SUPERVISÃO ESCOLAR: perspectivas de ação face ao processo de avaliação da aprendizagem
Por Emily Pereira Lacerda (*) e Walderlene Sousa Lima (**)
... A ação educativa é por sua natureza o meio de agir sobre si próprio e sobre o mundo, essa ação tem a função de formar pessoas em sujeitos ativos e é atribuída à escola, que por sua vez, centra-se em uma prática em meios e instrumentos didáticos e pedagógicos, próprios para desenvolver o processo educativo. Nesse sentido, a prática escolar apresenta uma multiplicidade de idéias, ações e diferenças que antes de tudo devem ser respeitadas como porto de partida para construção do conhecimento, a partir da investigação da prática docente e das exigências determinadas pela escola como instituição. O objetivo dessa reflexão é enfocar a necessidade da atuação de supervisor, com o objetivo de promover a integração e articulação de todo currículo, afim de que o processo educativo se desenvolva de forma sistematizada integrada e articulada do trabalho no conjunto.
Portanto, devemos considerar que a prática do supervisor escolar deverá partir de uma análise crítica voltada para o estudo e a compreensão dos problemas e situações encontradas, discutindo todos esses problemas com todos os membros da escola e buscando a solução. Boas comenta sobre esse aspecto afirmando que: Pensar a prática da supervisão é, sobretudo, examiná-la nas grandes funções em que se desenvolva. È analisá-la desde o planejamento do currículo, procedido de adequada diagnose, ao acompanhamento de sua execução, com tudo que representa de orientação e controle, e ao seu aperfeiçoamento, considerados os recursos humanos, materiais e técnicos empenhados. (BOAS, 2006, p. 65).
Dessa forma o supervisor deverá partir de uma visão crítica e clara da proposta da escola que atua, posicionando-se com coragem, coerência, compromisso e competência ao acompanhar a execução e a organização do trabalho da escola como um todo, sendo que: “o supervisor parte do esclarecimento a respeito da ação diária que caracteriza o trabalho realizado na escola”. (MEDINA, 1997, p. 34). Portanto, no espaço escolar as contribuições do supervisor se fazem presentes em vários momentos: no planejamento, no acompanhamento, na coordenação, no controle, na elaboração da proposta pedagógica, na avaliação e, sobretudo no processo ensino aprendizagem. Essa aprendizagem passa a ser objeto de trabalho do supervisor que a problematiza, pondera, discute e acompanha junto com o professor os conteúdos lógicos e as condições existenciais dos alunos. Tomando como objeto de trabalho a produção do professor. Nesse sentido, Medina concorda com tal assertiva afirmando que: O papel do supervisor passa, então a ser redefinido com base em seu objeto de trabalho, e o resultado da relação que ocorre entre o professor que ensina e o aluno que aprende passa a constituir o núcleo do trabalho do supervisor na escola. (MEDINA, 1997, p. 22).
Em seu agir, o supervisor buscará sempre promover a participação de todos nos momentos do planejamento e discutir as diferentes formas de se encaminhar a aprendizagem do educando, buscando através do diálogo caminhos próprios na intervenção da qualidade do trabalho realizado pelo professor em sala de aula. Nesse contexto: O supervisor é o profissional que sustenta a proposta pedagógica da escola através da ação de orientar acompanhar, controlar e avaliar o trabalho dos professores. (MEDINA, 1997. P. 11). Portanto, a busca de novas técnicas ou métodos que auxiliem na aprendizagem do educando é algo que deve ser constante na ação do supervisor escolar, que juntamente com o professor estará comprometido com o processo de ensinar, aprender e educar. Procurando conhecer todas as possibilidades que possa auxiliar no desenvolvimento de um ensino e de uma aprendizagem em que a criatividade e a interação sejam as principais características. Nessa abordagem, Medina (1997, p. 32), refere-se dizendo:
Considerando as características próprias do professor, o supervisor desenvolve com ele as formas possíveis de controlar o processo de ensinar e do aprender. Ao abdicar do seu poder e controle sobre a prática docente, o supervisor é capaz de assumir uma postura de problematizador do desempenho docente, tornando-se um parceiro político-pedagógico do professor que contribui para integrar e desintegrar, organizar e desorganizar o pensamento do professor num movimento de participação contínua, no qual os saberes e conhecimentos se confrontam. Medina também mostra que há um espaço possível de ser ocupado pelo supervisor no interior da escola em função do seu real objeto de trabalho envolvendo a ação dos professores. Esta ação requer do supervisor habilidades e conhecimentos para participar do processo pedagógico, com grandes potencialidades e sensibilidade para indicar aos seus parceiros os materiais sempre atualizados e referencial teórico que encaminham a uma dinâmica contínua de reflexão sobre a prática educativa.
Desta forma, o supervisor escolar torna-se um profissional fundamental na criação de oportunidades que favoreçam o diálogo necessário para conhecer o grupo que trabalha; seus anseios, suas dificuldades suas propostas, organizando coletivamente com os professores os procedimentos pedagógicos da escola, compartilhando de todas as ações da instituição que atua. Kimball Wiles (1997, p.22) Confirma essa citação:
Os supervisores são mediadores. Ajudam a estabelecer a comunicação. Ajudam os indivíduos a ouvirem uns aos outros. Servem como ligação para as pessoas em contato com aqueles que têm problemas semelhantes ou com pessoas-recurso que podem ajudá-los. Estimulam os membros do quadro pessoal a verificar a extensão em que as idéias e os recursos estão sendo compartilhados e o grau em que os indivíduos são encorajados e apoiados quando tenham novas coisas.
Analisando as contribuições e as ações do supervisor escolar, cabe ainda lembrar que esse profissional terá que estar preparado para promover cursos, formação continuada, seminários e encontros pedagógicos, para que o professor através dessas ações possa dominar os instrumentos necessários para o desempenho competente de suas funções, e seja capaz de tematizar a própria prática, refletindo criticamente a respeito dela. Essa reflexão fará o professor valorizar o saber que produz em seu trabalho cotidiano, empenhando-se no seu próprio aperfeiçoamento, e terá a consciência de sua dignidade como ser humano e a consciência de sua identidade como profissional da educação. Enfim compete ao supervisor trabalhar junto com o corpo docente e discente, no sentido de tornar dinâmica a proposta pedagógica assumida e vivenciada por todos os participantes da escola. Todo o serviço de supervisão escolar deve ter desempenho participativo, articulando toda a escola de forma organizada em torno dos propósitos e da filosofia da escola, para tanto, “a ação supervisora deve assumir um caráter praxiológico, capaz de alterar positivamente, o processo educativo”. (MENDES, 1985, p. 17).
O supervisor é visto no contexto educacional brasileiro atual como sendo um instrumento minimizador de problemas qualitativos referentes ao sistema escolar e também como um acionador dos mecanismos capazes de elevar quantitativa e qualitativamente a qualidade educacional do sistema de ensino como um todo. O trabalho do supervisor educacional deve ser orientado pela concepção libertadora de educação, exige um compromisso muito amplo, não somente com a comunidade na qual se está trabalhando, mas consigo mesmo”. Trata-se de um compromisso político que induz a competência profissional e acaba por refletir na ação do educador, em sala de aula, as mudanças almejadas. Todavia, a tarefa do supervisor é muito difícil de ser realizada, exige participação para a integração em sua complexidade. (PASSERINO, 1996 p. 40). Medina (1997, p.75) argumenta que nesse processo, o professor e supervisor têm seu objeto próprio de trabalho: o primeiro, o que o aluno produz; e o segundo, o que o professor produz.
O professor conhece e domina os conteúdos lógico-sistematizados do processo de ensinar e aprender; o supervisor possui um conhecimento abrangente a respeito das atividades de quem ensina e das formas de encaminhá-las, considerando as condições de existência dos que aprendem (alunos). Acredita-se que o Supervisor Escolar tem a possibilidade de transformar a escola no exercício de uma função realmente comprometida com uma proposta política e não com o cumprimento de um papel alienado assumido. Deve antes de tudo, estar envolvido nos movimentos e lutas justas e necessárias aos educadores. Semear boas sementes, onde a educação se faz presente e acreditar veemente que estas surtirão bons frutos...
(*) Pós Graduanda em Orientação Educacional, Supervisão e Gestão Escolar (OESGE) pelo Centro de Avaliação, Planejamento e Educação do Maranhão (CAPEM) - Santa Fé, São Luís Ma.
(**) Orientadora. Pedagoga. Terapeuta Ocupacional. Especialista em Gerontologia.
2 comentários:
Muito bom o texto.
Parabéns!
Éricka Queiroz
Amei o texto, o mesmo me ajudou, tirando algumas dúvidas à respeito de qual é o papel do supervisor na escola.
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