Comemora-se o Dia do Circo em 27 de março, numa homenagem
ao palhaço brasileiro Piolin, que nasceu nessa data, no ano de 1897,
na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo. Considerado por todos que o assistiram como um grande palhaço, se
destacava pela enorme criatividade cômica e pela habilidade como ginasta
e equilibrista. Seus contemporâneos diziam que ele era o pai de todos
os que, de cara pintada e colarinho alto, sabiam fazer o povo rir.
Como surgiu o circo
É praticamente impossível determinar uma data específica
de quando ou como as práticas circenses começaram. Mas pode-se
apostar que elas se iniciaram na China, onde foram encontradas pinturas de
5000 anos, com figuras de acrobatas, contorcionistas e equilibristas. Esses
movimentos faziam parte dos exercícios de treinamento dos guerreiros
e, aos poucos, a esses movimentos foram acrescentadas a graça e a harmonia. Conta-se ainda que no ano 108 a.C aconteceu uma enorme celebração
para dar as boas-vindas a estrangeiros recém-chegados em terras chinesas.
Na festa, houve demonstrações geniais de acrobacias. A partir
de então, o imperador ordenou que sempre se realizassem eventos dessa
ordem. Uma vez ao ano, pelo menos. Também no Egito, há registros de pinturas de malabaristas.
Na Índia, o contorcionismo e o salto são parte integrante dos
espetáculos sagrados. Na Grécia, a contorção era
uma modalidade olímpica, enquanto os sátiros já faziam
o povo rir, numa espécie de precursão aos palhaços.
No palco da história
Por volta do ano 70 a.C, surgiu o Circo Máximo de Roma, que um incêndio
destruiu totalmente, causando grande comoção. Tempos depois,
no ano 40 a.C, construíram no mesmo lugar o Coliseu, com capacidade
para 87 mil pessoas. No local, havia apresentações de engolidores
de fogo, gladiadores e espécies exóticas de animais. Com a perseguição aos seguidores de Cristo, entre os anos 54
e 68 d.C, esses lugares passaram a ser usados para demonstrações
de força: os cristãos eram lançados aos leões,
para serem devorados diante do público. Os artistas procuraram, então, as praças, feiras ou entradas
de igrejas para apresentarem às pessoas seus malabarismos e mágicas. Ainda na Europa do século XVIII, grupos de saltimbancos se exibiam
na França, Espanha, Inglaterra, mostrando suas habilidades em simulações
de combates e na equitação.
O circo moderno
A estrutura do circo como o conhecemos hoje teve sua origem em Londres, na
Inglaterra. Trata-se do Astley's Amphitheatre, inaugurado em 1770, pelo oficial
inglês da Cavalaria Britânica, Philip Astley. O anfiteatro tinha um picadeiro com uma arquibancada próxima e sua
atração principal era um espetáculo com cavalos. O oficial
percebeu, no entanto, que só aquela atração de cunho
militar não segurava o público e passou a incrementá-la
com saltimbancos, equilibristas e palhaços. O palhaço do lugar era um soldado, que entrava montado
ao contrário e fazia mil peripécias. O sucesso foi tanto, que
adaptaram novas situações. Era o próprio oficial Astley quem apresentava o show, vindo daí
a figura do mestre de cerimônias
Quando o circo chegou ao Brasil
No Brasil, a história do circo está muito ligada à trajetória
dos ciganos em nossa terra, uma vez que, na Europa do século dezoito,
eles eram perseguidos. Aqui, andando de cidade em cidade e mais à vontade
em suas tendas, aproveitavam as festas religiosas para exibirem sua destreza
com os cavalos e seu talento ilusionista. Procuravam adaptar suas apresentações ao gosto do público
de cada localidade e o que não agradava era imediatamente tirado do
programa. Mas o circo com suas características itinerantes aparece no Brasil
no final do século XIX. Instalando-se nas periferias das cidades, visava
às classes populares e tinha no palhaço o seu principal personagem.
Do sucesso dessa figura dependia, geralmente, o sucesso do circo. O palhaço brasileiro, por sua vez, adquiriu características
próprias. Ao contrário do europeu, que se comunicava mais pela
mímica, o brasileiro era falante, malandro, conquistador e possuía
dons musicais: cantava ou tocava instrumentos.
Circo contemporâneo
Circo contemporâneo é o que se aprende na escola.
Fenômeno conseqüente das mudanças de valores na sociedade
e suas novas necessidades. Grande parte dos profissionais do circo mandaram
seus filhos para a universidade, fazendo com que as novas gerações
da lona trabalhem mais na administração. Em fins dos anos 70, começam a aparecer as primeiras escolas de circo,
no mundo inteiro. Na França, a primeira a surgir foi a Escola Nacional
de Circo Annie Fratellini, em 1979, com o apoio do governo francês. No Canadá, artistas performáticos têm aulas com ginastas
e, em 1981, é criada uma escola de circo para atender à necessidade
desses novos acrobatas. Interessante lembrarmos, no entanto, que essa importância que o circo
assume no mundo capitalista já era cultivada na ex-URSS, desde a década
de 20. Data de 1921 a criação de uma escola de circo na União
Soviética, que coloca o circo no patamar de arte, com inovação
dos temas e das formas de apresentação.
Escolas e grupos brasileiros
No Brasil, a primeira escola de circo foi criada em São Paulo, em
1977, com o nome de Piolin (que é também o nome de um grande
palhaço brasileiro). Funcionava no estádio do Pacaembu. No Rio de Janeiro, surge em 1982 a Escola Nacional de Circo, abrindo oportunidades
para jovens de todas as classes e vindos de diferentes regiões do país.
Eles aprendem as novas técnicas circenses e, uma vez formados, montam
seus próprios grupos ou vão trabalhar no exterior. São muitos os grupos espalhados pelo Brasil afora. Citamos a Intrépida
Trupe, os Acrobáticos Fratelli e a Nau de Ícaros.
Nossos palhaços
Carequinha, "o palhaço mais conhecido do Brasil" - ele mesmo
se intitula assim - diz que os melhores palhaços que ele conheceu na
vida foram Piolin, Arrelia e Chicarrão. Essa notoriedade de George
Savalla Gomes, seu verdadeiro nome, se deve muito à TV. Comandou programas
de televisão, gravou vários discos, e soube tirar dessa mídia
o melhor proveito. A TV, para ele, não acabou nem vai acabar nunca
com o circo. Segundo Carequinha, o circo é imortal. "Sou contra circo que tem animais. Não gosto. O circo comum,
sem animais, agrada muito mais."
Denominado o "Rei dos Palhaços", o senhor
Abelardo Pinto morreu em 1973 e era conhecido no meio circense e no Brasil
como o palhaço Piolin (era magro feito um barbante e daí a origem
do apelido). Como Carequinha, Piolin trabalhou em circo desde sempre. Admirado
pela intelectualidade brasileira, participou ativamente de vários movimentos
artísticos, entre eles, a Semana de Arte Moderna de 1922. "O circo não tem futuro, mas nós, ligados a ele, temos
que batalhar para essa instituição não perecer"
(Frase dita por Piolin, pouco antes de morre).
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