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29 de dezembro de 2012

Escolas KIPP, uma solução para nos livrarmos do sistema de cotas

Do Estadão:

As escolas KIPP estão em evidência

A rede escolar americana KIPP é uma organização sem fins lucrativos que atua em bairros carentes, com a maioria os estudantes de origem humilde, sendo 95% afro-descendentes ou latinos. Esse conjunto de escolas vem chamando a atenção por causa dos bons resultados alcançados nos exames nacionais, pela baixa taxa de evasão e pelo significativo percentual de seus egressos que vão para o ensino superior.

Estas escolas se baseiam em um compromisso firmado entre professores, estudantes e pais para colocar o aprendizado em primeiro lugar. Estudantes só são aceitos nas escolas se eles e seus pais, com o apoio dos professores, se comprometem formalmente a fazer de tudo para que os estudantes aprendam. As escolas se baseiam em altas expectativas de sucesso dos estudantes, nesse compromisso firmado e na dedicação de estudantes, professores e pais, em dias letivos mais longos, com muitas atividades extracurriculares, na autonomia acadêmica e financeira da gestão da escola e no foco explícito que mede resultados pelo desempenho obtido em exames nacionais e na aceitação dos egressos nos cursos superiores. Eles cobram e recebem muito esforço da parte de todos!

As taxas de conclusão do ensino médio dos estudantes que terminaram o ensino fundamental em uma escola KIPP atingem 95%, e 89% de seus egressos são aceitos no ensino superior. É um grande sucesso de resultados. Cerca de 46% de seus egressos terminam a universidade, o que está aquém das expectativas dos dirigentes da KIPP, mas bem acima da média para a mesmo extrato da população, que é somente de 8%.

A minha experiência própria me ensinou que acreditar na capacidade dos estudantes é uma profecia auto-realizável. Se acreditarmos neles, eles aprenderão mais e melhor. O foco excessivo nos resultados dos exames, embora vá contra a posição da maioria dos educadores que defendem, com razão, que a formação ideal do estudante deve ser mais ampla e menos direcionada a exames específicos, deve ser entendido no contexto destas escolas. As escolas KIPP se colocaram em uma guerra, e esta guerra, traduzida na sua missão, é a de trabalhar com os estudantes das regiões mais carentes, que nunca tiveram chance, e prepará-los para se transformar em profissionais de nível superior.

Nesta guerra, a estratégia adotada é o foco nos exames, ou seja, o alcance de uma real oportunidade para esses alunos ascenderem socialmente. A escola não diz que se estivesse tratando com estudantes oriundos de famílias de alto poder econômico e de alto nível cultural adotaria a mesma tática. As escolas KIPP parecem ser um sucesso porque alcançam aquilo que se propuseram a fazer.

Ficam algumas lições: a obsessão pelo sucesso do aluno (a definição de sucesso depende da missão da escola e da aceitação dos pais) é indispensável em qualquer sistema educacional, só se vence com muito esforço de todos, a valorização (não somente na educação) do estudante é uma profecia auto-realizável e, muitas vezes, o ótimo é inimigo do bom (o foco somente nos exames, por exemplo).

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