Do Estadão:
As escolas KIPP estão em evidência
A rede escolar americana KIPP é uma organização sem fins
lucrativos que atua em bairros carentes, com a maioria os estudantes de
origem humilde, sendo 95% afro-descendentes ou latinos. Esse conjunto de
escolas vem chamando a atenção por causa dos bons resultados alcançados
nos exames nacionais, pela baixa taxa de evasão e pelo significativo
percentual de seus egressos que vão para o ensino superior.
Estas escolas se baseiam em um compromisso firmado entre professores,
estudantes e pais para colocar o aprendizado em primeiro lugar.
Estudantes só são aceitos nas escolas se eles e seus pais, com o apoio
dos professores, se comprometem formalmente a fazer de tudo para que os
estudantes aprendam. As escolas se baseiam em altas expectativas de sucesso dos
estudantes, nesse compromisso firmado e na dedicação de estudantes,
professores e pais, em dias letivos mais longos, com muitas atividades
extracurriculares, na autonomia acadêmica e financeira da gestão da
escola e no foco explícito que mede resultados pelo desempenho obtido em
exames nacionais e na aceitação dos egressos nos cursos superiores.
Eles cobram e recebem muito esforço da parte de todos!
As taxas de conclusão do ensino médio dos estudantes que terminaram o
ensino fundamental em uma escola KIPP atingem 95%, e 89% de seus
egressos são aceitos no ensino superior. É um grande sucesso de
resultados. Cerca de 46% de seus egressos terminam a universidade, o que está
aquém das expectativas dos dirigentes da KIPP, mas bem acima da média
para a mesmo extrato da população, que é somente de 8%.
A minha experiência própria me ensinou que acreditar na capacidade
dos estudantes é uma profecia auto-realizável. Se acreditarmos neles,
eles aprenderão mais e melhor. O foco excessivo nos resultados dos exames, embora vá contra a
posição da maioria dos educadores que defendem, com razão, que a
formação ideal do estudante deve ser mais ampla e menos direcionada a
exames específicos, deve ser entendido no contexto destas escolas. As
escolas KIPP se colocaram em uma guerra, e esta guerra, traduzida na sua
missão, é a de trabalhar com os estudantes das regiões mais carentes,
que nunca tiveram chance, e prepará-los para se transformar em
profissionais de nível superior.
Nesta guerra, a estratégia adotada é o foco nos exames, ou seja, o
alcance de uma real oportunidade para esses alunos ascenderem
socialmente. A escola não diz que se estivesse tratando com estudantes
oriundos de famílias de alto poder econômico e de alto nível cultural
adotaria a mesma tática. As escolas KIPP parecem ser um sucesso porque alcançam aquilo que se propuseram a fazer.
Ficam algumas lições: a obsessão pelo sucesso do aluno (a definição
de sucesso depende da missão da escola e da aceitação dos pais) é
indispensável em qualquer sistema educacional, só se vence com muito
esforço de todos, a valorização (não somente na educação) do estudante é
uma profecia auto-realizável e, muitas vezes, o ótimo é inimigo do bom
(o foco somente nos exames, por exemplo).
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