Mesmo após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir pela legalidade das
cotas raciais, a USP não pretende adotar o sistema. Em 2009, quando
assumiu a reitoria da USP, João Grandino Rodas afirmou que as cotas
seriam "discutidas" no Conselho Universitário, mas o assunto só foi
falado de forma marginal durante debate para reforma do programa de
inclusão de alunos de escolas públicas na instituição. As universidades estaduais Paulista (Unesp) e de Campinas (Unicamp)
também informaram que não vão adotar cotas. USP, Unesp e Unicamp
defendem a prevalência do mérito na seleção, embora tenham ações de
inclusão - sem, no entanto, reservar vagas. A ONG Educafro afirmou que vai entrar com uma ação na Justiça contra
as três instituições para que o sistema seja adotado. O processo deverá
ser protocolado até o dia 11 de maio.
"Após a decisão do STF e da orientação expressa dos ministros, vamos
entrar com ação de Obrigação de Fazer", afirma o presidente da Educafro,
frei David dos Santos. "Único programa que provou eficiência na
inclusão de negros é a cota. Se a USP provar que incluiu a mesma
porcentagem de negros que a UERJ e UnB, eu mudo de opinião", afirmou. Quando Rodas foi escolhido reitor da USP, a Educafro comemorou. Rodas
havia defendido as cotas em conversas com a ONG. Em entrevista ao Estado,
no dia em que foi anunciado reitor, disse: "Realmente é necessário que a
USP discuta cotas e outras coisas. Por essa razão, vamos levar essa
problemática ao Conselho Universitário". A USP não informou a quantidade de negros matriculados. A
universidade mantém o Programa de Inclusão Social (Inclusp), que dá
bônus no vestibular a estudantes da rede pública. Neste ano, 28% dos
novos alunos vieram de escolas públicas.
Apesar de não adotar reserva de vagas, a Unicamp é a única que tem
benefício específico para pretos, pardos e indígenas. Eles chegam a
receber 7% de bônus na nota, cerca de 2 pontos porcentuais a mais que
alunos de escola pública - também beneficiados. "Não existe nenhum
indicador novo que nos leve a repensar nosso modelo", afirma o
coordenador do vestibular da Unicamp, Mauricio Kleinke. No último
vestibular, 8,9% dos matriculados na Unicamp vieram do grupo de pretos,
pardos e indígenas - índice recorde. A Unesp também não soube informar a participação de negros entre os
matriculados. A instituição foi a que mais incluiu alunos de escola
pública: 41%.
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