião não tem peso e os pais são contra esse tipo de aula. E não ajuda pôr em escola disciplinada, se em casa a criança não tem hora de dormir ou comer. A mensagem da escola e a da família têm de ser a mesma, diz João Batista, presidente do Instituto Alfa e Beto. Para o professor da USP Ocimar Alavarsi, consultar famílias de alunos que já se formaram na escola também colabora para uma decisão mais madura.
— Antes de se decidir, os pais devem consultar famílias de alunos que já se formaram na escola. E também as de estudantes matriculados. Conversar com a direção é válido, mas ouvir outras opiniões contribui para tirar dúvidas. E é preciso conhecer o projeto pedagógico, para comparar seus valores com os da escola. Assim, a chance de acertar é maior — explica o professor. Prestes a matricular a filha Joana, de 2 anos, numa pré-escola, o médico Ricardo Igreja e a mulher Mariana visitaram várias escolas perto de casa, no Jardim Botânico, no Rio.
— Queríamos uma escola ampla, na qual ela pudesse brincar, algo essencial nessa fase, e que nos permitisse continuar levando a Joana ao Jardim Botânico de manhã. Algumas pessoas se preocupam desde essa idade em escolher escolas disputadas, mas para a gente é hora de a Joana ir para a escola brincar.
Abaixo, confira dicas do que deve ser observado na hora de escolher a escola em cada segmento.
Creche
Pais de bebês que vão frequentar creche devem, segundo especialistas, optar por colégios que estejam perto de suas casas. "Isso faz com que as crianças fiquem menos expostas ao trânsito e que possam sair de casa já quase na hora de a aula começar", diz João Batista, presidente do Instituto Alfa e Beto. Para Quézia Bombonato, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, é importante que os pais conheçam a formação dos profissionais: "Na creche, é preciso saber se há um professor orientando os cuidadores e quantos adultos são responsáveis pelo berçário, além do número de crianças. A higiene, claro, deve ser observada, assim como se auxiliam a família no processo de tirar fralda, mamadeira e chupeta."
Pré-escola
"Na pré-escola é bom se certificar se a criança terá espaço para brincar, para dormir, desenvolver a coordenação motora e ouvir histórias", diz Quézia Bombonato. Professora da Faculdade de Educação da PUC-SP, Neide de Aquino Noffs alerta para a importância de poucos alunos em sala: "Numa turma com crianças de 3 anos, o ideal é ter no máximo 15 alunos. Isso garante o relacionamento aluno-professor e dá a oportunidade de uma educação mais individualizada." Outro aspecto, segundo João Batista, precisa ser levado em conta: "Os pais devem conhecer crianças que passaram pelo colégio em que desejam matricular seus filhos e conversar com os responsáveis. Isso é importante para descobrir como foi a transição delas para o Ensino Fundamental".
Fundamental I e II
"É importante saber se a escola alfabetiza no primeiro ano do Ensino Fundamental, que é a série em que o professor é mais bem preparado para ensinar a ler e a escrever", diz João Batista, do Alfa e Beto. No entanto, nessa fase, os pais já devem se certificar se a escola tem ou não uma filosofia compatível com a da família, dizem os especialistas. "Crianças no 2, 3 e 4 anos ainda dependem muito dos pais na hora de fazer a lição de casa. Então, se eles reclamam de ter que parar para ajudar, se acham desagradável deixar de sair por conta dessa tarefa, isso vai virar um atrito. As medidas disciplinares da escola precisam ser levadas em conta, além da maneira como são resolvidos os conflitos entre os alunos. Não adianta escolher um colégio que não é coerente com o que a família acredita", explica Quézia Bombonato. "Tem pai que matricula na escola em que ele gostaria de estar. Mas vale lembrar que criança feliz se abre para o aprendizado", diz Sonia Wanderley, coordenadora do CAP-Uerj.
Ensino Médio
Professor da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Alavarsi diz que os responsáveis devem se perguntar o que esperam do colégio: "A ideia é preparar para o vestibular? Então, vale consultar o desempenho da escola no Enem. Ou é melhor que seja uma escola que preza o bem-estar do aluno, que valoriza atividades artísticas? O colégio tem um alto índice de reprovação? Alguns pais odeiam isso e outros acham interessante. É importante ter boas informações antes de decidir". Segundo Quézia, vale ficar de olho no perfil dos alunos já matriculados: "É uma fase em que agradar ao grupo de amigos é mais importante do que agradar aos pais. Então, vale saber com quem o filho vai passar a maior parte do tempo".
Preocupações em qualquer idade
"Sendo bebê, criança ou adolescente, a segurança precisa ser levada em conta. Pais devem observar a infraestrutura da escola, se tem escada, corrimão, se o berçário tem gente suficiente tomando conta, mas também a vizinhança. Para isso, o bom é visitar o local em vários horários. Sabendo o que acontece ao redor, fica mais fácil lidar com qualquer situação", diz Neide Noffs, que lembra ainda que a formação dos profissionais deve ser observada: "Professores têm que ter formação específica para a área em que atuam. E a direção precisa ser qualificada, ter, no mínimo, formação em Pedagogia. Se for para operar, a gente quer um cirurgião, quer o especialista. Tem que ser assim na escola também".
Custo
Escolher a escola correta passa também, de acordo com os especialistas, pela questão financeira. "É preciso ter recursos para pagar a escola. Para isso, os pais têm que saber o custo total e não só da mensalidade. Matricular e comprometer boa parte da renda da família não é o melhor", diz Ocimar Alavarsi, da USP. "Antes da matrícula, os pais precisam saber, por exemplo, se o colégio oferece viagens e passeios, que elevam o custo. E também quanto vão gastar com o material escolar. Além de se os estudantes matriculados têm a mesma condição social, se o filho conseguirá participar dos programas, se vai ficar à vontade para levar os amigos em casa e se não se sentirá excluído", diz Quézia Bombonato.
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