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12 de dezembro de 2010

Professor, joguete nas mãos de alunos sem limites e gestores educacionais limitados demais

A dura realidade do professor
Por Eduardo de Freitas (*)

Para ocorrer uma revolução positiva na maioria das nações é preciso que o processo tenha início na educação e nesse sentido o professor torna-se um dos principais agentes desse processo.   No entanto, como esse profissional irá contribuir para a melhoria de um país se a população do mesmo não o valoriza e às vezes nem o respeita? Exercer a profissão de professor na maioria das vezes é um ato de extrema valentia e determinação, tanto em escolas públicas como privadas. Um dos primeiros problemas enfrentados é quanto à remuneração, sempre muito baixo, além disso, em diversos casos esses sempre atrasam.

Há uma grande incidência de casos em que alunos agridem fisicamente ou verbalmente os professores, que muitas vezes têm que sair correndo para que não sofra algo pior.   Infelizmente, o professor é visto por grande parte da sociedade como um subalterno para o qual são dirigidas diversas ordens.   Quando o professor atua na escola pública muitas vezes não possui ou é limitada a autonomia plena para aprovar ou reprovar um aluno, isso por que o próprio sistema determina o percentual de aprovação e reprovação que deve acontecer com intuito de cumprir acordos firmados com organismos internacionais de ordem econômica como FMI (Fundo Monetário Internacional), Bird (Banco Internacional Para Reconstrução e Desenvolvimento) e Unesco, esses liberam créditos somente se os dados apresentados se enquadram nas exigências dos mesmos.

Nas escolas particulares, em sua maioria, os problemas não diferem tanto, os donos designam a aprovação a qualquer preço, pois os pais não querem seus filhos reprovados, ainda mais que durante o ano foram gastos altos investimentos em mensalidades. Além desses agravantes, os pais ameaçam constantemente retirar os filhos da escola caso sejam reprovados. É bom enfatizar que existem pais que não agem dessa forma. Diante dos dois casos parece que a educação se transformou em comércio, os governos não querem perder empréstimos e investimentos e donos de escolas privadas não aceitam perder receita. É bom ressaltar que os casos citados acima não são regras, uma vez que existem instituições públicas e privadas que não se enquadram no contexto.

No meio disso tudo está o professor que permanece sem ação e sujeito a crianças e adolescentes marginalizados, isso por que esses podem se referir ao educador com palavras de baixo calão, ameaças e xingamento, pois são garantidos pelo Estatuto da Criança, nas escolas particulares ocorrem praticamente as mesmas coisas, humilhação do profissional por parte de pais, patrões e alunos.   Se um professor é agredido ou ameaçado e recorre ao dono da escola o que ele ouve é “melhor ficar calado, pois eles pagam seu salário” fato que acontece com grande naturalidade e por diversas vezes.

Quando o professor toma uma atitude mais severa, como retirar o aluno da sala devido um ato de desrespeito, o culpado não é o aluno e sim o professor por ter constrangido o mesmo. Dessa forma, a legislação protege somente uma parte, ou seja, somente o aluno sofre constrangimento, e o professor, não sofre? (lembrando que existem diretores, alunos e pais que respeitam o profissional).   Em muitos casos, os alunos que cometem esses atos são filhos de pais ausentes que não impõe limites e que tentam constantemente compensar sua falta com presentes como celulares, mp3, câmeras digitais entre outros, que se tornam outros tormentos na vida do professor em sala de aula.

Esses são alguns dos problemas enfrentados diariamente pelos professores da maioria das escolas brasileiras, e que mostra claro o descaso com a educação que é a única maneira de mudar o panorama do futuro em vários sentidos, como ambiental, social, emprego, tecnologia avançada entre muitos outros que somente com uma educação de qualidade se pode alcançar.
(*) Graduado em Geografia, Equipe Brasil Escola

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