Do Blog Libertatum:
Vale a pena ler de novo: “Método Paulo Freire ou Método Laubach?”
|
Dr. Laubach, o original e digno educador, e Paulo Freire, o impostor doutrinador marxista |
Conheça a verdadeira história do "educador", digo, do doutrinador marxista Paulo Freire!
Por
David Gueiros Viana
Introdução
de Klauber Cristofen Pires
Para
o enriquecimento do evento, lembrei-me de um artigo do historiador
David Gueiros Vieira, publicado originalmente no Mídia sem Máscara,
em 09 de março de 2004, intitulado “Método Paulo Freire ou Método
Laubach?”, que consegui achar no blog Paraibarama,
e que vale muito a pena ser relido, especialmente por professores e
estudantes de hoje. Aí vai...
“Método
Paulo Freire ou Método Laubach?”
Por
David Gueiros Vieira
O
Método Laubach de alfabetização de adultos foi criado pelo
missionário protestante norte-americano Frank Charles Laubach
(1884-1970). Desenvolvido por Laubach nas Filipinas, em 1915,
subseqüentemente foi utilizado com grande sucesso em toda a Ásia e
em várias partes da América Latina, durante quase todo o século
XX.
Em
1915, Frank Laubach fora enviado por uma missão religiosa à ilha de
Mindanao, nas Filipinas, então sob o domínio norte-americano, desde
o final da guerra EUA/Espanha. A dominação espanhola deixara à
população filipina uma herança de analfabetismo total, bem como de
ódio aos estrangeiros.
A
população moura filipina era analfabeta, exceto os sacerdotes
islamitas, que sabiam ler árabe e podiam ler o Alcorão. A língua
maranao (falada pelos mouros) nunca fora escrita. Laubach enfrentava,
nessa sua missão, um problema duplo: como criar uma língua escrita,
e como ensinar essa escrita aos filipinos, para que esses pudessem
ler a Bíblia. A existência de 17 dialetos distintos, naquele
arquipélago, dificultava ainda mais a tarefa em meta.
Com
o auxílio de um educador filipino, Donato Gália, Laubach adaptou o
alfabeto inglês ao dialeto mouro. Em seguida adaptou um antigo
método de ensino norte-americano, de reconhecimento das palavras
escritas por meio de retratos de objetos familiares do dia-a-dia da
vida do aluno, para ensinar a leitura da nova língua escrita. A
letra inicial do nome do objeto recebia uma ênfase especial, de modo
que aluno passava a reconhecê-la em outras situações, passando
então a juntar as letras e a formar palavras.
Utilizando
essa metodologia, Laubach trabalhou por 30 anos nas Filipinas e em
todo o sul da Ásia. Conseguiu alfabetizar 60% da população
filipina, utilizando essa mesma metodologia. Nas Filipinas, e em toda
a Ásia, um grupo de educadores, comandado pelo próprio Laubach,
criou grafias para 225 línguas, até então não escritas. A leitura
dessas línguas era lecionada pelo método de aprendizagem acima
descrito. Nesse período de tempo, esse mesmo trabalho foi levado do
sul da Ásia para a China, Egito, Síria, Turquia, África e até
mesmo União Soviética. Maiores detalhes da vida e trabalho de
Laubach podem ser lidos na Internet, no site Frank Laubach.
Na
América Latina, o método Laubach foi primeiro introduzido no
período da 2ª Guerra Mundial, quando o criador do mesmo se viu
proibido de retornar à Ásia, por causa da guerra no Pacífico. No
Brasil, este foi introduzido pelo próprio Laubach, em 1943, a pedido
do governo brasileiro. Naquele ano, esse educador veio ao Brasil a
fim de explicar sua metodologia, como já fizera em vários outros
países latino-americanos.
"As
cartilhas de Laubach foram copiadas pelos marxistas em Pernambuco,
dando ênfase à luta de classes. O autor dessas outras cartilhas era
Paulo Freire, que emprestou seu nome à "nova metodologia"
como se a ela fosse de sua autoria"
Lembro-me
bem dessa visita, pois, ainda que fosse muito jovem, cursando o
terceiro ano Ginasial, todos nós estudantes sabíamos que o
analfabetismo no Brasil ainda beirava a casa dos 76% - o que muito
nos envergonhava - e que este era o maior empecilho ao
desenvolvimento do país.
A
visita de Laubach a Pernambuco causou grande repercussão nos meios
estudantis. Ele ministrou inúmeras palestras nas escolas e
faculdades — não havia ainda uma universidade em Pernambuco — e
conduziu debates no Teatro Santa Isabel. Refiro-me apenas a
Pernambuco e ao Recife, pois meus conhecimentos dos eventos naquela
época não iam muito além do local onde residia.
Houve
também farta distribuição de cartilhas do Método Laubach, em
espanhol, pois a versão portuguesa ainda não estava pronta. Nessa
época, a revista Seleções
do Readers Digest publicou
um artigo sobre Laubach e seu método — muito lido e comentado por
todos os brasileiros de então, que, em virtude da guerra, tinham
aquela revista como único contato literário com o mundo exterior.
Naquele
ano, de 1943, o Sr. Paulo Freire já era diretor do Sesi, de
Pernambuco — assim ele afirma em sua autobiografia — encarregado
dos programas de educação daquela entidade. No entanto, nessa mesma
autobiografia, ele jamais confessa ter tomado conhecimento da visita
do educador Laubach a Pernambuco. Ora, ignorar tal visita seria uma
impossibilidade, considerando-se o tratamento VIP que fora dado
àquele educador norte-americano, pelas autoridades brasileiras, bem
como pela imprensa e pelo rádio, não havendo ainda televisão.
Concomitante e subitamente, começaram a aparecer em Pernambuco
cartilhas semelhantes às de Laubach, porém com teor filosófico
totalmente diferente. As de Laubach, de cunho cristão, davam ênfase
à cidadania, à paz social, à ética pessoal, ao cristianismo e à
existência de Deus. As novas cartilhas, utilizando idêntica
metodologia, davam ênfase à luta de classes, à propaganda da
teoria marxista, ao ateísmo e a conscientização das massas à sua
"condição de oprimidas". O autor dessas outras cartilhas
era o genial Sr. Paulo Freire, diretor do Sesi, que emprestou seu
nome à essa "nova metodologia" — da utilização de
retratos e palavras na alfabetização de adultos — como se a mesma
fosse da sua autoria.
Tais
cartilhas foram de imediato adotadas pelo movimento estudantil
marxista, para a promulgação da revolução entre as massas
analfabetas. A artimanha do Sr. Paulo Freire "pegou", e
esse método é hoje chamado Método Paulo Freire, tendo o mesmo sido
apadrinhado por toda a esquerda, nacional e internacional, inclusive
pela ONU.
No
entanto, o método Laubach — o autêntico — fora de início
utilizado com grande sucesso em Pernambuco, na alfabetização de
30.000 pessoas da favela chamada "Brasília Teimosa", bem
como em outras favelas do Recife, em um programa educacional
conduzido pelo Colégio Presbiteriano Agnes Erskine, daquela cidade.
Os professores eram todos voluntários. Essa foi a famosa Cruzada
ABC, que empolgou muita gente, não apenas nas favelas, mas também
na cidade do Recife, e em todo o Estado. Esse esforço educacional é
descrito em seus menores detalhes por Jules Spach, no seu recente
livro, intitulado, Todos
os Caminhos Conduzem ao Lar (2000).
"A
'bolsa-escola' de Cristovam Buarque não é novidade. Foi adotada há
décadas por discípulos de Laubach e criticada pela esquerda na
época. A bolsa-escola já era defendida por Antônio Almeida, um
educador do século XIX"
O
Método Laubach foi também introduzido em Cuba, em 1960, em uma
escola normal em Bágamos. Essa escola pretendia preparar professores
para a alfabetização de adultos. No entanto, logo que Fidel Castro
assumiu o controle total do poder em Cuba, naquele mesmo ano, todas
as escolas foram nacionalizadas, inclusive a escola normal de
Bágamos. Seus professores foram acusados de "subversão",
e tiveram de fugir, indo refugiar-se em Costa Rica, onde continuaram
seu trabalho, na propagação do Método Laubach, criando então um
programa de alfabetização de adultos, chamado Alfalit.
A
organização Alfalit foi introduzida no Brasil, e reconhecida pelo
governo brasileiro como programa válido de alfabetização de
adultos. Encontra-se hoje na maioria dos Estados: Santa Catarina
(1994), Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Sergipe, São
Paulo, Paraná, Paraíba e Rondônia (1997); Maranhão, Pará, Piauí
e Roraima (1998); Pernambuco e Bahia (1999).
A
oposição ao Método Laubach ocorreu desde a introdução do mesmo,
em Pernambuco, no final da década de 1950. Houve tremenda oposição
da esquerda ao mencionado programa da Cruzada ABC, em Pernambuco,
especialmente porque o mesmo não conduzia à luta de classes, como
ocorria nas cartilhas plagiadas do Sr. Paulo Freire. Mais ainda,
dizia-se que o programa ABC estava "cooptando" o povo,
comprando seu apoio com comida, e que era apenas mais um programa
"imperialista", que tinha em meta unicamente "dominar
o povo brasileiro".
Como
a fome era muito grande na Brasília Teimosa, os dirigentes da
Cruzada ABC, como maneira de atrair um maior número de alunos para o
mesmo, se propuseram criar uma espécie de "bolsa-escola"
de mantimentos. Era uma cesta básica, doada a todos aqueles que se
mantivessem na escola, sem nenhuma falta durante todo o mês. Essa
bolsa-escola tornou-se famosa no Recife, e muitos tentavam se
candidatar a ela, sem serem analfabetos ou mesmo pertencentes à
comunidade da Brasília Teimosa. Bolsa-escola fora algo proposto
desde os dias do Império, conforme pode-se conferir no livro de um
educador do século XIX, Antônio Almeida, intitulado O
Ensino Público,
reeditado em 2003 pelo Senado Federal, com uma introdução escrita
por este Autor.
No
entanto, a idéia da bolsa-escola foi ressuscitada pelo senhor
Cristovam Buarque, quando governador de Brasília. Este senhor, que é
pernambucano, fora estudante no Recife nos dias da Cruzada ABC, tão
atacada pelos seus correligionários de esquerda. Para a esquerda
recifense, doar bolsa-escola de mantimentos era equivalente a
"cooptar" o povo. Em Brasília, como "idéia genial do
Sr. Cristovam Buarque", esta é hoje abençoada pela Unesco,
espalhada por todo o mundo e não deixa de ser o conceito por trás
do programa Fome Zero, do ilustre Presidente Lula.
O
sucesso da campanha ABC — que incluía o Método Laubach e a
bolsa-escola — foi extraordinário, sendo mais tarde encampado pelo
governo militar, sob o nome de Mobral. Sua filosofia, no entanto, foi
modificada pelos militares: os professores eram pagos e não mais
voluntários, e a bolsa-escola de alimentos não mais adotada. Este
novo programa, por razões óbvias, não foi tão bem-sucedido quanto
a antiga Cruzada ABC, que utilizava o Método Laubach.
A
maior acusação à Cruzada ABC, que se ouvia da parte da esquerda
pernambucana, era que o Método Laubach era "amigo da
ignorância" — ou seja, não estava ligado à teoria marxista,
falhavam em esclarecer seus detratores — e que conduzia a "um
analfabetismo maior", ou seja, ignorava a promoção da luta de
classes, e defendia a harmonia social. Recentemente, foi-me relatado
que o auxílio doado pelo MEC a pelo menos um programa de
alfabetização no Rio de Janeiro — que utiliza o Método Laubach,
em vez do chamado "Método Paulo Freire" — foi cortado,
sob a mesma alegação: que o Método Laubach estaria "produzindo
o analfabetismo" no Rio de Janeiro. Em face da recusa dos
diretores do programa carioca, de modificarem o método utilizado, o
auxílio financeiro do MEC foi simplesmente cortado.
Não
há dúvida que a luta contra o analfabetismo, em todo o mundo,
encontrou seu instrumento mais efetivo no Método Laubach. Ainda que
esse método hoje tenha sido encampado sob o nome do Sr. Paulo
Freire. Os que assim procederam não apenas mudaram o seu nome, mas
também o desvirtuaram, modificando inclusive sua orientação
filosófica. Concluindo: o método de alfabetização de adultos,
criado por Frank Laubach, em 1915, passou a ser chamado de "Método
Paulo Freire", em terras tupiniquins. De tal maneira foi
bem-sucedido esse embuste, que hoje será quase que impossível
desfazê-lo.
David
Gueiros Vieira é
historiador.