O que a turma sabe sobre o número zero
Por Amanda Polato
O sistema numérico, tal como conhecemos atualmente, não é algo natural, que sempre existiu. É uma construção humana, desenvolvida historicamente ao longo de muitos anos com a contribuição de várias sociedades. Antes de ele ser inventado, uma das estratégias para representar quantidades era registrar traços, um para cada objeto. Por exemplo, | | | | | para representar cinco carrinhos. Essa é uma forma aditiva de pensar, à qual muitas crianças na Educação Infantil recorrem antes de fazer a notação convencional (5).
"Foram os indianos e os árabes os responsáveis por desenvolver, em meados do século 9, o sistema de algarismos usado nos dias de hoje, criando um modo mais econômico e preciso para representar quantidades graficamente", explica Sérgio Nobre, livre-docente em História da Matemática pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), campus de Rio Claro.
É de autoria dos indianos também a solução de que lançamos mão para sinalizar a ausência de quantidade - o zero (0), algarismo também válido para compor numerais, marcando posições (10, 904 e 3.000, por exemplo).
De acordo com Clélia Maria Ignatius Nogueira, professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM), essas duas funções desempenhadas pelo zero no sistema de numeração não são óbvias para os pequenos, que têm opiniões próprias a respeito do algarismo, elaboradas com base nas diversas situações em que ele aparece: o número do itinerário do ônibus, do telefone de um parente, do placar do jogo de futebol, do calendário, de jogadas de uma brincadeira, da idade de uma pessoa e a representação do início ou do fim de alguma coisa.
"Foram os indianos e os árabes os responsáveis por desenvolver, em meados do século 9, o sistema de algarismos usado nos dias de hoje, criando um modo mais econômico e preciso para representar quantidades graficamente", explica Sérgio Nobre, livre-docente em História da Matemática pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), campus de Rio Claro.
É de autoria dos indianos também a solução de que lançamos mão para sinalizar a ausência de quantidade - o zero (0), algarismo também válido para compor numerais, marcando posições (10, 904 e 3.000, por exemplo).
De acordo com Clélia Maria Ignatius Nogueira, professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM), essas duas funções desempenhadas pelo zero no sistema de numeração não são óbvias para os pequenos, que têm opiniões próprias a respeito do algarismo, elaboradas com base nas diversas situações em que ele aparece: o número do itinerário do ônibus, do telefone de um parente, do placar do jogo de futebol, do calendário, de jogadas de uma brincadeira, da idade de uma pessoa e a representação do início ou do fim de alguma coisa.
As falas que ilustram esta reportagem são de crianças da Educação Infantil da Escola Jardim dos Pequeñitos, em Santo André, na Grande São Paulo, em resposta à pergunta "o que o zero representa?", e exemplificam algumas das muitas ideias que a garotada tem sobre ele.
Na tese Os Sentidos do Zero, Fabiane Guimarães apresenta mais opiniões de crianças da pré-escola a respeito do numeral: "A gente não usa o zero para bater corda. É 1, 2, 3... Mas para brincar de esconde-esconde a gente conta zero, 1, 2, 3..." e "o zero a minha mãe usa para ligar para minha tia, ela aperta o zero".
Na Educação Infantil, é possível também se deparar com pequenos que questionem para que grafar o algarismo se ele "nem existe nem vale nada". Por outro lado, há casos em que o grupo se apoia na quantidade de zeros para fazer comparações: "100 é maior que 10 porque tem dois zeros" e em que recorre a vários deles para escrever números grandes: "O maior que existe é 9.000".
"Investigar o que as crianças sabem sobre o sistema de numeração já na Educação Infantil é um passo necessário para planejar intervenções didáticas realmente úteis, que tenham como foco fazer com que todos coloquem em jogo as próprias opiniões, as socializem e façam comparações com as dos colegas", explica Renata de Siqueira Gava, educadora da Jardim dos Pequeñitos.
Os especialistas sugerem duas atividades permanentes para encaminhar um trabalho investigativo sobre o tema.
Roda de conversa Reunir a turma e questionar: "O que o zero representa?"
Atividades de registro e comparação Propor jogos como Batalha.
Em ambos os casos, você precisa fazer intervenções, desafiando as crianças a justificar as ideias que elas apresentam e confrontar as opiniões do grupo para que todos descubram que há equívocos em suas concepções. Durante a roda de conversa, se alguém disser que o zero não vale nada, por exemplo, pergunte se marcar um gol durante o jogo de futebol é a mesma coisa que marcar dez gols, escrevendo ambos os numerais. Atenção: não amplie a discussão para ensinar o valor posicional dos algarismos, explicando o conceito de dezena, centena, milhar etc. Esse e outros saberes a respeito do sistema de numeração decimal devem ser ensinados mais adiante, nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Para avaliar o que a criançada aprendeu com esses dois tipos de atividades, vale conferir se os pequenos argumentam que os números, inclusive o zero, têm funções diferentes de acordo com a situação em que aparecem, uma conquista importante sobre o sistema de numeração nessa fase.
Na tese Os Sentidos do Zero, Fabiane Guimarães apresenta mais opiniões de crianças da pré-escola a respeito do numeral: "A gente não usa o zero para bater corda. É 1, 2, 3... Mas para brincar de esconde-esconde a gente conta zero, 1, 2, 3..." e "o zero a minha mãe usa para ligar para minha tia, ela aperta o zero".
Na Educação Infantil, é possível também se deparar com pequenos que questionem para que grafar o algarismo se ele "nem existe nem vale nada". Por outro lado, há casos em que o grupo se apoia na quantidade de zeros para fazer comparações: "100 é maior que 10 porque tem dois zeros" e em que recorre a vários deles para escrever números grandes: "O maior que existe é 9.000".
"Investigar o que as crianças sabem sobre o sistema de numeração já na Educação Infantil é um passo necessário para planejar intervenções didáticas realmente úteis, que tenham como foco fazer com que todos coloquem em jogo as próprias opiniões, as socializem e façam comparações com as dos colegas", explica Renata de Siqueira Gava, educadora da Jardim dos Pequeñitos.
Os especialistas sugerem duas atividades permanentes para encaminhar um trabalho investigativo sobre o tema.
Roda de conversa Reunir a turma e questionar: "O que o zero representa?"
Atividades de registro e comparação Propor jogos como Batalha.
Em ambos os casos, você precisa fazer intervenções, desafiando as crianças a justificar as ideias que elas apresentam e confrontar as opiniões do grupo para que todos descubram que há equívocos em suas concepções. Durante a roda de conversa, se alguém disser que o zero não vale nada, por exemplo, pergunte se marcar um gol durante o jogo de futebol é a mesma coisa que marcar dez gols, escrevendo ambos os numerais. Atenção: não amplie a discussão para ensinar o valor posicional dos algarismos, explicando o conceito de dezena, centena, milhar etc. Esse e outros saberes a respeito do sistema de numeração decimal devem ser ensinados mais adiante, nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Para avaliar o que a criançada aprendeu com esses dois tipos de atividades, vale conferir se os pequenos argumentam que os números, inclusive o zero, têm funções diferentes de acordo com a situação em que aparecem, uma conquista importante sobre o sistema de numeração nessa fase.
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