Do site Educar para crescer:
As férias de julho chegaram. É hora daquela parada preciosa para recarregar a bateria e recomeçar em agosto com energia total, certo? Nem sempre. Para algumas escolas, as férias de julho estão incluídas no andamento do ano letivo e, por isso, a aprendizagem não deve ser interrompida. Para essas escolas, uma parada total no mês de julho quebraria o ritmo de estudo e atrapalharia o rendimento dos alunos. Por isso, elas propõem alguns trabalhos, pesquisas e deveres. Mas a pergunta que fica é: dá para conciliar as atividades e o descanso?
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Por que existem as férias de julho?
- As férias de julho surgiram como uma questão trabalhista. É neste mês que os professores tiram os 30 dias de descanso a que todos os profissionais brasileiros têm direito, garantidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Inicialmente, esse recesso acontecia em junho, mas desde a primeira versão da LDB, de 1961, o período foi transferido para o mês seguinte. Em janeiro, os alunos também têm férias, mas os professores passam (ou deveriam passar) o mês fazendo o planejamento do ano letivo que vai começar. "O profissional não pode fazer o planejamento das aulas, organizar seu trabalho e fazer cursos ao mesmo tempo em que dá aulas", diz Maria Ângela Barbato Carneiro, professora da faculdade de Educação da PUC-SP.
- Há um objetivo pedagógico no descanso/parada?
- "Em razão de uma agenda cada vez mais cheia, os alunos estão cada vez mais estressados. Esse distanciamento da escola é muito importante para ajudar aos alunos a refletir melhor", diz Renata Americano, coordenadora geral do Ensino Fundamental da Escola Viva. A parada no meio do ano, portanto, serve pra aliviar a cabeça do aluno e contribui para o aprendizado.
- Qual a finalidade das lições nessa época?
- Para algumas escolas, as tarefas nesse período têm a finalidade de aquecer os estudantes para o retorno às aulas. Dessa maneira, eles voltam mais ligados no assunto e não perdem o fio da meada. As lições de férias na Escola Castanheiras, na cidade de São Paulo, por exemplo, servem pra que os alunos não se desconectem do conteúdo visto em junho. Como o planejamento da escola é trimestral, o segundo trimestre, que vai de maio a agosto, é interrompido. "Assim o aluno não se esquece daquilo que ele está estudando nesse hiato de 30 dias", diz Debora Vaz, diretora pedagógica da escola. A Escola Viva, também de São Paulo, tem uma visão diferente. Ali, o importante mesmo é o descanso e a parada em julho não compromete o aprendizado dos alunos. "Eles não perdem o fio da meada, principalmente se o assunto for do interesse deles. Quando eles voltam, passam por um período de retomada dos assuntos que não é grande", diz a coordenadora Renata Americano.
- E as vivências? Não são importantes para o aprendizado?
- Sim, as vivências também são importantes. Muitas escolas, aliás, vêem as férias como o momento de fazer novas descobertas. Um aprendizado de vivências, de coisas que não se aprendem em salas de aula. "Muitas pessoas se preocupam apenas com o conteúdo formal e esquecem o aprendizado do fazer, do brincar. Os alunos estão precisando dessa vivência, da experiência de brincar na praia, de observar a natureza, de ficar com primos e outras crianças. As férias servem para isso e pro descanso", diz Renata Americano, coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental I da Escola Viva, de São Paulo. Ali o trabalho pedido aos alunos, geralmente, é trazer algum objeto que remeta às férias e esteja relacionado ao conteúdo. "Não chamamos de lições ou tarefas".
- Há lição de férias em janeiro?
- Em janeiro nunca ocorrem, já que é feita a troca de ano letivo. E o conteúdo muda completamente. Além de os professores mudarem, é claro. "Não faz muito sentido passar lições em janeiro, já que não tem conteúdo novo", diz Renata Americano, coordenadora geral do Ensino Fundamental I da Escola Viva.
- Como deve ser uma lição de férias?
- O ideal é que essas tarefas não sejam chatas, extensas e cansativas. Podem, inclusive, ser bastante divertidas e não atrapalhar o descanso da garotada. Marcos Akiau, professor de ciências e laboratório da Escola Morumbi e do Colégio Rio Branco, em São Paulo, procura elaborar tarefas que despertem o interesse de seus alunos. "Não é sempre que passo atividades de férias para meus alunos. Quando decido fazê-lo, procuro desenvolver algum projeto que preencha alguns quesitos: a) Ser interessante ao aluno b) Dar aos alunos algum tipo de "prazer em fazer" c) Ser diferenciado das lições convencionais d) Estar ligado aos conteúdos programáticos e) Ter utilidade futura" Com isso o professor Marcão, como é chamado, garante que seus alunos se empolgam com os trabalhos de férias. "Assim como eu", completa.
- Como não deve ser uma lição de férias?
- As lições de férias não devem sobrecarregar o aluno e atrapalhar seu descanso. A Escola Castanheiras, por exemplo, que sempre passa tarefas nas férias de julho, procura dosar a quantidade de exercícios. "Os trabalhos devem tomar apenas um dia das férias. Ou, se o aluno preferir, pode se dedicar à uma hora e meia por dia durante uma semana. É muito importante que as férias sejam de lazer e ócio. Esse resgate só precisa ser feito no finalzinho.", explica Debora Vaz, diretora pedagógica da escola.
- Se a escola mandou muita lição o que eu posso fazer?
- Se você acha que seu filho está sendo sobrecarregado com lições de férias, converse com o professor. A sua queixa pode ser a mesma de outros pais. No entanto, nem sempre a escola pode atender às vontades de todos. Muitas delas têm um método de trabalho estabelecido e dificilmente vão mudar. O mais importante é ficar atento a essas questões na hora de escolher a escola de seu filho.
- As atividades de férias devem contar pontos na nota?
- Depende do projeto pedagógico da escola. Na Escola Castanheiras, por exemplo, a nota do aluno é dividida entre avaliações complementares (60%) e avaliações tradicionais (40%). "Nas avaliações complementares temos maior 'liberdade poética'; as tradicionais são as provas convencionais, que aqui são trimestrais", explica a diretora pedagógica Debora Vaz. Os trabalhos de férias da Escola Castanheiras somam pontos nas avaliações Complementares.
- Sugestão de atividade: Leitura?
- Um dos trabalhos de férias mais comum nas escolas é a leitura de livros. E não por acaso. A leitura pode ser mais facilmente associada à diversão. "No fundamental II sempre passamos uma lista de livros. Entendemos que literatura é uma atividade prazerosa", diz Renata Americano, da Escola Viva, de São Paulo.
- Sugestão de atividade: Registro de Férias
- Os alunos devem coletar objetos que lembrem atividades feitas nas férias. "Se a família foi ao cinema poderá trazer o ticket, se foi ao parque poderá trazer uma pedrinha ou uma folha, se foi a um aniversário poderá trazer o convite etc", explica Tica, coordenadora pedagógica da Escola de Educação Infantil Bola de Neve. Em agosto, na primeira semana de aula, é feita a apresentação do diário. "Todos estiveram interessados na fala dos amigos, sempre perguntando sobre o que mais lhe interessava. Conseguiram até identificar passeios semelhantes e assim, fizemos uma atividade matemática com uma tabela que representava os lugares mais visitados: cinema, fazendas, praias etc", diz Ana Alessandra Rea, professora do Grupo 5, de alunos de 5 anos, da Escola Bola de Neve.
- Sugestão de atividade: Herbário
- Os alunos farão uma pesquisa, coleta, classificação, ordenação e organização de amostras de vegetais (grupos, folhas, caules, raízes, flores e sementes). Sugestão do professor de ciências Marcos Akiau
- Sugestão de atividade: Rótulos de águas minerais
- Os alunos farão a coleta e a classificação de diferentes rótulos de águas minerais para fazer a análise do PH da água. Sugestão do professor de ciências Marcos Akiau
- Sugestão de atividade: Autobiografia
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