Em um blog que se destina a falar sobre educação, falar sobre Haiti e sobre o terremoto que lá vitimou milhares é no mínimo fugir da pauta. Mas tenho que escrever alguma coisa, como mulher de militar que sou e como brasileira indignada com os passos suicidas que estamos dando como povo, rumo ao abismo. Não vou falar aqui no endeusamento conferido à médica Zilda Arns, que mereceu as homenagens que o reconhecimento ao seu trabalho humanista lhe conferiu. Vou falar aqui no pouco caso que a imprensa teve com nossos militares falecidos, com os feridos e com os desaparecidos.
Em troca de migalhas financeiras e de uma valorização profissional que possibilite chegar um pouco menos atrasado que o colega que não vai ao exterior, centenas de profissionais das Forças Armadas já se destinaram ao Haiti, para vivenciar algo que suas energias e seu amor à Pátria aqui dentro de nossas fronteiras poderia propiciar, em função das precárias condições de segurança e infraestrutura que caracterizam nosso país. Deixarei de lado julgar o fato inequívoco de que nada, mas absolutamente nada temos de laços históricos e culturais com aquele país.
Pois bem, servindo de polícia e coordenando a melhoria da qualidade dos serviços haitianos, nossos Oficiais e Praças estão há anos no Haiti e pelo visto de lá não sairão tão cedo. O fato, porém, é que com o terremoto que vitimou milhares na última semana, 14 militares brasileiros morreram e 4 estão desaparecidos, sem contar os vários feridos, alguns em estado grave. O que estavam nossos bravos agentes do Estado Brasileiro fazendo tão longe de sua terra natal, do aconchego de esposa, filhos, pais? Várias outras perguntas graves calam agora no meu peito, mas duas são inevitáveis.
A primeira: Zilda Arns já foi trasladada, sepultada e enterrada. Cogita-se pela CNBB que seja canonizada. Nada contra, afinal seu currículo de desprendimento e trabalho pela vida a transformaram em um ser humano exemplar, por mais que ainda não tenha obrado milagres. Ainda. Por que nossos 14 heróis ainda não foram enviados para serem regados pelas lágrimas de seus entes queridos? Burocracia? Indenização? Embaixada que desmoronou?
Segunda pergunta: Nelson Jobim, ministro da defesa, promovido a curandeiro-mór, compareceu ao local da catástrofe no dia posterior e trouxe aos familiares dos desaparecidos, esperançosos até então, a certeza de que estavam mortos, sem ao menos seus corpos terem sido localizados. Para tal, além da ausência de sensibilidade e de respeito pela dor alheia, usou o conceito de eufemismo. Segundo ele, a relação entre desaparecido e morto é medida pelo eufemismo, que é uma figura de linguagem usada para suavizar uma expressão. Atrevo-me então a formular uma terceira pergunta, eu que tão cedo não quero ficar viúva: Seria um eufemismo afirmar que o Haiti é aqui?
Em troca de migalhas financeiras e de uma valorização profissional que possibilite chegar um pouco menos atrasado que o colega que não vai ao exterior, centenas de profissionais das Forças Armadas já se destinaram ao Haiti, para vivenciar algo que suas energias e seu amor à Pátria aqui dentro de nossas fronteiras poderia propiciar, em função das precárias condições de segurança e infraestrutura que caracterizam nosso país. Deixarei de lado julgar o fato inequívoco de que nada, mas absolutamente nada temos de laços históricos e culturais com aquele país.
Pois bem, servindo de polícia e coordenando a melhoria da qualidade dos serviços haitianos, nossos Oficiais e Praças estão há anos no Haiti e pelo visto de lá não sairão tão cedo. O fato, porém, é que com o terremoto que vitimou milhares na última semana, 14 militares brasileiros morreram e 4 estão desaparecidos, sem contar os vários feridos, alguns em estado grave. O que estavam nossos bravos agentes do Estado Brasileiro fazendo tão longe de sua terra natal, do aconchego de esposa, filhos, pais? Várias outras perguntas graves calam agora no meu peito, mas duas são inevitáveis.
A primeira: Zilda Arns já foi trasladada, sepultada e enterrada. Cogita-se pela CNBB que seja canonizada. Nada contra, afinal seu currículo de desprendimento e trabalho pela vida a transformaram em um ser humano exemplar, por mais que ainda não tenha obrado milagres. Ainda. Por que nossos 14 heróis ainda não foram enviados para serem regados pelas lágrimas de seus entes queridos? Burocracia? Indenização? Embaixada que desmoronou?
Segunda pergunta: Nelson Jobim, ministro da defesa, promovido a curandeiro-mór, compareceu ao local da catástrofe no dia posterior e trouxe aos familiares dos desaparecidos, esperançosos até então, a certeza de que estavam mortos, sem ao menos seus corpos terem sido localizados. Para tal, além da ausência de sensibilidade e de respeito pela dor alheia, usou o conceito de eufemismo. Segundo ele, a relação entre desaparecido e morto é medida pelo eufemismo, que é uma figura de linguagem usada para suavizar uma expressão. Atrevo-me então a formular uma terceira pergunta, eu que tão cedo não quero ficar viúva: Seria um eufemismo afirmar que o Haiti é aqui?
0 comentários:
Postar um comentário