Um olhar crítico sobre os recursos tecnológicos disponíveis deve ser uma prática permanente na nova Educação
Por Luciana Maria Allan (*)O Twitter é uma ferramenta de microblogging que permite a troca de mensagens, com até 140 caracteres. Provavelmente, você já leu esta definição em dezenas e dezenas de artigos. Muitos deles ensinando como redigir o conteúdo a ser compartilhado; outros questionando as funcionalidades desta rede social.
A nova Educação, calcada principalmente nos elementos humanos e na real troca de experiência, exige um planejamento preciso. Dessa forma, um olhar crítico sobre os recursos tecnológicos disponíveis deve ser uma prática permanente. Portanto, entender as funcionalidades e sua essência é requisito básico. Caso contrário, não se tem eficácia. Parece óbvio, mas poucos fazem desta forma!
Na maioria das vezes, no Twitter, mensagens sem propósitos povoam as páginas; usuários seguem outros sem qualquer critério; e links são postados sem acrescentar conteúdo. Na área de Educação, por exemplo, é comum lermos mensagens questionando a qualidade do ensino ("O ensino no Brasil tem qualidade?") ou defendendo a sua importância ("Educação é fundamental"). Mas poucas apresentam soluções ou caminhos a serem seguidos para obter resultados significativos. Talvez isso ocorra porque poucos conhecem a verdadeira utilidade das ferramentas sociais: propagar discussões e, ao mesmo tempo, oferecer elementos para o aprimoramento contínuo.
Neste contexto, as poucas ações sérias e de qualidade merecem destaque. O Colégio Bandeirantes, por exemplo, utiliza o Twitter para divulgar informações dos departamentos, curiosidades e convites. Com mais de 500 seguidores, o @colband, além de noticiar informações institucionais, segue especialistas e repassa para os alunos as últimas tendências.
Com uma proposta clara ("o nosso propósito de formação integrada valoriza o desenvolvimento de potencialidades intelectuais e afetivas dos nossos alunos"), o Twitter do Colégio Bandeirantes foi estruturado após muito planejamento e é decorrência de uma ampla pesquisa da instituição para a escolha do conteúdo a ser propagado. O resultado: alunos seguem, propagam as informações divulgadas pelo @colband e têm a oportunidade de enviar mensagens diretas para o Twitter, tirando dúvidas e fazendo considerações.
Outras instituições de ensino também estão se relacionando de forma efetiva no Twitter – embora com mais timidez do que o @colband: Parthenon (@tparthenon), com 157 seguidores; Bilac (@colegiobilac), com 90 seguidores; e Dante Alighieri (@colegiodante), com 270 seguidores.
No Brasil, ações eficazes como estas e do Colégio Bandeirantes são muito limitadas. Já no exterior, são mais evidentes. Além dos colégios aderirem à ferramenta para propagar informações, os próprios alunos estão sendo incentivados a utilizá-la. O The Guardian noticiou, recentemente, que ensinamentos relacionados ao Twitter farão parte do currículo das escolas primárias do Reino Unido.
No Brasil, essa revolução deve demorar para acontecer. Por aqui, começou, recentemente, o debate de estudos antigos, como, por exemplo, o "Can we use Twitter for educational activities?" ("Podemos usar o Twitter para atividades educacionais?", em português). Detalhe: o documento foi lançado pelas pesquisadoras Gabriela Grosseck e Carmen Holotescu em 2008, atestando, de certa forma, a falta de agilidade brasileira.
O estudo defende, por exemplo, a necessidade de se twittar dentro das salas de aulas, promovendo a rápida discussão de temas, e reforça a necessidade do Twitter ser utilizado como ferramenta educacional. Outras dicas interessantes: compartilhamento de vídeos de aprendizagem; reenvio de tweets interessantes e divulgação de mensagens com os links do site, blog ou podcast da instituição de ensino.
Não esqueça: faça enquetes, abra discussões, troque experiências com os alunos e aproveite a oportunidade para despertar o senso crítico e o poder de síntese dos discentes – uma das competências mais privilegiadas hoje no mercado de trabalho.
Mais importante do que divulgar informações é fazer com que a mensagem seja compreendida de forma clara, simples e sintética! No próximo artigo, falaremos sobre as outras ferramentas que discutem as novas tecnologias aplicadas à Educação. Enquanto isso, explore o NING. Lá, há comunidades interessantes sobre Educação, novas tecnologia e inclusão digital. Aproveite!
(*) Luciana Maria Allan é diretora do Instituto Crescer Para a Cidadania e doutoranda na Faculdade de Educação da USP. E-mail: luciana@institutocrescer.org.br
Fonte: Veja
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