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30 de novembro de 2010

Maria Teresa Égler Mantoan fala sobre inclusão escolar e afirma que inclusão promove justiça

Entrevista veiculada no site Nova Escola:

Inclusão promove justiça

Para a educadora Maria Teresa Égler Mantoan, na escola inclusiva professores e alunos aprendem uma lição que a vida dificilmente ensina: respeitar as diferenças. Esse é o primeiro passo para construir uma sociedade mais justa. Uma das maiores defensoras da educação inclusiva no Brasil, Maria Teresa Mantoan é crítica convicta das chamadas escolas especiais. Ironicamente, ela iniciou sua carreira como professora de educação especial e, como muitos, não achava possível educar alunos com deficiência em uma turma regular. A educadora mudou de idéia em 1989, durante uma viagem a Portugal. 

Lá, viu pela primeira vez uma experiência em inclusão bem-sucedida. "Passei o dia com um grupo de crianças que tinha um enorme carinho por um colega sem braços nem pernas", conta. No fim da aula, a professora da turma perguntou se Maria Teresa preferia que os alunos cantassem ou dançassem para agradecer a visita. Ela escolheu a segunda opção. "Na hora percebi a mancada. Como aquele menino dançaria?" Para sua surpresa, um dos garotos pegou o colega no colo e os outros ajudaram a amarrá-lo ao seu corpo. "E ele, então, dançou para mim." Na volta ao Brasil, Maria Teresa que desde 1988 é professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas deixou de se concentrar nas deficiências para ser uma estudiosa das diferenças. Com seus alunos, fundou o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade. Para ela, uma sociedade justa e que dê oportunidade para todos, sem qualquer tipo de discriminação, começa na escola.

O que é inclusão?
É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com o outro.

Que benefícios a inclusão traz a alunos e professores?
A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O grande ganho, para todos, é viver a experiência da diferença. Se os estudantes não passam por isso na infância, mais tarde terão muita dificuldade de vencer os preconceitos. A inclusão possibilita aos que são discriminados pela deficiência, pela classe social ou pela cor que, por direito, ocupem o seu espaço na sociedade. Se isso não ocorrer, essas pessoas serão sempre dependentes e terão uma vida cidadã pela metade. Você não pode ter um lugar no mundo sem considerar o do outro, valorizando o que ele é e o que ele pode ser. Além disso, para nós, professores, o maior ganho está em garantir a todos o direito à educação.

O que faz uma escola ser inclusiva?
Em primeiro lugar, um bom projeto pedagógico, que começa pela reflexão. Diferentemente do que muitos possam pensar, inclusão é mais do que ter rampas e banheiros adaptados. A equipe da escola inclusiva deve discutir o motivo de tanta repetência e indisciplina, de os professores não darem conta do recado e de os pais não participarem. Um bom projeto valoriza a cultura, a história e as experiências anteriores da turma. As práticas pedagógicas também precisam ser revistas. Como as atividades são selecionadas e planejadas para que todos aprendam? Atualmente, muitas escolas diversificam o programa, mas esperam que no fim das contas todos tenham os mesmos resultados. Os alunos precisam de liberdade para aprender do seu modo, de acordo com as suas condições. E isso vale para os estudantes com deficiência ou não.

Como está a inclusão no Brasil hoje?
Estamos caminhando devagar. O maior problema é que as redes de ensino e as escolas não cumprem a lei. A nossa Constituição garante desde 1988 o acesso de todos ao Ensino Fundamental, sendo que alunos com necessidades especiais devem receber atendimento especializado preferencialmente na escola , que não substitui o ensino regular. Há outra questão, um movimento de resistência que tenta impedir a inclusão de caminhar: a força corporativa de instituições especializadas, principalmente em deficiência mental. Muita gente continua acreditando que o melhor é excluir, manter as crianças em escolas especiais, que dão ensino adaptado. Mas já avançamos. Hoje todo mundo sabe que elas têm o direito de ir para a escola regular. Estamos num processo de conscientização.

A escola precisa se adaptar para a inclusão?
Além de fazer adaptações físicas, a escola precisa oferecer atendimento educacional especializado paralelamente às aulas regulares, de preferência no mesmo local. Assim, uma criança cega, por exemplo, assiste às aulas com os colegas que enxergam e, no contraturno, treina mobilidade, locomoção, uso da linguagem braile e de instrumentos como o soroban, para fazer contas. Tudo isso ajuda na sua integração dentro e fora da escola.

Como garantir atendimento especializado se a escola não oferece condições?
A escola pública que não recebe apoio pedagógico ou verba tem como opção fazer parcerias com entidades de educação especial, disponíveis na maioria das redes. Enquanto isso, a direção tem que continuar exigindo dos dirigentes o apoio previsto em lei. Na particular, o serviço especializado também pode vir por meio de parcerias e deve ser oferecido sem ônus para os pais.

Estudantes com deficiência mental severa podem estudar em uma classe regular?
Sem dúvida. A inclusão não admite qualquer tipo de discriminação, e os mais excluídos sempre são os que têm deficiências graves. No Canadá, vi um garoto que ia de maca para a escola e, apesar do raciocínio comprometido, era respeitado pelos colegas, integrado à turma e participativo. Há casos, no entanto, em que a criança não consegue interagir porque está em surto e precisa ser tratada. Para que o professor saiba o momento adequado de encaminhá-la a um tratamento, é importante manter vínculos com os atendimentos clínico e especializado.

A avaliação de alunos com deficiência mental deve ser diferenciada?
Não. Uma boa avaliação é aquela planejada para todos, em que o aluno aprende a analisar a sua produção de forma crítica e autônoma. Ele deve dizer o que aprendeu, o que acha interessante estudar e como o conhecimento adquirido modifica a sua vida. Avaliar estudantes emancipados é, por exemplo, pedir para que eles próprios inventem uma prova. Assim, mostram o quanto assimilaram um conteúdo. Aplicar testes com consulta também é muito mais produtivo do que cobrar decoreba. A função da avaliação não é medir se a criança chegou a um determinado ponto, mas se ela cresceu. Esse mérito vem do esforço pessoal para vencer as suas limitações, e não da comparação com os demais.

Um professor sem capacitação pode ensinar alunos com deficiência?
Sim. O papel do professor é ser regente de classe, e não especialista em deficiência. Essa responsabilidade é da equipe de atendimento especializado. Não pode haver confusão. Uma criança surda, por exemplo, aprende com o especialista libras (língua brasileira de sinais) e leitura labial. Para ser alfabetizada em língua portuguesa para surdos, conhecida como L2, a criança é atendida por um professor de língua portuguesa capacitado para isso. A função do regente é trabalhar os conteúdos, mas as parcerias entre os profissionais são muito produtivas. Se na turma há uma criança surda e o professor regente vai dar uma aula sobre o Egito, o especialista mostra à criança com antecedência fotos, gravuras e vídeos sobre o assunto. O professor de L2 dá o significado de novos vocábulos, como pirâmide e faraó. Na hora da aula, o material de apoio visual, textos e leitura labial facilitam a compreensão do conteúdo.

Como ensinar cegos e surdos sem dominar o braile e a língua de sinais?
É até positivo que o professor de uma criança surda não saiba libras, porque ela tem que entender a língua portuguesa escrita. Ter noções de libras facilita a comunicação, mas não é essencial para a aula. No caso de ter um cego na turma, o professor não precisa dominar o braile, porque quem escreve é o aluno. Ele pode até aprender, se achar que precisa para corrigir textos, mas há a opção de pedir ajuda ao especialista. Só não acho necessário ensinar libras e braile na formação inicial do docente.

O professor pode se recusar a lecionar para turmas inclusivas?
Não, mesmo que a escola não ofereça estrutura. As redes de ensino não estão dando às escolas e aos professores o que é necessário para um bom trabalho. Muitos evitam reclamar por medo de perder o emprego ou de sofrer perseguição. Mas eles têm que recorrer à ajuda que está disponível, o sindicato, por exemplo, onde legalmente expõem como estão sendo prejudicados profissionalmente. Os pais e os líderes comunitários também podem promover um diálogo com as redes, fazendo pressão para o cumprimento da lei.

Há fiscalização para garantir que as escolas sejam inclusivas?
O Ministério Público fiscaliza, geralmente com base em denúncias, para garantir o cumprimento da lei. O Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Especial, atualmente não tem como preocupação punir, mas levar as escolas a entender o seu papel e a lei e a agir para colocar tudo isso em prática.

Inclusão escolar - Dispositivos legais

Veja a coletânea de legislações que tratam sobre o tema Educação para crianças com necessidades educacionais especiais. A fonte dessa juntada foi o site da Nova Escola:














14. A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva                                      

29 de novembro de 2010

Combatendo a evasão escolar e a concorrência

Do Brasil escola:

Cativando alunos para o ano seguinte


Por Jussara de Barros (*)


Reformas e sala de aula bem montada – estrutura que atrai

Com a chegada do quarto bimestre do ano letivo, é importante que a direção da escola se organize no sentido de preparar os aspectos físicos da instituição para o ano seguinte, pois os prédios sempre precisam de reparos.  Pensando numa boa liderança em relação ao gestor escolar, pôr em prática o desejo de se ter uma escola apresentável, para conquistar novos alunos e manter os que ali já estão matriculados, é talvez o maior dever do mesmo. Mas o que fazer para que a evasão escolar não aconteça? Primeiramente, cuidar da estrutura física da escola, afinal, esse aspecto é muito importante. Se a escola for pública, não é motivo para ser feia, desmazelada e mal cuidada. Pelo contrário, como elemento de motivação e atração, deve estar preparada para receber os alunos que querem ali estudar, apresentando-se limpa, pintada, com carteiras arrumadas, pátios enfeitados com trabalhos dos alunos – demonstração de satisfação de quem já está estudando ali, cartazes convidando outros alunos a estudarem naquela unidade, serviço de jardinagem feito, bebedouros limpos e arrumados, refeitório com instalações adequadas, parque com brinquedos inteiros, quadra poliesportiva devidamente pintada, enfim, tudo o que for de aparência física da escola deve estar de forma atrativa.

Além desses aspectos, a simpatia das pessoas que apresentam o espaço para a comunidade, mostrando que são bem-vindas ao local, que ali existe respeito e consideração pelos integrantes da comunidade escolar, mantendo um serviço de secretaria que seja eficiente, enfim, saber cativar as pessoas que querem fazer parte desse grupo e as que já o integram. A qualidade do trabalho pedagógico também é de grande importância. Não se pode deixar de lado que um dos agentes motivadores dos estudantes é ver o retorno de sua luta através das novas aprendizagens, de boas notas, de se ter espaço para pesquisas e discussões que tornam os sujeitos diferentes – através de uma escola democrática. Diferente da educação do passado, onde muitos eram barrados pelos exames de admissão, a escola de hoje não pode mais ser aquela que gera insegurança. Pelo contrário, deve convencer os alunos de que são capazes de crescer, de aprender e se qualificar para a vida. Conseguindo estruturar a escola dessa forma, os alunos que ali estão só mudarão quando a mesma não tiver a série seguinte, ou para prestar vestibular.

(*) Graduada em Pedagogia, Equipe Brasil Escola

Escola, nossa segunda casa

Do Brasil escola:

Cuidados com a escola


Por Jussara de Barros (*)



É papel do gestor cuidar da aparência física da escola

Para que aconteça a aprendizagem na escola e haja um clima de respeito e segurança no ambiente alguns cuidados são necessários. Na escola, tudo deve estar na mais perfeita ordem para que o aluno sinta-se valorizado e encontre no ambiente escolar a esperança de uma vida melhor, desde quem recebe o aluno no portão, até as instalações da sala de aula e outras dependências da instituição. O preparo do ambiente escolar, tornando-o acolhedor, agradável e bonito aos olhos de todos, é uma ação pedagógica de responsabilidade do gestor da instituição. Muitas escolas se encontram em estado físico tão destruído e mal cuidado que os alunos não sentem atração alguma pela mesma.

Imagine-se no lugar desses alunos, chegando a uma sala de aula com carteiras quebradas, pintura descascada, pouca iluminação, goteiras, dentre outros tantos pequenos problemas. Será que teria disposição e motivação para passar cinco horas do seu dia num local assim? Quais os valores da educação se não se pode estudar numa escola bem cuidada, limpa e bonita? A aparência física da escola é importante para o aluno, pois esses cuidados demonstram que a direção da escola, ou seja, o gestor escolar, se preocupa em manter um clima de respeito aos alunos, sendo responsável pela parte educativa que cabe à diretoria da escola a apresentação física da mesma.

Além disso, a estruturação da grade curricular, o acompanhamento dos trabalhos dos professores, reuniões pedagógicas do corpo docente e administrativo, etc. são partes do processo de aprendizagem de responsabilidade do gestor, elementos que não podem faltar. Em se tratando de escolas públicas, a depredação deve ser trabalhada com a comunidade. As pessoas precisam aprender que o público é algo de todos e, portanto, para o bem-estar das pessoas que moram naquela região. Se eles mesmos são tratados com desrespeito, com prédios mal cuidados e sem estrutura, sentirão que aquela escola não promove uma educação de qualidade. Afinal, uma coisa está relacionada com a outra, é a pura questão da motivação.

(*) Graduada em Pedagogia, Equipe Brasil Escola

O alvorecer educacional

A idade certa para ir à escola
Por Lucy Casolari (*)
Meu filho tem 3 anos completos, fico em dúvida se está na hora de mandá-lo para a escola ou se, ainda, é muito cedo... Mamãe sempre acha que os filhos são pequenos demais... Nos dias de hoje, essa questão preocupa as famílias mais que no passado. Claro, nas últimas décadas ocorreram muitas alterações: a participação efetiva e maciça da mulher no mercado de trabalho, a correria desenfreada do dia-a-dia, o aumento da oferta de escolas e creches, a ansiedade dos pais em relação ao futuro de seus filhos num mundo competitivo, a freqüência de filhos únicos... De fato, motivos não faltam! Esse é o lado racional da questão. Mas, ao mesmo tempo, no plano do emocional, bate aquela insegurança quanto à idade certa, pois as "crianças parecem tão novinhas e indefesas! Será que a escola vai conseguir entender e atender às suas necessidades?" Parece que o ponto crucial é alcançar o equilíbrio entre o emocional e o racional, pois, somente assim, a mãe estará tranqüila ao deixar seu pimpolho num ambiente estranho a ambos. Uma resposta, única e definitiva, para tantos questionamentos e que envolve crianças e famílias com perfis tão diferentes, provavelmente, não existe. A decisão sobre quando enviar seu filho para a escola é pessoal e intransferível, mas depende da análise de alguns aspectos fundamentais.

Em busca do ideal

Cada família tem necessidades específicas, para algumas a escola é a opção quando a criança tem até menos de dois anos - em alguns casos em período integral - pois atende às questões práticas de sua dinâmica: a ocupação dos pais, a ausência de uma babá de confiança, a falta de disponibilidade das avós. Para outras, que podem contar com uma infra-estrutura diferenciada, a preferência pode ser esperar até que o filho complete três anos, garantindo, assim, um tempo a mais para a rotina doméstica, o que lhe permite brincar em seu próprio espaço, tirar uma soneca em algum momento da manhã ou da tarde, não se prender a horários determinados. Entretanto, aos quatro anos o ingresso na escola de educação infantil é absolutamente indicado, pois, então, a maioria das crianças já superou as fraldas, as mamadeiras diurnas e já tem a autonomia suficiente para se expressar pedindo ou, se necessário, reclamando para ser atendida em suas necessidades. Hoje se sabe da importância dos primeiros anos para o desenvolvimento infantil. Uma boa escola pode, realmente, oferecer as condições que permitam o desabrochar harmônico nos diversos níveis: físico, emocional e cognitivo. A função socializadora da escola de educação infantil é fundamental para as crianças, em especial para as que têm pouca convivência com outras, é lá que aprendem a ceder, emprestar, negociar, esperar, cooperar, habilidades que dificilmente podem ser desenvolvidas no espaço doméstico.

O fundamental

Partir das necessidades pode ser um bom começo. Crianças pequenas, de dois, três ou quatro anos precisam ser cuidadas, assistidas por adultos, todo o tempo. Têm muita energia, pouca noção do perigo, necessitam de uma rotina organizada, resumindo, ainda são dependentes para a maioria das atividades.  Além disso, importa e muito, que a função de cuidar, indissociável da de educar, seja exercida de forma afetiva. Assim, é mais que desejável que esses profissionais tenham disponibilidade para acolher os alunos em todos seus momentos, inclusive nos mais agitados. Esse acolhimento não significa que devam permitir tudo, mas que sejam capazes de, sobretudo, identificar e ajudar as crianças a superar seus conflitos e frustrações. As brincadeiras, nessa faixa etária, representam aprendizagem: isso significa proporcionar tempo e espaço para que as crianças possam brincar: de faz-de-conta, com água, terra e argila, no pátio em jogos com ou sem regras. As atividades de contar e ouvir histórias, cantar músicas infantis devem ser privilegiadas, assim como as que permitam a expressão e a ampliação das fantasias infantis por meio de diferentes linguagens. A rotina deve ser rica e flexível, capaz de atender às diferenças individuais. O tripé formado por educar, cuidar e brincar é a base da Educação Infantil , definido pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura) no seu documento oficial "Referencial Curricular Nacional" para a faixa etária de zero a seis anos.

O que buscar na escola de educação infantil

Acima de tudo deve ser evitada, no projeto educativo e na prática da escola de educação infantil, toda e qualquer tentativa da escolarização precoce. Lembrando as palavras do psicanalista D. W. Winnicott, em seu livro A criança e seu mundo (Editora LTC), "a função da escola maternal não é substituir a uma mãe ausente, mas suplementar e ampliar o papel que, nos primeiros anos da criança, só a mãe desempenha. Uma escola maternal, ou jardim de infância, será possivelmente considerado, de modo mais correto, uma ampliação da família `para cima´, em vez de uma extensão `para baixo´ da escola primária". O caminho apontado por Winnicott sugere que, ao entrar na escola, a criança não deixa de lado a vida afetiva que vivia no lar, nesse sentido é que está direcionada a "ampliação para cima da família". Ao contrário, a "extensão para baixo" da escola fundamental, tornaria a escola de educação infantil num treinamento para o acesso à primeira série. Desse modo, deve ampliar a função da família ao promover o relacionamento da criança com outras, de diversas idades, com valores culturais e familiares diferentes dos seus e com os educadores.

(*) Pedagoga e educadora

Por que tanta demora para o início do jogo contra os traficantes?

Do Blog Rotina de estudante:

Saindo da lanterninha

Por Mariana Marques (*)

Finalmente a cor do medo deixa de fazer parte do bronzeado carioca. Banho de mar, ir para escola caminhando, manter a malandragem só no figurino das escolas de samba, subidas e descidas do morro, agora, tá tudo liberado! Definitivamente a atuação das forças armadas e das polícias brasileiras merece nosso louvor. No entanto, em meio ao êxtase vivido por mim diante das cenas e das publicações que anunciavam a tomada das comunidades do morro pelo Estado, pensei que há 25 anos venho sendo impregnada pela visão de que o Rio de Janeiro é um território de traficantes que desenvolvem suas atividades livremente, sendo assim, passei a tê-la como uma verdade imutável e quase parte integrante da rotina da cidade maravilhosa. Agora, isso mudou! Mas, se isso era possível… qual é a justificativa para tanta demora?

Existem teorias de que dizem que esse tesouro estava guardado nos campos de futebol. Afinal, como a cidade sede de uma Copa do Mundo explicaria cadeiras numeradas ocupadas por traficantes armados? Ingressos comprados com o fruto de um sequestrozinho em Ipanema ou um arrastão de pequeno porte em Copacabana? Bem, de qualquer forma, sempre é tempo sair da zona de rebaixamento e ganhar o campeonato, e, aqui entre nós, o Estado bateu um bolão no Rio de Janeiro nessa última semana. Comeeeça o segundo tempo!

(*) Enfermeira e pós-graduanda da USP

28 de novembro de 2010

Melhoria da educação - Uma proposta focando a qualidade dos professores

 Como melhorar a educação brasileira - Parte 1
Por Gustavo Loschpe (*)
O que fazer para que o Brasil evolua com a magnitude e a rapidez necessárias? Para este colunista, o caminho está na junção de três fatores: práticas de sala de aula, formação dos professores e administração escolar. Neste artigo, falo da primeira ponta do tripé.  Mesmo com o baixo nível de formação de nossos professores e diretores escolares, há uma série de medidas que podem ser aplicadas hoje mesmo, em qualquer sala de aula, que tendem a melhorar significativamente o desempenho do alunado.  Antes, uma nota conceitual. Quando se fala aqui de melhorar o desempenho do aluno, o que se está procurando é o aprendizado, medido por meio de testes como Saeb, Prova Brasil, Pisa, TIMSS e outros, do Brasil e do exterior. A base para as recomendações que vão a seguir é a literatura empírica sobre o tema, publicada em revistas acadêmicas, em que os dados são tratados com rigor estatístico. Ou seja, não são teorias nem as opiniões e hipóteses deste colunista, mas sim fruto de medição.

Se tivesse de resumir toda essa literatura - centenas de estudos, de vários países e anos - em uma regra de ouro, diria: o tempo de contato entre o aluno e o professor é muito valioso e escasso, e deve ser usado apenas para atividades educacionais. Tudo aquilo que pode ser feito fora da sala de aula deve ser feito fora da sala de aula.  A primeira prática de um professor efetivo é, portanto, o uso eficiente do tempo de aula. Muitos professores chegam atrasados a suas salas. Perdem tempo fazendo chamada, dando recados e advertências. É um desperdício. O mais grave ocorre depois. Para muitos dos nossos professores, "aula" significa encher o quadro-negro de matéria e pedir aos alunos que a copiem, depois passar exercícios e pedir-lhes que os resolvam, e finalmente, se sobrar tempo, tirar uma dúvida ou outra. É um erro. Copiar texto é algo que pode ser feito em casa, então deve ser feito em casa. Exercícios, se são feitos pelo aluno individualmente, também. O tempo de sala de aula deveria servir para que professores e alunos conversassem sobre o texto que foi lido em casa e os exercícios feitos em casa.

A segunda prática virtuosa, portanto, é o dever de casa. As pesquisas mostram que alunos que têm de fazer dever de casa mais frequentemente aprendem mais, especialmente a partir da 4ª série. Um estudo feito em Minas Gerais mostrou que alunos de professores que prescrevem e corrigem o dever de casa aprendem mais do que aqueles cujos professores simplesmente o prescrevem. E alunos de professores que, ao corrigir o dever, comentam e explicam os erros e acertos aprendem mais do que aqueles cujos professores apenas marcam o "certo" ou "errado".  Relacionado ao dever de casa também está o tema dos exercícios em sala de aula: são contraproducentes. Subtraem tempo de aula para algo que o aluno pode fazer em casa.

Também na mesma lógica está a questão das provas: alunos que são testados com maior frequência aprendem mais. Faz sentido: quanto mais provas, mais o aluno tem de estudar. Quanto mais estuda, mais aprende.  Outro dado importante da pesquisa: bom material didático ajuda. Um bom livro didático, por exemplo, organiza e estrutura a prática de sala de aula. Uma das demandas do professorado brasileiro é por autonomia. Cada professor se sente no direito de reinventar a roda e criar seu próprio currículo e método de ensino. Na maioria dos casos, e especialmente quando a qualificação do profissional é baixa, é receita para o insucesso.

Um aspecto importante para determinar aquilo que o professor faz em sala de aula é quanto ele sabe sobre o que está fazendo/falando. No Brasil, há uma ênfase muito forte na diplomação universitária dos professores de ensino básico. É uma percepção acertada, já que a pesquisa sugere que professores com ensino superior obtêm melhores resultados (o mesmo não se verifica, curiosamente, com os níveis pós-superiores, como mestrado e doutorado, que se mostram irrelevantes para o aprendizado no ensino básico). Porém, o diabo está nos detalhes: mais importante do que obter o canudo é ter se formado na área em que vai ensinar. A pesquisa mostra que o salto do aprendizado se dá quando o professor cursou faculdade da disciplina que ele ensina. Um professor formado em matemática dará uma aula de matemática melhor do que outro formado em pedagogia ou história.

A maioria das pessoas acredita também que o tempo de atenção dado a cada aluno é fator importante para o aprendizado, por isso tende a querer salas de aula menores ou mais de um professor por sala. A pesquisa não sugere que essas medidas tragam resultados. É melhor ter um professor ótimo dando aula para 35 alunos do que dois medianos ensinando em turmas de 18.  Outro erro comum que cometemos é acreditar que a tecnologia e a infraestrutura são fatores determinantes para o aprendizado. Costumo ouvir, depois de palestras, as reclamações dos nossos professores de que são forçados ainda a conviver com "cuspe e giz" na era da internet. Felizmente para eles, cuspe e giz não estão obsoletos, porque são apenas mecanismos de expressão de uma tecnologia ainda sem par: o cérebro humano.

A pesquisa indica que dar a infraestrutura básica - quadro-negro, cadeira e carteira para todo aluno, prédio protegido das intempéries do clima e com energia elétrica - melhora muito o desempenho do aluno. Mas, depois disso, as adições físicas não têm efeito. Inclusive a presença de computadores na escola, o que é deveras surpreendente. Depois do básico, o resto é por conta do professor.  Se você é daqueles que gostariam de melhorar a qualidade da nossa educação mas não sabe como, um bom começo é instar a escola de seus filhos ou do seu bairro a seguir essas práticas simples e eficazes. Não nos transformarão, em um piscar de olhos, numa Finlândia ou Coreia do Sul. Mas são um bom começo.

(*) Economista, especialista em educação

Educação infantil - Alguns conselhos

Do Brasil Escola:

A atuação do professor de educação infantil

Por Elen Campos Caiado (*)


 
A socialização do professor de educação infantil.

O professor que atua na educação infantil deve ter uma preocupação específica de como lidar com as crianças no dia-a-dia e em situações especiais. Ao se tratar de alunos iniciantes no convívio escolar surgem situações diferentes e inesperadas em relação às demais fases escolares. A criança tem um jeito próprio de encarar as novas etapas que vão surgindo em sua vida. Muitas vezes pais e educadores encaram esses acontecimentos com maior dificuldade que a própria criança que está passando por determinada vivência.

O ideal é que o professor tenha algumas atitudes, estratégias e comportamentos que favoreçam uma melhor aceitação e desenvolvimento dessa criança no ambiente escolar e até mesmo no seu dia-a-dia, podendo, inclusive, colocar em prática certos conhecimentos adquiridos, porém de forma meio que inconsciente. Buscando compreender melhor o mundo infantil e a aceitação da criança nessa nova experiência sugere-se algumas dicas de como proceder no mundo infantil:

• Buscar organizar o espaço infantil de forma que o ambiente proporcione harmonia nos aspectos psicológicos e biológicos da criança; 

• No período em que a criança estiver no Jardim de Infância, passar a sensação de um mundo mais lúdico no qual a criança, apesar de estar passando por um processo de educação e aprendizagem, não se sinta educada formalmente. 

• Criar hábitos de correção com suavidade e fineza. 

• Ao propor atividades para as crianças, conduza-as da melhor maneira possível, de forma que essas venham lembrar-se do momento com saudade. 

• Preparar o momento da leitura com maior carinho possível, visto que se trata de um momento mágico para a criança, bem como estimula o crescimento do vocabulário preparando-a para a alfabetização. 

• Observar bem os seus alunos, podendo detectar o que pode melhorar ou até mesmo o que deve ser eliminado. 

• Ter consciência que punições devem ocorrer para corrigir maus hábitos, porém busque a melhor forma de realizar, fazendo com que a criança tenha consciência do erro.

Ressalta-se que o bom professor aprende junto com seus alunos, antes mesmo de propor a educá-los.

(*) Graduada em Fonoaudiologia e Pedagogia, Equipe Brasil Escola

27 de novembro de 2010

Alfabeto ilustrado



A alfabetização é elemento primordial na vida de uma criança e esse processo demora um tempinho e requer um pouco de esforço tanto para  quem aprende, tanto quanto para quem ensina. O ponto de partida,  como todos sabemos é  o ABC, para facilitar devemos utilizar desenhos para que os pequenos possam assimilar melhor cada letra e por aí vai. Muitos materias são disponibilizados em livros, sites,   e até mesmos nos murais das escolas, salas de aula para facilitar esse processo, portanto pensando nisso, estamos disponibilizando abaixo um alfabeto ilustrado que você poderá imprimir e fixar no lugar que achar melhor, mas não se esqueça de deixa-lo num lugar visível e acessível aos baixinhos.

Fernando Haddad, ministro do vazamento do Enem, não satisfeito em não pedir demissão, quer agora integração educacional entre o Mercosul, a ser paga pelo contribuinte brasileiro

"O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (26), na 39ª Reunião de Ministros da Educação do Mercosul, no Rio de Janeiro, que os países do bloco precisam evoluir em termos de cooperação na área educacional. Na reunião, foi consenso, entre os ministros da Educação de países do bloco, a criação de um Fundo de Educação do Mercosul, com previsão de implantação em 2011, para diminuir as assimetrias entre os integrantes. Haddad destacou o trabalho de intercâmbio docente que está sendo realizado para integrar a cultura na região, levando professores brasileiros que estão se formando em espanhol para países do Mercosul e trazendo docentes para o Brasil nos cursos de licenciatura ou letras. “O Brasil vai custear o projeto piloto de 350 bolsas para que isso [o intercâmbio de professores entre os países do bloco] se desenvolva com mais força num futuro próximo. Eu entendo que esse intercâmbio vai fortalecer tanto os laços culturais que unem os países do Mercosul, como vai melhorar muito a capacidade de ensino desses professores. Assim como vai disseminar a língua portuguesa pelo continente”, afirmou o ministro..." Leia mais

Jogos, brinquedos, brincadeiras


Classificação dos brinquedos

Por Jussara de Barros

Segundo especialistas da arte do brincar, os jogos, brinquedos e brincadeiras podem ser classificados de acordo com as competências que os mesmos desenvolvem nos participantes. Sabe-se que durante as brincadeiras, crianças, adolescentes e até mesmo os adultos, passam por sentimentos variados, que podem ou não causar-lhes sensações desagradáveis, necessárias de serem superadas. O aspecto positivo disso é que, através dos mesmos, aprendem a lidar com sentimentos que não estão acostumados, como as pequenas frustrações, as perdas e as derrotas.

As crianças brincam dependendo do estágio de desenvolvimento em que se encontram, segundo observado por Jean Piaget, que aparecem na seguinte ordem, podendo variar a idade de criança para criança: sensório-motor, de zero a dois anos de idade; pré-operatório, de dois a sete anos; operatório concreto, dos sete aos onze anos e operatório formal, a partir dos doze anos. No aspecto social, os brinquedos podem ser classificados como instrumentos que envolvem mais de dois participantes, onde os mesmos devem seguir determinadas regras e combinados preestabelecidos, para sua execução. Através desses, proporcionam o respeito ao próximo, a compreensão do outro, dos limites que devem ser respeitados, das negociações que podem ser feitas. Alguns deles são: xadrez, dama, dominó e outros jogos de tabuleiro.

Os jogos de faz de conta são ótimos instrumentos para se desenvolver a imaginação e o potencial criativo das crianças, através da experiência com diferentes personagens e papéis que desempenham durante as brincadeiras. Esses momentos favorecem a compreensão da realidade. Faz de conta é brincar de médico, de casinha, de circo, de super-herói, príncipe e princesa, desenhar, etc. Existem alguns jogos considerados exploratórios, onde são explorados diferentes sons, formas, texturas, cores e outras sensações. Os mesmos servem de base para o desenvolvimento de outras tantas habilidades, como as artísticas. Para isso, os brinquedos devem ser: chocalhos e outros instrumentos musicais, caixas de empilhar, jogos de encaixar, dentre outros.

As habilidades específicas podem ser trabalhadas em brincadeiras com objetivos simples. Arremessar uma bola dentro de uma cesta, acertar uma pedra dentro de uma bacia pequena, construir castelo e cidade com toquinhos, montar quebra cabeça, etc, são formas de auxiliar o desenvolvimento dessas habilidades. Os jogos classificam-se como ativos quando são utilizadas habilidades corporais como saltar, correr, chutar, engatinhar, rolar, subir, dentre outras. Através desses, as habilidades motoras vão se desenvolvendo, dando maior destreza corporal ao sujeito.

Além dessas, segundo o ICCP (Centro Nacional de informação sobre o Brinquedo), a partir de 1981, os brinquedos são classificados da seguinte forma: funcionais, experimentais, de estruturação e de relação. Podem ser considerados funcionais à medida que se adaptam ao corpo da criança, tanto pela forma como pelo tamanho. Os experimentais são os que promovem diferentes possibilidades, ou seja, o que a criança pode fazer com os mesmos. Os de estruturação são aqueles que auxiliam no desenvolvimento do equilíbrio emocional dos pequenos, na estruturação de sua personalidade e nas suas relações afetivas. Já os de relação são os que auxiliam os relacionamentos entre a própria criança e o brinquedo, e desta com outras pessoas, sejam crianças ou adultos.

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Brincadeiras tradicionais

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Ludopedagogia

Quando brincar precisa ser a prioridade

O B-A-Bá da matemática

Brincando na idade de brincar

Crianças que brincam terão mais sucesso

Bilboquê

Um guia completo para brincar com a gurizada na sala de aula

Inteligência infantil

Espelho, espelho meu

Do site Brasil Escola:

A Formação da Identidade da Criança

Por Patrícia Lopes



A experiência do espelho proporciona a autodescoberta durante o desenvolvimento da criança.

A formação da identidade da criança é um processo permeado por perguntas como: "Quem sou eu?"; "Como sou?". As respostas a essas perguntas são essenciais para a construção da personalidade. Logo cedo, o bebê começa a se perceber como sujeito e obter consciência corporal para se desenvolver e se organizar no espaço, já que ao nascer, o mesmo totalmente ligado à mãe e não compreende os limites que os separam. Durante o primeiro ano de vida, aproximadamente por volta dos seis aos oito meses, a criança percebe que é um ser separado da mãe, iniciando o processo de construção da própria identidade.

O bebê explora o mundo a sua volta, vivencia sensações, percepções, e por volta dos sete meses, fica fascinado com a experiência de ver sua imagem refletida no espelho. Todas essas vivências dão início à autodescoberta, uma exploração que permite à criança descobrir como seu comportamento repercute no ambiente, fator essencial para que ela se perceba como alguém diferente do outro.   Com o objetivo de desenvolver a identidade, sugere-se a seguinte atividade para crianças da educação infantil, entre dois e três anos:
• Material utilizado: Dois espelhos grandes (prefira fixá-los na parede).
• Tempo previsto: 15 a 20 minutos.
• Atividade: Estimule a criança a olhar atentamente a própria imagem. Solicite que ela toque diferentes partes do corpo. Sugira brincadeiras como balançar os cabelos, levantar os ombros e cruzar os braços. Encoraje-a a imitar os gestos das outras crianças.

26 de novembro de 2010

Rio de Janeiro urgente - Chamem o Capitão Nascimento



"A chegada dos militares do Exército ao Morro do Alemão aumentou a tensão na favela. Desde as 15h, os criminosos fazem disparos em direção às ruas que dão acesso ao complexo de favelas. Os disparos deixaram a Estrada do Itararé e a rua Paranhos vazias, ocupadas apenas pelos paraquedistas, policiais federais e militares. O revide ainda é apenas uma resposta, sem o avanço característico das incursões policiais, como se viu na Vila Cruzeiro na quinta-feira. Um paraquedista foi ferido por um disparo. A polícia, que usou na quinta-feira o elemento surpresa, recorre agora à estratégia de ‘cozinhar’ os criminosos em sua própria apreensão... Às 18h10, a Secretaria Estadual de Saúde divulgou um boletim com quatro feridos – sendo um paraquedista do Exército e um PM – e dois mortos. A idosa Maria Luisa de Moraes, 61 anos, chegou ao Hospital Getúlio Vargas às 17h20, com um tiro de bala perdida no abdômen, e foi direto para o centro cirúrgico; Leonardo Rodrigues da Silva, 36, chegou com um corte na mão direita, passou por sutura e foi liberado; Thiago Ferreira da Silva, 24, baleado na região torácica, chegou morto; Um homem de cerca de 25 anos, atingido no tórax, chegou morto do Morro do Juramento; Rafael Querido, 28, foi atingido de raspão na panturrilha esquerda; e Walbert Rocha da Silva, 19 anos, com um tiro na coxa direita. Desde a quarta-feira, deram entrada na unidade 35 pacientes. Destes, seis morreram, seis permanecem internados e os demais tiveram alta."

A linguagem do desenho

Do Clicfilhos:

Desenho, canal de comunicação

Por Lucy Casolary (*)
Quando se observa uma criança desenhando nem sempre se avalia a importância desse ato para o seu desenvolvimento. Parece uma atividade trivial. "Afinal é só um rabisco. Meu filho diz que desenhou uma árvore, mas não parece... a combinação de cores é tão estranha!", dizem certos pais. Não é preciso ser especialista, mas sabendo como o desenho evolui, você terá um canal muito sensível de comunicação com seu filho, o que reforça o seu vínculo com ele. Cultivar mais uma forma de dividir sentimentos, sensações e prazeres, nesses tempos de mudanças velozes, mais do que um acréscimo, é uma necessidade.

Garatuja, garrancho ou rabisco

Quando uma criança, por volta de um ano e meio, pega um lápis na mão, começa a garatujar: este é o nome correto para esta fase do desenho. Os primeiros traços são registros dos movimentos: primeiro sem nenhum controle e atenção aos limites da superfície. O corpo todo participa da atividade. Aos poucos, os movimentos de vaivém passam a ser mais coordenados.  Essa experiência se prolonga e a criança vai repetindo as garatujas longitudinais até perceber que é capaz de dominar seus próprios movimentos. Quando descobre que seus gestos ficam registrados na folha passa a curtir a aparência dessas linhas. Então, ao prazer motor, soma-se o prazer visual.

Sentindo-se segura, começa a tentar movimentos mais amplos, que envolvem o braço inteiro. Aos poucos vai conquistando o círculo, forma fundamental para o desenvolvimento dos símbolos. Ao final dessa fase costumam aparecer as primeiras figuras humanas: cabeças com olhos, às vezes sobrepostas, sem intenção consciente quanto à disposição no papel, escolha das cores ou proporções.  Os pais estarão ajudando o crescimento da criança se tiverem um entendimento do processo, se mostrarem interesse no trabalho, acolhendo, sem interferir, os seus trabalhos. É importante destacar que o contato e a exploração dos elementos plásticos propiciam o desenvolvimento afetivo, pois o desenho é importante para a liberação das emoções. Além de, sem dúvida, trabalhar a coordenação motora e, ao ampliar seu conhecimento do mundo, privilegiar o intelectual.

A conquista da forma

Por volta dos três anos, seu filho começará a dar nomes às figuras, contando "quem" ele quis representar. O grande avanço, nessa fase, é ser capaz de utilizar o círculo para desenhar a cabeça e linhas retas para braços e pernas. O desenho fica, então, parecendo um polvo com seus tentáculos. Mais tarde, essa figura vai ganhar tronco e pescoço, tornando-se, enfim, semelhante à de um ser humano.  Estas ainda são representações sem volume, feitas com linhas finas e palitinhos, abstrações que não se identificam com a realidade, mas com o universo interior da criança. Ela já é capaz de respeitar melhor os limites do papel, porém ainda não tem a preocupação em relacionar as cores com o real. Proporcionar materiais e espaço adequados, escutar suas explicações e observações sobre o que desenhou é a melhor maneira de estimular a produção.

Entre quatro e cinco anos seu filho, mais maduro, vai enriquecendo o círculo cada vez mais. A partir dele constrói outras imagens: animais, carros, aviões, super-heróis. O quadrado vai sendo incorporado ao seu vocabulário plástico e surge a tradicional casinha, característica do desenho infantil, representante do seu universo.  Agora já existe certa preocupação com o realismo: as figuras humanas ganham detalhes, como mãos, pés e cabelos. Ainda assim, certa partes do corpo são esquecidas, ou supervalorizadas, de acordo com a ação que a criança quer representar. Ela já se preocupa em colocar cada coisa em seu lugar, como o sol no alto da folha. As cores são usadas conforme o estado emocional, podendo ser uma pista de como está a criança, no caso de preferência constante de determinados tons.

Uma explosão de imagens

Dos cinco aos seis anos os desenhos costumam ter um roteiro: começo, meio e fim. Pedir a seu filho que conte essas histórias pode dar dicas importantes sobre seu mundo interior: suas fantasias e conflitos. É, também, uma forma de desenvolver a linguagem verbal. Faça perguntas, incentive-o a falar, mas evite críticas ou julgamentos, tanto em relação à forma quanto à história. Nessa fase, os temas escolhidos podem não estar diretamente relacionados com a vida da criança, pois a imaginação delas é predominante. Aparecem, então, árvores, flores, pássaros, mar, que serão utilizados para compor o espaço. Surge a linha de base, representando o chão, apoio importante para outros elementos. A sua presença constante no desenho é um indício de que a criança está pronta para a alfabetização formal.

A figura humana ganha mais detalhes como dentes, dedos, pés, roupas e o pequeno procura relacionar as cores com os respectivos objetos, do tipo céu azul, sol amarelo. Durante toda essa fase há uma busca de conceitos de representação para a figura humana e os outros elementos da realidade; por isso os desenhos ainda não têm esquemas definidos e estão em constante transformação.

Em busca do realismo

Dos sete aos dez anos, a influência da aprendizagem da leitura e da escrita e as exigências da vida escolar tornam-se sensíveis. As crianças estão voltadas para a observação, assim, o mundo exterior vai se sobrepor cada vez mais ao interior e o realismo se torna uma aspiração muito forte.  Elas procuram, ao desenhar, dar a noção de perspectiva, profundidade e distância e passam a utilizar as cores "certas". Também ocorre, nessa fase, a repetição do esquema da figura humana e de outros elementos que compõem o meio - árvores, pássaros, barcos, carros, aviões, etc.

Muitos dos pequenos, não satisfeitos com seus resultados, deixam de desenhar: tornam-se muito sensíveis às críticas e comparam o próprio trabalho com o dos colegas. Portanto muito cuidado com os comentários, pois as observações negativas podem repercutir de maneira desastrosa sobre a expressão plástica de seu filho. É importante incentivá-lo a manusear outros materiais e recursos visuais, tais como colagens com papel rasgado, construções com sucata, montagens com dobraduras, grafitagem, máscaras, marionetes, instalações. Nem todas essas atividades podem ser feitas em casa, mas existem oficinas e ateliês que têm como proposta a realização de trabalhos que envolvam necessidades mais específicas de espaço e materiais.

Apresentar obras de artistas que rompem com as normas convencionais, por exemplo, pode ajudar seu filho a perceber que existem diferentes soluções e formas de expressão. A intenção não é, evidentemente, torná-lo um artista, mas assegurar que o desenho possa continuar sendo uma forma de manifestação pelo máximo tempo possível. Como disse Fernando Pessoa: "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena".

(*) Lucy Casolari é pedagoga e educadora

25 de novembro de 2010

Educação inclusiva - Escola e família unidas


A escola e a família na educação da criança com deficiência

Por Eliane da Costa Bruini (*)

A escola que recebe crianças com deficiências também acabam por desempenhar, dentro de suas funções educacionais, um papel de assistência às famílias. O que por consequência poderá trazer maiores possibilidades de êxito em resultados para os alunos. Essa relação de parceria entre família e escola acontece de forma primordial nas entrevistas familiares. É importante que os integrantes da escola, sobretudo os professores e os coordenadores pedagógicos, construam um vínculo com os membros da família do aluno deficiente. Tudo começa com a importância de saber ouvir. A melhor maneira de determinar as necessidades de desenvolvimento de uma criança nessas condições é que ela mesma e os membros familiares digam a seus próprios modos. Dessa forma, pode-se permitir que esses indivíduos tomem a iniciativa da palavra e dominem a maior parte das entrevistas. Essa se torna uma ferramenta eficaz para o fornecimento de pistas sobre a criança que também indicará se os familiares estão preocupados com o diagnóstico ou se aceitaram a deficiência do aluno.

De acordo com a maneira como os familiares se expressam, os profissionais da escola poderão compreender qual será a melhor terminologia utilizada para referirem-se à criança e à deficiência que ela apresenta. É fato que a maioria dos pais não entende o jargão profissional. No entanto, os profissionais melhorarão as suas relações com os familiares tratando a criança deficiente como um indivíduo, não como um caso. Referindo-se a ela pelo nome, interessando-se em conhecer suas capacidades, incapacidades e características individuais, em vez de tentar, simplesmente, classificá-la, categorizá-la. Além disso, não podemos nos esquecer que, embora o interesse da escola seja pela criança, os familiares devem estar emocionalmente abalados, alimentando sentimentos de culpa e vergonha. Afugentados por estarem sujeitos a terríveis pressões sociais e vulneráveis a críticas, suas atitudes podem estar agravando a situação do aluno. O desafio para os profissionais da escola é dar tratamento à família de forma cordial, compassiva, prestável e compreensiva, mas sem alimentar uma dependência. Ou seja, ajudá-los a uma melhor compreensão de si mesmos, da criança e das suas relações mútuas e, ao mesmo tempo, não assumir papel dominante, proporcionando conselhos e assistência excessivos.

Será comum no desenvolvimento do processo desta parceria ouvir os familiares da criança dizerem: “por que não nos disseram isso antes?” ou “ah, se tivéssemos sabido isso mais cedo!”. Em muitos casos, esses familiares foram informados de várias maneiras, mas seus ouvidos não estavam abertos. Por esse motivo, a compreensão e aceitação não podem ser forçadas. A escola poderá apenas apresentar os dados existentes tão completa e honestamente quanto possível – e esperar que eles sejam aceitos. Assim, a escola deve encarar com naturalidade a decisão dos familiares de ouvirem mais de uma opinião sobre os resultados da criança. Muitos precisam acalentar suas dúvidas e manter suas defesas até estarem preparados para dispensá-las. Pode-se esperar a rejeição inicial dos resultados e de suas implicações, mas somente aos pais caberá tomar as decisões críticas, não à escola. Contudo, sempre que possível, a escola deve estar acessível à família. Os familiares que não são receptivos à realidade da criança num dado momento poderão sê-lo numa outra ocasião. Todavia, os problemas da criança podem mudar com a idade, e o melhor para o aluno seria que os familiares deixassem a escola com o sentimento de que poderão voltar a ela.

(*) Graduada em Pedagogia  pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo - UNISAL
Colaboradora Brasil Escola

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