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28 de setembro de 2009

Brasil, um país de analfabetos

Promessa de campanha de Lula está estagnada


Uma das principais propostas do governo Lula está estagnada. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de analfabetismo no país permaneceu praticamente inalterada em 2008 em relação ao ano anterior. Segundo os dados, havia cerca de 14,2 milhões de analfabetos com mais de 15 anos de idade no Brasil em 2008, quando a taxa foi estimada em 10%. Em 2007, a taxa foi de 10,1%.
Apesar das promessas feitas pelo presidente desde a campanha eleitoral em 2002, o analfabetismo pouco foi combatido durante seu primeiro governo e mais da metade do segundo. Aos números: entre 2002 e 2005, a taxa de analfabetismo caiu apenas 1%, passando de 11,8% para 10,9%. Um ano antes, em 2004, o então ministro da Educação, Tarso Genro, apresentara o programa Brasil Alfabetizado, com planos de erradicar o analfabetismo num prazo de seis a oito anos. Mas, pelo andar da carruagem, não será tão fácil assim. Basta olhar os números e reparar que em 2002 eram 14,8 milhões de analfabetos e em 2008 eram cerca de 14,2 milhões. Redução mínima para seis anos.
Desculpas - Em julho de 2008, o presidente começou a dar desculpas e criticou os governos que o antecederam por não terem erradicado o analfabetismo no país. "Tudo isso poderia ser resolvido há 60 anos, há 30 anos, afinal de contas esse país foi governado por muita gente letrada. O primeiro que não tem diploma universitário sou eu", afirmou durante discurso na formatura de alfabetizados pelo programa do governo da Bahia Todos pela Alfabetização.
"'Tem uma parte da sociedade que não sabe ler mesmo, vamos deixar para lá.' Era assim que se pensava. 'Para que alfabetizar adultos? Vamos alfabetizar só as crianças.' Como se uma pessoa que não teve a oportunidade, e que está com 30, 40 anos, fosse obrigada a ficar na ignorância porque o estado achava que ela não tinha mais jeito", completou o presidente.
Palanque - Sete meses depois de jogar a culpa no passado, Lula pediu aos prefeitos de todo o país mais ação de convencimento em suas cidades. "É preciso um trabalho mais intenso de convencimento dessas pessoas, de que elas devem ser alfabetizadas", disse Lula, e mais uma vez tentou tirar um pouco das responsabilidades de suas costas. "Não adianta somente o governo criar programas, é preciso pactuar com os prefeitos, porque eles têm acesso aos rincões do país".
Mas o que deveria ser uma coisa séria se mostrou mais parecido com um palanque para promoção da candidatura de Dilma Rousseff. Lula atacou o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, aliado do governador José Serra. "Pasmem, caiam de costas, Kassab, porque você não sabia e eu não sabia: no estado de São Paulo ainda temos 10% de analfabetos, o estado mais rico da Federação. Significa que nós estamos errando em alguma coisa". Entretanto, a verdade paulista não é tão dura como acredita o presidente. Lula usou números errados durante o ataque. Os dados citados eram de 1991, quando o analfabetismo em São Paulo era de 10,2%. De acordo com o Ministério da Educação do estado, São Paulo tem hoje 4,6% de analfabetos.
Pré-sal - Lula deposita agora toda sua esperança para o fim do analfabetismo no Fundo Social, composto por recursos da exploração do petróleo da camada pré-sal. "O século 21 é o século do Brasil e a gente não pode jogá-lo fora como jogamos o século 20. Por isso que a educação, para mim, é fundamental", disse, em seu programa semanal Café com o Presidente, no último dia 14 de setembro.
Fonte: Veja

26 de setembro de 2009

Um retrato da sala de aula

Poucos especialistas observaram tão de perto o dia a dia em escolas brasileiras quanto o americano Martin Carnoy, 71 anos, doutor em economia pela Universidade de Chicago e professor na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, onde atualmente também comanda um centro voltado para pesquisas sobre educação. Em 2008, Carnoy veio ao Brasil, país que ele já perdeu as contas de quantas vezes visitou, para coordenar um estudo cujo propósito era entender, sob o ponto de vista do que se passa nas salas de aula, algumas das razões para o mau ensino brasileiro. Ele assistiu a aulas em dez escolas públicas no país, sistematicamente – e chegou até a filmá-las –, além de falar com professores, diretores e governantes. Em entrevista à editora Monica Weinberg, Martin Carnoy traçou um apurado cenário da educação no Brasil.
COMO NO SÉCULO XIX
Está claro que as escolas brasileiras – públicas e particulares – não oferecem grandes desafios intelectuais aos estudantes. No lugar disso, não é raro que eles passem até uma hora copiando uma lição da lousa, à moda antiga, como se estivessem num colégio do século XIX. Ao fazer medições sobre como o tempo de aula é administrado nos colégios que visitei, chamaram-me a atenção ainda a predominância do improviso por parte dos professores, os minutos preciosos que se esvaem com a indisciplina e a absurda quantidade de trabalhos em grupo. Eles consomem algo como 30% das aulas e simplesmente não funcionam. A razão é fácil de entender: só mesmo um professor muito bem qualificado é capaz de conferir eficiência ao trabalho em equipe ou a qualquer outra atividade que envolva o intelecto. E o Brasil não conta com esse time de professores de alto padrão. Ao contrário. O nível geral é muito baixo.
MENOS TEORIA E MAIS PRÁTICA
Falta ao Brasil entender o básico. Os professores devem ser bem treinados para ensinar – e não para difundir teorias pedagógicas genéricas. As faculdades precisam estar atentas a isso. Um bom professor de matemática ou de línguas é aquele que domina o conteúdo de sua matéria e consegue passá-lo adiante de maneira atraente aos alunos. Simples assim. O que vejo no cenário brasileiro, no entanto, é a difusão de um valor diferente: o de que todo professor deve ser um bom teórico. O pior é que eles se tornam defensores de teorias sem saber sequer se funcionam na vida real. Também simplificam demais linhas de pensamento de natureza complexa. Nas escolas, elas costumam se transformar apenas numa caricatura do que realmente são.
QUE CONSTRUTIVISMO É ESSE?
O construtivismo que é hoje aplicado em escolas brasileiras está tão distante do conceito original, aquele de Jean Piaget (psicólogo suíço, 1896-1980), que não dá nem mesmo para dizer que se está diante dessa teoria. Falta um olhar mais científico e apurado sobre o que diz respeito à sala de aula. É bem verdade que esse não é um problema exclusivamente brasileiro. Especialistas no mundo todo têm o hábito de martelar seus ideários sem se preocupar em saber que benefícios eles trarão ao ensino. Há um excesso de ideologia na educação. No Brasil, a situação se agrava porque, acima de tudo, falta o básico: bons professores.
Tempo mal gasto
Ensino brasileiro: ausência de desafios intelectuais e excesso de improviso

À CAÇA DE MESTRES BRILHANTES
A chave para um bom ensino é conseguir atrair para a carreira de professor os melhores estudantes. Basta copiar o que já deu certo em países como Taiwan, que reuniu em seu quadro de docentes algumas das melhores cabeças do país. Ali, um professor ganha tanto quanto um engenheiro – o que, por si só, já atrai os alunos mais talentosos para a docência. Mas não é só isso. Está provado que, para despertar o interesse dos mais brilhantes pela sala de aula, é preciso, sobretudo, dar-lhes uma perspectiva de carreira e de reconhecimento pelo talento que os distingue. No Brasil, o pior problema não está propriamente na remuneração dos professores, até razoável diante das médias salariais do país – mas justamente na ausência de um bom horizonte profissional.
VIGILÂNCIA SOBRE OS PROFESSORES
Os professores brasileiros precisam, de uma vez por todas, ser inspecionados e prestar contas de seu trabalho, como já ocorre em tantos países. A verdade é que, salvo raras exceções, no Brasil ninguém sabe o que eles estão ensinando em sala de aula. É o que me faz comparar as escolas públicas brasileiras às empresas pré-modernas. Elas não contam com mecanismos eficazes para cobrar e incentivar a produtividade. Contratam profissionais que ninguém mais no mercado quer, treinam-nos mal e, além disso, não exercem nenhum tipo de controle sobre eles. Hoje, os professores brasileiros estão, basicamente, livres para escolher o que vão ensinar do currículo. Não há padrão nenhum – tampouco há excelência acadêmica.
NA LINHA DA MEDIOCRIDADE
É boa notícia que os brasileiros comecem a colocar a educação entre suas prioridades, mesmo que isso ocorra com tanto atraso em relação aos países mais desenvolvidos. Percebo no Brasil, no entanto, uma visão ainda bastante distorcida da realidade – típica de países onde as notas dos estudantes são, em geral, muito baixas. A experiência indica que, num cenário como esse, até mesmo os ótimos alunos tendem a se nivelar por baixo. Com um resultado superior à média, eles já se dão por satisfeitos, assim como seus pais e escolas. Na verdade, estão todos mirando a linha da mediocridade. E é lá que estão mesmo. Os exames internacionais da OCDE (organização que reúne os países mais ricos) mostram isso com clareza. Os alunos brasileiros que aparecem entre os 10% melhores são, afinal, menos preparados do que alguns dos piores estudantes da Finlândia. Os finlandeses, por sua vez, definem suas metas com base num altíssimo padrão de excelência acadêmica. É esse ciclo virtuoso que o Brasil deve perseguir – em todos os níveis.
CHEGA DE UNIVERSIDADE GRATUITA
Se quiser mesmo se firmar como uma potência no cenário mundial, o Brasil precisa investir mais na universidade. É verdade que os custos para manter um estudante brasileiro numa faculdade pública já figuram entre os mais altos do planeta. Por isso, é necessário encarar uma questão espinhosa: a cobrança de mensalidades de quem pode pagar por elas, como funciona em tantos países de bom ensino superior. Sempre me pergunto por que a esquerda brasileira quer subsidiar os mais ricos na universidade. É um contrassenso. Olhe o que aconteceria caso os estudantes de renda mais alta pagassem algo como 1 000 dólares por ano às instituições públicas em que estudam. Logo de saída, o orçamento delas aumentaria na casa dos 15%. Com esse dinheiro, daria para atrair professores do mais alto nível. Quem sabe até um prêmio Nobel. O Brasil precisa, afinal, começar a se nivelar por cima.
Fonte: Veja

20 de setembro de 2009

Dicas de alfabetização

9 respostas sobre alfabetização

Por onde começar? Quando meus alunos precisam estar alfabetizados? Pode-se alfabetizar na Educação Infantil? Tire estas e outras dúvidas sobre alfabetização

Inserir todas as crianças de seis anos em um ambiente alfabetizador foi um dos principais objetivos da aprovação do Ensino Fundamental de 9 anos, em fevereiro de 2006. A medida beneficiou crianças que não tinham acesso à Educação Infantil, ficando, muitas vezes, completamente distantes da cultura escrita - o que poderia representar um obstáculo para a sua experiência futura de alfabetização.

Apesar de a medida ser um passo importante, Telma Weisz, criadora do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (Profa), do Ministério da Educação, acredita que ainda há muito a aprimorar na questão da alfabetização, sobretudo porque a tarefa não é apenas dos professores das séries iniciais. "Estamos sempre nos alfabetizando, a cada novo tipo de texto com o qual entramos em contato durante a vida", afirma.

Por essa razão, tratar leitura e escrita como conteúdo central em todos os estágios é a maior garantia de sucesso que as escolas podem ter para inserir os estudantes na sociedade. É o que fazem muitas professoras de 1ª a 4ª série de Catas Altas (MG), capacitadas pelo Programa Escola que Vale. Mesmo recebendo crianças que não nunca tiveram contato com o chamado mundo letrado antes da 1ª série, os educadores conseguem alfabetizar ao final de um ano.

"Um fator determinante para a alfabetização é a crença do professor de que o aluno pode aprender, independentemente de sua condição social", diz Antônio Augusto Gomes Batista, diretor do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Universidade Federal de Minas Gerais. Esse olhar do docente abre as portas do mundo da escrita para os que vêm de ambientes que não ofereceram essa bagagem.

No município de São José dos Campos (SP), professores de Educação Infantil tentam evitar essa defasagem, lendo diariamente para os pequenos. Assim, por meio de brincadeiras, criam situações das quais a língua escrita faz parte. Já em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, duas especialistas de Língua Portuguesa e Ciências tiveram de correr atrás do prejuízo com turmas de 5ª série que ainda apresentavam problemas de escrita. Para isso, aliaram muita leitura a um trabalho sobre prevenção à aids, que fazia sentido para eles e tinha uma função social.

Com base nessas experiências, relatadas a seguir, e na opinião de especialistas, respondemos a nove questões sobre alfabetização, mostrando ser possível formar leitores e escritores competentes em qualquer estágio do desenvolvimento.
1) Meus alunos de 1ª série não têm contato com a escrita. Por onde começo?

 O pouco acesso à cultura escrita se deve às condições sociais e econômicas em que vive grande parte da população. O aluno que vê diariamente os pais folheando revistas, assinando cheques, lendo correspondências e utilizando a internet tem muito mais facilidade de aprender a língua escrita do que outro cujos pais são analfabetos ou têm pouca escolaridade. Isso ocorre porque ao observar os adultos a criança percebe que a escrita é feita com letras e incorpora alguns comportamentos como folhear livros, pegar na caneta para brincar de escrever ou mesmo contar uma história ao virar as páginas de um gibi. Cabe à escola oferecer essas práticas sociais aos estudantes que não têm acesso a elas. O ponto de partida para democratizar o contato com a cultura escrita é tornar o ambiente alfabetizador: a sala deve ter livros, cartazes com listas, nomes e textos elaborados pelos alunos (ditados ao professor) nas paredes e recortes de jornais e revistas do interesse da garotada ao alcance de todos. Esses são alguns exemplos de como a classe pode se tornar um espaço provocador para que a criança encontre no sistema de escrita um desafio e uma diversão. Outra medida para democratizar esses conhecimentos em sala de aula é ler diariamente para a turma. "A criança lê pelos olhos do professor - porque ainda não pode fazer isso sozinha -, mas vai se familiarizando com a linguagem escrita", explica a educadora Patrícia Diaz, da equipe pedagógica do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), em São Paulo.
 
2) Quando posso pedir que as crianças escrevam?
 
Elas devem escrever sempre, mesmo quando a escrita parece apenas rabiscos. Ao pegar o lápis e imitar os adultos, elas criam um "comportamento escritor". E, ao ter contato com textos e conhecer a estrutura deles, podem começar a elaborar os seus. No primeiro momento, as crianças ditam e você, professor, escreve num papel grande. Além de pensar na forma do texto, nessa hora os estudantes percebem, por exemplo, que escrevemos da esquerda para a direita. "Mostro que a escrita requer um tempo de reflexão antes de ser colocada no papel", afirma Cleonice Maria Rodrigues Magalhães, professora de 1ª série da Escola Municipal Agnes Pereira Machado, em Catas Altas (MG). Ela participou do Programa Escola que Vale, que capacitou professores de 1ª a 4ª série do município durante dois anos e meio. Antes da escrita, as crianças devem definir quem será o leitor. Assim, quando você lê o texto coletivo, elas imaginam se ele compreenderá a mensagem. Nas primeiras produções haverá palavras repetidas, como "daí". Pelo contato diário com textos, os alunos já são capazes de revisar e corrigir erros. "Com o tempo, antes mesmo de ditar, eles evitam repetir palavras e pensam na melhor forma de contar a história", afirma Rosana Scarpel da Silva, professora do Infantil IV (6 anos), da Escola Municipal de Educação Infantil Maria Alice Pasquarelli, em São José dos Campos. Em paralelo, é importante convidar a garotada a escrever no papel. Isso dá pistas valiosas sobre seu desenvolvimento.

3) Como faço todos avançarem se os níveis de conhecimento são muito diferentes?

Não há nada melhor em uma turma que a heterogeneidade. Como os níveis de conhecimento são variados, existe aí uma grande riqueza para ser trabalhada em sala. Organizar os alunos em grupos e duplas durante as atividades é fundamental para que eles troquem conhecimentos. Mas essa mistura deve ser feita com critérios. É preciso agrupar crianças que estejam em fases de alfabetização próximas. Quando você coloca uma que usa muitas letras para escrever cada palavra trabalhando com outra que usa uma letra para cada sílaba, a discussão pode ser produtiva. Como elas não sabem quem está com a razão, ambas terão de ouvir o colega, pensar a respeito, reelaborar seu pensamento e argumentar. Assim, as duas aprendem. Isso não ocorre, no entanto, se os dois estiverem em níveis muito diferentes. Nesse caso, é provável que o mais adiantado perca a paciência e queira fazer o serviço pelo outro.
 
O pouco acesso à cultura escrita se deve às condições sociais e econômicas em que vive grande parte da população. O aluno que vê diariamente os pais folheando revistas, assinando cheques, lendo correspondências e utilizando a internet tem muito mais facilidade de aprender a língua escrita do que outro cujos pais são analfabetos ou têm pouca escolaridade. Isso ocorre porque ao observar os adultos a criança percebe que a escrita é feita com letras e incorpora alguns comportamentos como folhear livros, pegar na caneta para brincar de escrever ou mesmo contar uma história ao virar as páginas de um gibi. Cabe à escola oferecer essas práticas sociais aos estudantes que não têm acesso a elas. O ponto de partida para democratizar o contato com a cultura escrita é tornar o ambiente alfabetizador: a sala deve ter livros, cartazes com listas, nomes e textos elaborados pelos alunos (ditados ao professor) nas paredes e recortes de jornais e revistas do interesse da garotada ao alcance de todos. Esses são alguns exemplos de como a classe pode se tornar um espaço provocador para que a criança encontre no sistema de escrita um desafio e uma diversão. Outra medida para democratizar esses conhecimentos em sala de aula é ler diariamente para a turma. "A criança lê pelos olhos do professor - porque ainda não pode fazer isso sozinha -, mas vai se familiarizando com a linguagem escrita", explica a educadora Patrícia Diaz, da equipe pedagógica do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), em São Paulo.
Elas devem escrever sempre, mesmo quando a escrita parece apenas rabiscos. Ao pegar o lápis e imitar os adultos, elas criam um "comportamento escritor". E, ao ter contato com textos e conhecer a estrutura deles, podem começar a elaborar os seus. No primeiro momento, as crianças ditam e você, professor, escreve num papel grande. Além de pensar na forma do texto, nessa hora os estudantes percebem, por exemplo, que escrevemos da esquerda para a direita. "Mostro que a escrita requer um tempo de reflexão antes de ser colocada no papel", afirma Cleonice Maria Rodrigues Magalhães, professora de 1ª série da Escola Municipal Agnes Pereira Machado, em Catas Altas (MG). Ela participou do Programa Escola que Vale, que capacitou professores de 1ª a 4ª série do município durante dois anos e meio. Antes da escrita, as crianças devem definir quem será o leitor. Assim, quando você lê o texto coletivo, elas imaginam se ele compreenderá a mensagem. Nas primeiras produções haverá palavras repetidas, como "daí". Pelo contato diário com textos, os alunos já são capazes de revisar e corrigir erros. "Com o tempo, antes mesmo de ditar, eles evitam repetir palavras e pensam na melhor forma de contar a história", afirma Rosana Scarpel da Silva, professora do Infantil IV (6 anos), da Escola Municipal de Educação Infantil Maria Alice Pasquarelli, em São José dos Campos. Em paralelo, é importante convidar a garotada a escrever no papel. Isso dá pistas valiosas sobre seu desenvolvimento.
4) Posso alfabetizar minha turma de Educação Infantil?
Sim, desde que a aprendizagem não seja uma tortura. Participar de aulas que despertem a curiosidade e envolvam brincadeiras e desafios nunca será algo cansativo. Em turmas que têm acesso à cultura escrita, a alfabetização ocorre mais facilmente. Por observar os adultos, ouvir historinhas contadas pelos pais e brincar de ler e escrever, algumas crianças chegam à Educação Infantil em fases avançadas. Por isso, oferecer acesso ao mundo escrito desde cedo é uma forma de amenizar as diferenças sociais e econômicas que abrem um abismo entre a qualidade da escolarização de crianças ricas e pobres. Dentro dessa concepção, a rede municipal de São José dos Campos implementou horas de trabalho coletivo para a formação continuada dos professores. Há um coordenador pedagógico por escola e uma equipe técnica responsável pelo acompanhamento dos coordenadores. As crianças de 3 a 6 anos atendidas pela rede aprendem, brincando, a usar socialmente a escrita. Em sala, os professores lêem diariamente e promovem brincadeiras. Os pequenos identificam com seu nome pastas e materiais, usam crachás, produzem textos coletivos que ficam expostos nas paredes e têm sempre à mão livros e brinquedos. "Nossas atividades incentivam a pensar sobre a escrita, tornando-a um objeto curioso a ser explorado. E tudo de forma dinâmica, porque a dispersão é rápida", conta Clarice Medeiros, professora do Infantil III (5 anos) da escola Maria Alice Pasquarelli. "No ano passado, quando recebi os alunos de 3 anos, eles já sabiam diversos poemas e conheciam Vinicius de Moraes. Também identificavam as diferenças entre alguns gêneros textuais", lembra Liliane Donata Pereira Rothenberger, professora do Infantil II (4 anos). De acordo com a orientadora pedagógica Helena Cristina Cruz Ruiz, o objetivo é desenvolver o comportamento leitor desde cedo para que os alunos se comuniquem bem, produzam conhecimentos e acessem informações.
 5) Faz sentido oferecer textos a estudantes não alfabetizados?
Canções, poesias e parlendas são úteis para se chegar à incrível mágica de fazer a criança ler sem saber ler. Quando ela decora uma cantiga, pode acompanhar com o dedinho as letras que formam as estrofes. Conhecendo o que está escrito, resta descobrir como isso foi feito. Se o aluno sabe que o título é Atirei o Pau no Gato, ele tenta ler e verificar o que está escrito com base no que sabe sobre as letras e as palavras - sempre acompanhado pelo professor. O leitor eficiente só inicia a leitura depois de observar o texto, sua forma, seu portador (revista, jornal, livro etc.) e as figuras que o acompanham e imaginar o tema. Pense que você nunca viu um jornal em alemão. Mesmo sem saber decifrar as palavras, é possível "ler". Se há uma foto de dois carros batidos, por exemplo, deduz-se que a reportagem é sobre um acidente. Ao mostrar vários gêneros, você permite à criança conhecer os aspectos de cada um e as pistas que trazem sobre o conteúdo. Assim, ela é capaz de antecipar o que virá no texto, contribuindo para a qualidade da leitura.
6) Como seleciono e uso os textos em sala?
 Segundo Patrícia Diaz, do Cedac, é preciso ter critérios e objetivos bem estabelecidos ao escolher os textos. Por exemplo: se ao tentar diversificar os gêneros você ler um por dia, os alunos não perceberão as características de cada um. "O ideal é que a turma passeie por diversos gêneros ao longo do ano, mas que o professor trace um plano de trabalho para se aprofundar em um ou dois", afirma. Patrícia sugere a narração como base para o trabalho na alfabetização inicial, pois ela permite ao aluno aprender sobre a estrutura da linguagem e do encadeamento de idéias. A escolha dos textos deve ser feita de acordo com o repertório da turma. É preciso verificar se a maioria dos alunos passou ou não pela Educação Infantil, que experiência eles têm com a escrita e que gêneros conhecem. Durante a leitura de uma revista, por exemplo, é importante chamar a atenção para títulos, legendas e fotos. Assim, as crianças aprendem sobre a forma e o conteúdo. Se o texto é sobre plantas, percebem que nomes científicos aparecem em itálico. "Por isso é fundamental trabalhar com os originais ou fotocópias", ressalta Patrícia. Adaptar os textos também não é recomendável. As crianças devem ter contato com obras originais, uma vez que, ao longo da vida, serão elas que cruzarão o seu caminho. Se um texto é muito difícil para turmas de uma certa faixa etária, o melhor é procurar outro, sobre o mesmo assunto, de compreensão mais fácil.
7) Ao fim da 1ª série, todos devem estar alfabetizados?
Não necessariamente, apesar de ser recomendável. Se a criança foi exposta a textos e leituras variadas e teve oportunidade de refletir sobre a língua e produzir textos, é bem provável que ela termine essa série alfabetizada. Mas isso depende de outros fatores, como ter cursado a Educação Infantil e recebido apoio dos pais em casa. "Crianças que não têm esse contato com textos e que não convivem com leitores podem precisar de mais tempo para aprender o sistema de escrita. Mas minha experiência mostra que nenhuma criança leva mais de dois anos para isso", diz a educadora Telma Weisz, de São Paulo. Como na educação não existem fôrmas em que se encaixem as crianças, é papel da escola oferecer condições para que elas se desenvolvam, sempre respeitando o ritmo de cada uma. Quando se adota o sistema de ciclos, isso ocorre naturalmente, pois os alunos têm possibilidade de se aperfeiçoar no ano seguinte. Quando não há essa chance, eles correm o risco de engrossar os índices de reprovação. O aluno pode iniciar a 2ª série ainda tendo que melhorar a sua compreensão sobre o sistema de escrita, mas ao fim do segundo ano a escola teve tempo suficiente para ensinar a todos.

8) Preciso ensinar o nome das letras?

Sim. Como a criança poderá falar sobre o que está estudando sem saber o nome das letras? Ter esse conhecimento ajuda a turma a explicar qual letra deve iniciar uma palavra, por exemplo. Para ensinar isso, basta citar o nome das letras durante conversas corriqueiras. Se a criança está mostrando a que quer usar e não sabe o nome, basta que você a aponte e diga qual é. Trata-se de algo que se aprende naturalmente e de forma rápida, sem precisar de atividades de decoreba que cansam e desperdiçam o seu tempo e o do aluno.
9) Como ajudo alunos da 5ª série que ainda não lêem nem escrevem bem?
É angustiante para o professor receber crianças com problemas de alfabetização. Por não conhecer o assunto, acredita que a escrita incorreta é indício de que elas não se alfabetizaram. Mas nem sempre essa avaliação é verdadeira. O mais comum é a criança já dominar a base alfabética, mas ter sérios problemas de ortografia e interpretação. Daí a impressão de que ela não sabe ler e escrever. Foi essa experiência por que passaram as professoras Valéria de Araújo Pereira, de Língua Portuguesa, e Jaidê Canuto de Sousa, de Ciências, ambas da Escola Estadual Maria Catharina Comino, em Taboão da Serra (SP). Em 2005, elas lecionavam para uma turma de 5ª série de recuperação de ciclos com muitos problemas de escrita, o que as motivou a procurar a Diretoria de Ensino para participar do programa Letra e Vida, oferecido pela rede paulista a professores de 1ª a 4ª série. "Fiquei surpresa com a insistência das duas. Como havia vagas, abrimos uma exceção e valeu a pena", diz Silvia Batista de Freitas, coordenadora-geral do programa na Diretoria de Ensino da cidade. O curso iniciou em março. No segundo semestre, a turma de alunos foi distribuída nas salas regulares. Com o objetivo de trabalhar a escrita, Valéria e Jaidê elaboraram um projeto sobre aids. Os alunos assistiram a vídeos, debateram e levantaram o que sabiam e o que gostariam de saber sobre o assunto. As leituras foram sistemáticas e diárias, com pesquisas em livros, revistas, enciclopédias, internet e panfletos informativos - gênero escolhido para ser o produto final do projeto. "Leitura e escrita não são apenas conteúdos de Língua Portuguesa. São práticas necessárias em todas as disciplinas e em todas as séries", diz Jaidê. "Por isso, temos a responsabilidade de conhecer o modo como os alunos aprendem e assim estimulá-los a ser leitores e escritores mais competentes", conclui Valéria.
Canções, poesias e parlendas são úteis para se chegar à incrível mágica de fazer a criança ler sem saber ler. Quando ela decora uma cantiga, pode acompanhar com o dedinho as letras que formam as estrofes. Conhecendo o que está escrito, resta descobrir como isso foi feito. Se o aluno sabe que o título é Atirei o Pau no Gato, ele tenta ler e verificar o que está escrito com base no que sabe sobre as letras e as palavras - sempre acompanhado pelo professor. O leitor eficiente só inicia a leitura depois de observar o texto, sua forma, seu portador (revista, jornal, livro etc.) e as figuras que o acompanham e imaginar o tema. Pense que você nunca viu um jornal em alemão. Mesmo sem saber decifrar as palavras, é possível "ler". Se há uma foto de dois carros batidos, por exemplo, deduz-se que a reportagem é sobre um acidente. Ao mostrar vários gêneros, você permite à criança conhecer os aspectos de cada um e as pistas que trazem sobre o conteúdo. Assim, ela é capaz de antecipar o que virá no texto, contribuindo para a qualidade da leitura.Canções, poesias e parlendas são úteis para se chegar à incrível mágica de fazer a criança ler sem saber ler. Quando ela decora uma cantiga, pode acompanhar com o dedinho as letras que formam as estrofes. Conhecendo o que está escrito, resta descobrir como isso foi feito. Se o aluno sabe que o título é Atirei o Pau no Gato, ele tenta ler e verificar o que está escrito com base no que sabe sobre as letras e as palavras - sempre acompanhado pelo professor. O leitor eficiente só inicia a leitura depois de observar o texto, sua forma, seu portador (revista, jornal, livro etc.) e as figuras que o acompanham e imaginar o tema. Pense que você nunca viu um jornal em alemão. Mesmo sem saber decifrar as palavras, é possível "ler". Se há uma foto de dois carros batidos, por exemplo, deduz-se que a reportagem é sobre um acidente. Ao mostrar vários gêneros, você permite à criança conhecer os aspectos de cada um e as pistas que trazem sobre o conteúdo. Assim, ela é capaz de antecipar o que virá no texto, contribuindo para a qualidade da leitura.Canções, poesias e parlendas são úteis para se chegar à incrível mágica de fazer a criança ler sem saber ler. Quando ela decora uma cantiga, pode acompanhar com o dedinho as letras que formam as estrofes. Conhecendo o que está escrito, resta descobrir como isso foi feito. Se o aluno sabe que o título é Atirei o Pau no Gato, ele tenta ler e verificar o que está escrito com base no que sabe sobre as letras e as palavras - sempre acompanhado pelo professor. O leitor eficiente só inicia a leitura depois de observar o texto, sua forma, seu portador (revista, jornal, livro etc.) e as figuras que o acompanham e imaginar o tema. Pense que você nunca viu um jornal em alemão. Mesmo sem saber decifrar as palavras, é possível "ler". Se há uma foto de dois carros batidos, por exemplo, deduz-se que a reportagem é sobre um acidente. Ao mostrar vários gêneros, você permite à criança conhecer os aspectos de cada um e as pistas que trazem sobre o conteúdo. Assim, ela é capaz de antecipar o que virá no texto, contribuindo para a qualidade da leitura.Canções, poesias e parlendas são úteis para se chegar à incrível mágica de fazer a criança ler sem saber ler. Quando ela decora uma cantiga, pode acompanhar com o dedinho as letras que formam as estrofes. Conhecendo o que está escrito, resta descobrir como isso foi feito. Se o aluno sabe que o título é Atirei o Pau no Gato, ele tenta ler e verificar o que está escrito com base no que sabe sobre as letras e as palavras - sempre acompanhado pelo professor. O leitor eficiente só inicia a leitura depois de observar o texto, sua forma, seu portador (revista, jornal, livro etc.) e as figuras que o acompanham e imaginar o tema. Pense que você nunca viu um jornal em alemão. Mesmo sem saber decifrar as palavras, é possível "ler". Se há uma foto de dois carros batidos, por exemplo, deduz-se que a reportagem é sobre um acidente. Ao mostrar vários gêneros, você permite à criança conhecer os aspectos de cada um e as pistas que trazem sobre o conteúdo. Assim, ela é capaz de antecipar o que virá no texto, contribuindo para a qualidade da leitura.
Fonte: Educar para crescer


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Estímulo em excesso gera criança com males de adulto

Por Simone Iwasso

'Superpais' saturam filhos com atividades e causam distúrbios, como depressão e fadiga


Cercadas de estímulos e equipadas com aparatos tecnológicos que dão acesso a todo tipo de informação, parte das crianças de hoje vive um novo tipo de infância. Nesse cenário, mais comum entre as classes média e alta, a obrigação é ter o melhor e ser o melhor - ótimos alunos, bons esportistas e com talentos artísticos em desenvolvimento.

O resultado: expectativas e cobranças altas que geram pressão, levando a criança a se parecer com ser adulto - ainda que seja um adulto infantilizado. Não à toa, esse grupo tende a apresentar, ainda na infância, distúrbios e sintomas típicos de homens e mulheres da vida moderna. Crescem os casos de depressão, autoagressão, distúrbios alimentares e fadiga crônica precoces.

Pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) aponta que 5 milhões de crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos no País (12,6%) têm sintomas de transtornos psiquiátricos. Para atender a essa demanda, há ambulatórios que oferecem assistência no tratamento de depressão para crianças a partir dos 3 anos. Também são comuns problemas relacionados ao stress, como dores de cabeça e estômago.

Esse quadro tem gerado um número crescente de crianças que tomam medicamentos para alterar sua conduta e seu estado de ânimo - em muitos casos, segundo pesquisas, sem necessidade. Cerca de 10% das crianças americanas tomam remédios e, no Brasil, a venda dessas substâncias mais do que quintuplicou nos últimos cinco anos.

"Vivemos uma época de superpais que querem criar superfilhos, mas o resultado é uma supercriança para sempre, que, ao mesmo tempo em que é carregada de atividades escolhidas pelos pais, não tem autonomia para amadurecer e fazer escolhas", resume a psicóloga Lidia Aratangy, da PUC-SP. "Viram filhos troféus para os pais."

Na avaliação da psicóloga, esse cenário está ligado à insegurança dos pais que, confusos e perdidos na sociedade atual, buscam preparar seus filhos para o mundo sobrecarregando-os de atividades e, como compensação, satisfazendo todos os seus desejos.

"Acredito que o maior fator para a cultura desses superpais é o medo. O medo de deixar o potencial das crianças para trás, de que com isso elas podem ser prejudicadas no futuro, que serão infelizes por uma negligência", afirma o historiador escocês Carl Honoré, autor de um livro sobre o tema (mais informações nesta página).

No caso da fonoaudióloga e pedagoga Claudia Cotes, mãe de duas crianças, os excessos cometidos com a primeira filha a fizeram repensar a educação do segundo. "Com a Carolina, eu aplicava tudo o que aprendia na faculdade. Estimulava de todos os jeitos, ficava em cima, aplicava exercícios de neurociência, matriculei na escolinha bilíngue. Se ginástica era importante, ela ia fazer ginástica. Se música é importante, ia aprender música", diz.

"Mas ela ficou tão estimulada que ficou uma criança chata. Perdeu o interesse, achava que não precisava fazer mais nada. Aí percebi o erro e amadureci como mãe", diz. Ela conta que, no segundo filho, fez tudo diferente. "Com o Vitor, deixei as coisas acontecerem no seu tempo, sem tanta pressão, sem tanta ansiedade. E vejo que ele é hoje uma criança mais tranquila e mais feliz."

BULA PARA EDUCAR

Mas a educação não depende só dos pais. Nesse processo entra também a escola que, com dificuldades para lidar com estudantes que saiam um pouco de um ideal imaginado, recorre ao vocabulário médico - os mais distraídos, desobedientes ou tímidos são logo diagnosticados com algum distúrbio, em um processo chamado de medicalização ou patologização do fracasso escolar.

"Para lidar com uma criança qualquer, não existe bula nem fórmula. Mas para lidar com uma uma criança com déficit de atenção existe uma bula. Vivemos um grande engodo", afirma a psicóloga e psicanalista Adriana Carrijo, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Vivemos na sociedade do hiperestímulo, sem foco, e o processo educacional demanda atenção."

Na prática, casos de pais e escolas que se apoiam nesses diagnósticos para proteger as crianças acabam sendo comuns. "O pai leva o atestado para a escola, que fica obrigada a dar atenção especial e prova diferente para essas crianças. Tem criança que cresce acreditando que sem remédio não pode fazer uma prova", diz.

"Hoje, as crianças ficam o dia todo ocupadas, em um entorpecimento", diz a psicopedagoga Irene Maluf, conselheira da Associação Brasileira de Psicopedagogia. Segundo ela, essa rotina está longe de significar aprendizado. "A criança vira um produto e o que ela mais precisa, que é o tempo e a atenção dos pais, é o que ela menos tem. Quantos pais chegam em casa do trabalho e param para brincar com seus filhos?"

Fonte: Estado de São Paulo

''Não existem fórmulas mágicas para educar'', segundo Carl Honoré e seu livro Sob Pressão

O historiador escocês Carl Honoré é defensor de uma vida na qual crianças sejam crianças, brincadeiras sejam brincadeiras e pais consigam, em vez de dar tantos acessos e atividades aos filhos, fornecer atenção e tempo a eles. Em viagens a vários centros urbanos e na leitura das recentes pesquisas sobre desenvolvimento infantil, ele aponta os excessos e acertos das famílias. O resultado está no livro Sob Pressão, que será lançado no Brasil pela Editora Record.


A pesquisa para o livro mudou sua concepção sobre a educação?

Aprendi que não tem problema relaxar, dar um passo atrás e deixar as coisas acontecerem em vez de simplesmente pular etapas e forçar as crianças a um excesso de obrigações. É crucial que pais encontrem um equilíbrio porque crianças educadas sob pressão são menos criativas, mais entediadas e não aprendem com riscos e erros. Não sabem pensar por elas mesmas e não aprendem a olhar dentro delas e entender quem elas são, de tão ocupadas que estão. Elas nunca vão crescer.

O que dizer aos pais que acreditam que só assim estarão preparando seus filhos para o futuro?

Que o problema é ir longe demais. Estamos impondo a competição e a pressão do mundo adulto ao mundo infantil, o que é ruim para todo mundo. Não defendo uma vida livre de compromissos. Crianças precisam de estrutura, disciplina e rigor. E crianças precisam, mais do que tudo, de amor e atenção. Mas os pais precisam confiar nos seus instintos, escutar e observar as crianças. Filho não é projeto ou produto, é uma pessoa que será protagonista de sua própria vida.

Como promover essa mudança?

É preciso respirar fundo e desacelerar. Perder o medo de errar e tentar tirar do caminho nosso próprio ego, fobias, inseguranças, fantasias e ansiedades e colocar as crianças em primeiro lugar. A ironia é que crianças que crescem com menos pressão têm mais chance de se tornarem adultos saudáveis, felizes, mais criativos e bem sucedidos. É importante mostrar as evidências científicas para pais e professores tomarem decisões mais embasadas. Já existe um forte movimento que está buscando um equilíbrio para seus filhos.

Qual a reflexão que o senhor gostaria de deixar para os pais?

Acredito que em todo o mundo, pais e mães terminarão o livro com um suspiro de alívio. Minha intenção é inspirar pais e professores a relaxar e procurar um equilíbrio natural entre fazer demais para as crianças e não fazer o suficiente, a reconquistar a confiança neles mesmos para resistir às pressões da sociedade e encontrarem sua própria maneira de educar. Não existem fórmulas mágicas para educar filhos. Cada criança e cada família são únicas. O segredo é encontrar o que funciona melhor para cada um, sem seguir o que os outros estão fazendo.

Fonte: Estado de SP

19 de setembro de 2009

O traçado do algarismo "7"


Andava eu em busca de uma explicação para a pergunta cruel: o algarismo sete é cortado ou não? pesquisando pela web, achei a pergunta e resposta abaixo, as quais transcrevi do Blog do Professsor Cláudio Moreno. A abordagem me deixou satisfeita e pode, quem sabe, vir a tirar sua dúvida também:



Luiz Otavio reclama que a professora que está alfabetizando sua sobrinha escreve o número "7" com um "corte". Diz ele: "Sei muito bem que o correto é sem o corte; falei com a professora e ela disse que o "7" com corte é aceitável. Onde posso conseguir algum documento que prove que eu tenho razão?"






Meu caro Luiz Otávio: a professora é que tem razão. Não existe forma "correta" no traçado dos algarismos; nesta área impera apenas o costume, que varia de país para país, de professor para professor. Além disso, o sete manuscrito é escrito ora com corte, ora sem corte; eu, particularmente, uso-o cortado há cinqüenta anos, como sempre aprendi com minhas professoras do Grupo Escolar. Este traçado foi abandonado pelos textos impressos, mas tem uma longa tradição, desde os manuscritos medievais, para impedir que o nosso leitor possa confundir o "7" com o "1". Portanto, sossega: afora alguns artigos de determinadas linhas pedagógicas que defendem o sete "puro" (portanto, sem valor genérico), não vais encontrar documento algum que sustente a tua tese. Abraço. Prof. Moreno

Fonte: Blog do Prof Cláudio Moreno

Analfabetismo: uma dívida impagável?

A divulgação nesta sexta-feira de que o Brasil continua com uma taxa de 10% de analfabetismo entre jovens e adultos reflete a ineficiência dos programas lançados até aqui.

Em 2003, quando o presidente Lula tomou posse, o então ministro da Educação Cristovam Buarque falava em erradicar o analfabetismo.

Hoje, os dados da Pnad-2008 mostraram que o país tinha, no ano passado, 14,2 milhões de analfabetos com idade acima de 15 anos.

Nesta década, o governo federal já gastou cerca de R$ 1 bilhão para ensinar jovens e adultos a ler e escrever. Alguém tem dúvida de que a estratégia não funcionou?

À medida que a década avança, fica cristalina a dificuldade do poder público de oferecer o mínimo do mínimo de educação à população adulta que não frequentou a escola na infância.

É verdade que a universalização do acesso à educação básica fechou a torneira do analfabetismo.

Mas parece que continuaremos convivendo com legiões de iletrados até que as crianças de hoje envelheçam.

Fonte: Educação à brasileira / Demétrio Weber

15 de setembro de 2009

MEC suspende dez cursos de pedagogia no País

O Ministério da Educação (MEC) suspendeu o vestibular ou outros processos seletivos para o ingresso de alunos de dez cursos de pedagogia que estavam sob supervisão do órgão. A decisão consta de medida cautelar administrativa da Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC, em vigor a partir de hoje, após a publicação no Diário Oficial desta segunda-feira.

A medida vale para os cursos que já estavam sob supervisão do MEC por terem obtido resultados insatisfatórios no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2005 e que apresentaram resultados 1 ou 2 no conceito preliminar de curso (CPC) e no indicador de diferença entre desempenhos observado e esperado (IDD) de 2008. Os resultados foram divulgados na última semana pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).

A medida cautelar abrange as Faculdades Integradas Diamantino, no Mato Grosso, Faculdade de Jandaia do Sul, no Paraná, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Carlos Queiroz e Faculdade de Ilha Solteira, em São Paulo, Faculdades Integradas de Naviraí, Faculdades Integradas de Cassilândia e Faculdades Integradas de Paranaíba, no Mato Grosso do Sul, Faculdade Jesus, Maria, José e Faculdades Integradas da Terra de Brasília, no Distrito Federal e Instituto de Ciências Sociais e Humanas, em Goiás.

Fonte: Estado de SP

Pais falam: escola é fundamental na formação profissional

Arquivo pessoal
"Formar jovens com gosto pelo conhecimento e posicionamento crítico é o papel mais relevante da escola quando se trata de preparação para o mercado de trabalho. A Ana, minha filha mais velha, sempre estudou em um colégio que desenvolve muito bem as habilidades pessoais cada vez mais solicitadas no mercado. Sua capacidade de raciocinar, trabalhar em grupo e se atualizar foram contribuições definitivas da escola".
Yacoff Sarkovas, empresário, pai de Catarina, de 11 anos, Ana, 25, e Laura, 17 - alunas e ex-alunas do colégio Vera Cruz e Escola da Vila, de São Paulo.

Arquivo pessoal
"Acredito que seja dever da escola preparar os jovens para o mercado de trabalho. Isso determinou a escolha do colégio de meus filhos, que confere proficiência nos idiomas alemão e inglês - que, acredito, são diferenciais para o mercado de hoje. O mais importante para mim, porém, é o curso profissionalizante que o colégio oferece, habilitando estudantes que falam alemão fluente para trabalhar em empresas multinacionais. Meus filhos vão terminar o ensino médio com portas abertas para o marcado de trabalho e ainda podem utilizar essa experiência para definir melhor qual carreira querem seguir".
Margareth Steil, advogada e empresária, mãe de Carlos, de 16 anos, e Andressa, 17, alunos do colégio Humboldt, de São Paulo.

Arquivo pessoal
"Acredito que, desde cedo, a escola deve incentivar o desenvolvimento de habilidades como o trabalho em equipe e o discurso em público, além de atividades que envolvam relações interpessoais e estimulem a descoberta de vocações entre os estudantes. Tenho dois filhos e acredito que as atividades extracurriculares que eles praticam também sejam fundamentais para aprimorar suas capacitações para a vida profissional".
Bárbara Godoy, designer gráfica e mãe de Gustavo, de 10 anos, e Kairo, 7, alunos do colégio Bom Jesus, de Curitiba.
Fonte: Veja

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