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6 de outubro de 2013

A ética familiar e a educação

Da Veja:

O dilema da criação de filhos no Brasil: a ética compensa?

Pais temem ensinar virtudes às crianças e torná-las presas fáceis em um país onde o dever e a verdade parecem vencidos pela mania de levar vantagem

Gabriela Loureiro
Dilema
"Fazer o certo ou ser feliz?", o dilema que mobilizou filósofos gregos se repete na criação dos filhos (Enrico Fianchini/Getty Images/Vetta)
 
A dentista Márcia Costa abomina infrações às leis de trânsito. Em especial, a prática adotada por muitos pais de parar o carro em fila dupla, interrompendo o fluxo de veículos, para deixar os filhos na porta da escola. Ela prefere estacionar seu carro mais longe e fazer os adolescentes caminharem até lá. Não satisfeita, reprova publicamente os motoristas que alimentam a irregularidade. Os filhos protestam: "Que mico!", diz Beatriz, de 15 anos. "Mãe, assim é você quem acaba sendo a chata da história", afirma Lucca, de 12. A guerra à fila dupla envolveu até o marido de Márcia, Marcelo, que certo dia colocou a convicção da mulher à prova: "Você quer estar certa ou quer ser feliz?" É um velho dilema. Filósofos gregos já se faziam a pergunta há mais de vinte séculos: uns defendiam que fazer o que é correto, o que deve ser feito, é o caminho para a felicidade; outros argumentavam que tal conciliação é impossível.

Ética e felicidade na Grécia Antiga​​

Pródico de Ceos (século V a.C.), um sofista, acreditava que ética e felicidade eram excludentes. Ele citava o exemplo da escolha de Hércules. Segundo a mitologia, o herói se deparara com duas deusas, a felicidade e a virtude, que o convidavam a viver duas vias distintas. Hércules optava pela virtude em detrimento dos prazeres passageiros. Já Aristóteles (século IV a.C.) pensava que ética e felicidade eram complementares: a primeira como o meio, a outra, como fim.

O dilema vive no Brasil hoje. E se acirrou há poucas semanas com a publicação do artigo do economista Gustavo Ioschpe, colunista de VEJA, intitulado "Devo educar meus filhos para serem éticos?" Ioschpe revelou a apreensão de criar filhos em uma nação às voltas com problemas éticos de estaturas variadas — da ausência de pontualidade para compromissos à ausência de honestidade para governar. A certa altura, ele apresentou assim seu dilema: "Será que o melhor que poderia fazer para preparar meus filhos para viver no Brasil seria não aprisioná-los na cela da consciência, do diálogo consigo mesmos, da preocupação com a integridade?" Foi a senha para que milhares de leitores se manifestassem, compartilhando apreensão idêntica.

Mais de 30.000 pessoas recomendaram o texto, reproduzido em VEJA.com, utilizando recurso do Facebook; centenas deixaram comentários ao artigo e espalharam as ideias contidas nele pela internet. Muitos aproveitaram a ocasião para contar suas histórias, seus dilemas. É o caso de Márcia Costa e dos demais pais ouvidos nesta reportagem. "Temos que criar nossos filhos para serem do bem ou para se darem bem? A preocupação é o quão inocente nossos filhos vão ser se forem educados para serem do bem", diz a tradutora Samira Regina Favaro Gris. A médica Denise Zeoti acrescenta: "A ideia de passar valores para minha filha e torná-la uma presa fácil me assusta. Quero que ela seja uma pessoa ética, correta, mas não quero que ela seja passada para trás." 

Leitores falam sobre o dilema ético na criação de filhos

Sandra Capaldi Arruda, engenheira florestal, Piracicaba (SP)

Sandra com a filha Laura e o marido, Marco Aurélio
"Havia algumas regras na escola da minha filha. Uma delas: todos os alunos têm que usar uniformes. Outra: na aula de educação física, as meninas devem prender o cabelo. Um dia, fui à escola e percebi que nenhum estudante usava o uniforme. Na aula de educação física, todas as meninas tinham os cabelos soltos. Comecei a me fazer perguntas: 'Se é uma norma, por que ninguém cobra seu cumprimento?' Mais uma: 'Será que estou sendo muito exigente com minha filha?' Apesar das dúvidas, continuo com a certeza de que as regras são importantes. Se você não exige das crianças respeito às normas, como querer que elas façam isso quando forem adultas?"

Do ponto de vista filosófico, ética é um conjunto de valores e princípios que define os limites de ação de cada ser humano. "Esse conjunto nos orienta em três questões fundamentais, intrinsicamente ligadas à nossa liberdade individual: Quero? Posso? Devo? Minha resposta depende dos princípios éticos que adoto", diz o filósofo Mario Sergio Cortella. É uma questão simples de compreender quando aplicada à prática. De maneira geral, queremos muitas coisas: em alguns casos, podemos até obtê-las (ou realizá-las), mas, em outros, não devemos alcançá-las. Pode ser o caso de parar o carro em fila dupla na porta da escola dos filhos; pode ser o caso de desviar dinheiro dos cofres públicos. Pessoas eticamente saudáveis, prossegue a filosofia, são aquelas que podem, mas não fazem o que é errado.

Cortella: felicidade com ética
Quando se trata de ética, portanto, há sempre um choque entre princípios e ações individuais e coletivos. Seria mais correto, aliás, falar em éticas — no plural. Cortella tem um inusitado exemplo para explicar como elas se chocam, e como, no convívio social, a ética se impõe aos interesses individuais. É a análise do caso de uma casca de banana atirada ao chão. "Quem a atirou ali propositalmente seguiu a ética tola, egoísta. Quem viu a casca, mas não a retirou, agiu segundo a ética da omissão. Finalmente, quem jogou a casca no lixo seguiu a ética da vida coletiva."

Criar filhos no Brasil demanda preocupação extra por causa dos tipos de ética que se chocam no ambiente público. Afinal, como convencer os filhos de que é preciso falar sempre a verdade quando um deputado federal preso por desvio de dinheiro público é absolvido por seu pares, que asseguram a ele o mandato de representante do povo? "Uma sociedade em que os poderosos não são presos, em que nem todos são iguais perante a lei, vive uma contradição ética. Em público você quer parecer igualitário, mas por baixo dos panos, para seus parentes, você usa a ética da desigualdade", diz o antropólogo Roberto Da Matta.

A ética — a da igualdade — pode ser o caminho mais longo e árduo para os brasileiros, em geral, e para os pais, em particular, rumo à felicidade. Mas é, segundo filósofo Cortella, certamente o único. "Não é possível ser feliz quando não se tem paz de consciência. Quem age de acordo com a conveniência do momento, prega uma ideia e aplica outra, não terá essa paz. Esse sofre de esquizofrenia ética", diz. "Agir de acordo com o que consideramos correto é o que traz paz de espírito." No artigo que levantou a discussão, Gustavo Ioschpe, logo após apresentar seu dilema, concluiu que deixar de transmistir a seus filhos um legado ético era uma decisão insustentável. O norte é mesmo a ética.

30 de dezembro de 2012

Polêmica: Inclusão das matérias Ética e Cidadania revela a contradição entre inchaço do currículo, ausência de docentes, racionalização da podridão republicana

Do O Globo:

Educadores criticam inclusão de ética e cidadania no currículo

Aprovado no Senado, o projeto de lei que prevê a inclusão de duas novas disciplinas obrigatórias (Cidadania Moral e Ética, no ensino fundamental, e Ética Social e Política, no médio) já está causando polêmica antes de ser votado na Câmara de Deputados. Os defensores da proposta do senador Sérgio Souza (PMDB-PR) argumentam que a atual crise de valores e o cenário de corrupção justificam a necessidade dos conteúdos. Mas educadores ouvidos pelo GLOBO são contra, alegando principalmente que a grade curricular do ensino básico já está saturada.

O próprio Ministério da Educação e o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) reprovam a iniciativa. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, frisa que as escolas públicas já têm 13 disciplinas obrigatórias. — A sobrecarga não contribui para o aluno ter foco nas disciplinas essenciais, que são Matemática, Língua Portuguesa e Ciências. Presidente do Consed, Maria Nilene Badeca da Costa diz que os dois órgãos trabalham juntos na reformulação da Educação básica. Para ela, a inclusão das disciplinas inviabilizaria o projeto político pedagógico das escolas.

— Os currículos escolares já estão sobrecarregados, não há disponibilidade de espaço na matriz curricular. Não é necessário alterar a legislação. O Consed acredita que a experiência educacional já indica fortemente conteúdos relativos à ética, à cidadania e à política — defende Maria Nilene. De acordo com o Consed, esses conteúdos devem ser tratados de modo integrado com o currículo escolar, como eixos transversais, permeando a formação dos estudantes em todos os componentes curriculares existentes.

Mas o senador Sérgio Souza (PMDB-PR) defende sua proposta. Ele cita um levantamento feito pelo Fórum Econômico Mundial, com 60 países, que colocou o Brasil na 50ª posição no ranking de corrupção, e no 55º lugar na ineficiência da Justiça. Questionado se o projeto não seria um mea culpa por parte da classe política, Souza rebate: — Se formarmos cidadãos conscientes para serem representantes, eles irão para a política com propósitos diferentes, que não sejam voltados ao próprio interesse econômico. O cidadão já é corrupto no momento em que quer levar vantagem na fila do pedágio ou do mercado. A cultura brasileira tem isso de ser país do jeitinho, é vergonhoso.

Por isso, o senador defende a implantação de uma política educacional voltada para a formação moral e ética preparando os jovens para o exercício responsável da cidadania. Souza contesta os argumentos da falta de tempo e espaço no currículo: — Com a proposta de período escolar integral, essa justificativa cai por terra. Antes de discutirmos se há espaço, temos que discutir se é importante. Os argumentos não convencem a relatora das diretrizes curriculares no Conselho Nacional de Educação, Regina de Assis, que endossa as críticas. — Isso é desconhecimento de currículo. Não vejo necessidade de incluir mais duas disciplinas para se teorizar sobre isso. Já faz parte das metas curriculares e dos projetos político-pedagógicos. Desde a creche tem que se ensinar a ética a partir de valores e da prática — diz Regina, doutora em educação.

O professor Victor Notrica, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro, lembra que o conteúdo proposto pelas novas disciplinas já é trabalhado pelos professores. Ele ressalta a dificuldade de se cumprir o currículo atual nos 200 dias e 800 horas/ano obrigatórios por lei e levanta outro problema: — Não sei se há docentes especializados para dar esses conteúdos em disciplinas específicas. Isso tudo faz parte do dia a dia escola. Os professores das ciências sociais, exatas e Língua Portuguesa já fazem uma abordagem de ética e cidadania. A inclusão obriga uma exclusão. Vai hipersaturar a carga horária dos estudantes e tumultuar ainda mais a grade curricular pelo excesso de conteúdo.

Alguns colégios cariocas alegam que já transmitem esses valores em outras disciplinas. O pH, por exemplo, tem a Aula de Vida para o ensino fundamental e de Atualidades para o médio. O São Bento ministra ensino religioso para os menores e teologia para os mais velhos. Diretora do São Bento, Maria Elisa Penna Firme lembra que a escola funciona das 7h30m às 17h30m. — Já temos 15 disciplinas. Para entrar duas disciplinas, temos que tirar carga horária daquelas que já compõem o currículo. São temas importantes, mas que devem ser abordados dentro de Filosofia, Sociologia e Geografia — diz ela.

Rui Alves, diretor de ensino da rede pH, é menos refratário. Se a proposta virar lei, o colégio adaptará o conteúdo trocando os nomes das matérias: — São disciplinas importantes para a formação dos alunos. A grande preocupação é contornar essa situação dentro da grade desses segmentos. Secretária municipal de Educação, Cláudia Costin também está preocupada com a carga horária. — Enquanto não resolver a questão da carga horária, sou contra. Nas nossas 119 escolas com 7 horas diárias, estamos incluindo a disciplina Educação para Valores. Nas demais, com média de 4 horas de aula/dia, se entrar mais uma disciplina, vamos ter menos tempo para trabalhar Matemática, Português e Ciências, que têm se saído tão mal em rankings internacionais.

Um currículo em crescimento constante

Elaborado pelo senador Sérgio Souza, o projeto que prevê a inclusão das duas disciplinas no currículo tem como relator o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB). O texto, que ainda será submetido a votação na Câmara dos Deputados, não é o primeiro a propor mudanças curriculares na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996. A cada ano, a legislação vai crescendo junto com os currículos. A alteração mais recente aconteceu em abril deste ano, quando foram incluídos os princípios de proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos conteúdos dos ensinos fundamental e médio nas escolas.

Em 2008, a inclusão de Filosofia e Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio também gerou polêmica e até hoje é questionada. — A inclusão de Sociologia e Filosofia já foi demais. Tem que haver um projeto de currículo nacional, com conteúdos mínimos necessários para se aprender em cada série, e alguns aspectos regionais, que podem variar de estado para estado — defende Rubem Klein, da Associação Brasileira de Avaliação Educacional. Também em 2008, a música passou a ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo do ensino de Artes.

No mesmo ano, tornou-se obrigatório o estudo da história e da cultura afro-brasileira e indígena em todo o currículo dos ensinos fundamental e médio, em especial em Artes, História e Literatura. Um ano antes, o ensino fundamental passou a ter, obrigatoriamente, conteúdo sobre os direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz o Estatuto da Criança e do Adolescente. Mais recentemente, em 2011, o estudo sobre os símbolos nacionais passou a ser incluído como tema transversal nos currículos do ensino fundamental.

Comento:

Os meandros desta bela iniciativa escancaram três situações: a ineficiência do MEC em lidar com a versatilização do currículo nacional, a incapacidade do ensino público incrementar seus quadros com docentes especializados para ministrar temas tão efervescentes e uma terceira, que eu reputo como crítica se não controlada - que a validação deste projeto de lei não torne nossas salas de aula a racionalização dos crimes perpetrados pelos poderes da República, em prol de uma ética e de uma cidadania que só existe na "lei de Gerson".

6 de dezembro de 2009

Ética, aquilo que transcende a redação do Enem


Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ÉTICA é "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto". O que diferencia ética de moral? Ética é princípio, moral são aspectos de condutas específicas; Ética é permanente, moral é temporal; Ética é universal, moral é cultural; Ética é regra, moral é conduta da regra; Ética é teoria, moral é prática. Ética cabe em uma redação. Moral cabe na vida. Mais que uma redação, o assunto deveria permear nossas vidas e sinalizar novas luzes no farol das próximas eleições.

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