Saindo da lanterninha
Por Mariana Marques (*)
Finalmente a cor do medo deixa de fazer parte do bronzeado carioca. Banho de mar, ir para escola caminhando, manter a malandragem só no figurino das escolas de samba, subidas e descidas do morro, agora, tá tudo liberado! Definitivamente a atuação das forças armadas e das polícias brasileiras merece nosso louvor. No entanto, em meio ao êxtase vivido por mim diante das cenas e das publicações que anunciavam a tomada das comunidades do morro pelo Estado, pensei que há 25 anos venho sendo impregnada pela visão de que o Rio de Janeiro é um território de traficantes que desenvolvem suas atividades livremente, sendo assim, passei a tê-la como uma verdade imutável e quase parte integrante da rotina da cidade maravilhosa. Agora, isso mudou! Mas, se isso era possível… qual é a justificativa para tanta demora?
Existem teorias de que dizem que esse tesouro estava guardado nos campos de futebol. Afinal, como a cidade sede de uma Copa do Mundo explicaria cadeiras numeradas ocupadas por traficantes armados? Ingressos comprados com o fruto de um sequestrozinho em Ipanema ou um arrastão de pequeno porte em Copacabana? Bem, de qualquer forma, sempre é tempo sair da zona de rebaixamento e ganhar o campeonato, e, aqui entre nós, o Estado bateu um bolão no Rio de Janeiro nessa última semana. Comeeeça o segundo tempo!
(*) Enfermeira e pós-graduanda da USP
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