Ano Novo é também oportunidade de aprender, trabalhar e
servir. O tempo como paternal amigo, como que se reencarna no corpo do
calendário, descerrando-nos horizontes mais claros para necessária
ascensão.
Lembra-te de que o ano em retorno, é novo dia a
convocar-te para a execução de velhas promessas que ainda não tivestes a
coragem de cumprir.
Se tens inimigos faze das horas renascer-te o caminho da reconciliação.
Se foste ofendido, perdoa, a fim de que o amor te clareie a estrada para frente.
Se descansaste em demasia, volve ao arado de tuas obrigações e planta o bem com destemor para a colheita do porvir.
Se a tristeza te requisita esquece-a e procura a alegria serena da consciência tranquila no dever bem cumprido.
Ano Novo! Novo Dia!
Sorri para os que te feriram e busca harmonia com aqueles que te não entenderam até agora.
Recorda que há mais ignorância que maldade em torno de teu destino.
Não maldigas nem condenes.
Auxilia a acender alguma luz para quem passa ao teu lado, na inquietude da escuridão.
Não te desanimes nem te desconsoles.
Cultiva o bom ânimo com os que te visitam dominados pelo frio do desencanto ou da indiferença.
Não te esqueças de que Jesus jamais se desespera conosco
e, como que oculto ao nosso lado, paciente e bondoso, repete-nos de
hora a hora: - Ama e auxilia sempre. Ajuda aos outros amparando a ti
mesmo, porque se o dia volta amanhã, eu estou contigo, esperando pela
doce alegria da porta aberta de teu coração.
Educadores criticam inclusão de ética e cidadania no currículo
Aprovado no Senado, o projeto de lei que prevê a inclusão de duas novas
disciplinas obrigatórias (Cidadania Moral e Ética, no ensino
fundamental, e Ética Social e Política, no médio) já está causando
polêmica antes de ser votado na Câmara de Deputados. Os defensores da
proposta do senador Sérgio Souza (PMDB-PR) argumentam que a atual crise
de valores e o cenário de corrupção justificam a necessidade dos
conteúdos. Mas educadores ouvidos pelo GLOBO são contra, alegando
principalmente que a grade curricular do ensino básico já está saturada.
O próprio Ministério da Educação e o Conselho Nacional de Secretários
de Educação (Consed) reprovam a iniciativa. O ministro da Educação,
Aloizio Mercadante, frisa que as escolas públicas já têm 13 disciplinas
obrigatórias. — A sobrecarga não contribui para o aluno ter foco nas disciplinas essenciais, que são Matemática, Língua Portuguesa e Ciências. Presidente
do Consed, Maria Nilene Badeca da Costa diz que os dois órgãos
trabalham juntos na reformulação da Educação básica. Para ela, a
inclusão das disciplinas inviabilizaria o projeto político pedagógico
das escolas.
— Os currículos escolares já estão sobrecarregados,
não há disponibilidade de espaço na matriz curricular. Não é necessário
alterar a legislação. O Consed acredita que a experiência educacional já
indica fortemente conteúdos relativos à ética, à cidadania e à política
— defende Maria Nilene. De acordo com o Consed, esses conteúdos
devem ser tratados de modo integrado com o currículo escolar, como eixos
transversais, permeando a formação dos estudantes em todos os
componentes curriculares existentes.
Mas o senador Sérgio Souza
(PMDB-PR) defende sua proposta. Ele cita um levantamento feito pelo
Fórum Econômico Mundial, com 60 países, que colocou o Brasil na 50ª
posição no ranking de corrupção, e no 55º lugar na ineficiência da
Justiça. Questionado se o projeto não seria um mea culpa por parte da
classe política, Souza rebate: — Se formarmos cidadãos conscientes
para serem representantes, eles irão para a política com propósitos
diferentes, que não sejam voltados ao próprio interesse econômico. O
cidadão já é corrupto no momento em que quer levar vantagem na fila do
pedágio ou do mercado. A cultura brasileira tem isso de ser país do
jeitinho, é vergonhoso.
Por isso, o senador defende a implantação
de uma política educacional voltada para a formação moral e ética
preparando os jovens para o exercício responsável da cidadania. Souza
contesta os argumentos da falta de tempo e espaço no currículo: —
Com a proposta de período escolar integral, essa justificativa cai por
terra. Antes de discutirmos se há espaço, temos que discutir se é
importante. Os argumentos não convencem a relatora das diretrizes
curriculares no Conselho Nacional de Educação, Regina de Assis, que
endossa as críticas. — Isso é desconhecimento de currículo. Não
vejo necessidade de incluir mais duas disciplinas para se teorizar sobre
isso. Já faz parte das metas curriculares e dos projetos
político-pedagógicos. Desde a creche tem que se ensinar a ética a partir
de valores e da prática — diz Regina, doutora em educação.
O
professor Victor Notrica, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos
de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro, lembra que o conteúdo
proposto pelas novas disciplinas já é trabalhado pelos professores. Ele
ressalta a dificuldade de se cumprir o currículo atual nos 200 dias e
800 horas/ano obrigatórios por lei e levanta outro problema: — Não
sei se há docentes especializados para dar esses conteúdos em
disciplinas específicas. Isso tudo faz parte do dia a dia escola. Os
professores das ciências sociais, exatas e Língua Portuguesa já fazem
uma abordagem de ética e cidadania. A inclusão obriga uma exclusão. Vai
hipersaturar a carga horária dos estudantes e tumultuar ainda mais a
grade curricular pelo excesso de conteúdo.
Alguns colégios
cariocas alegam que já transmitem esses valores em outras disciplinas. O
pH, por exemplo, tem a Aula de Vida para o ensino fundamental e de
Atualidades para o médio. O São Bento ministra ensino religioso para os
menores e teologia para os mais velhos. Diretora do São Bento, Maria
Elisa Penna Firme lembra que a escola funciona das 7h30m às 17h30m. —
Já temos 15 disciplinas. Para entrar duas disciplinas, temos que tirar
carga horária daquelas que já compõem o currículo. São temas
importantes, mas que devem ser abordados dentro de Filosofia, Sociologia
e Geografia — diz ela.
Rui Alves, diretor de ensino da rede pH, é
menos refratário. Se a proposta virar lei, o colégio adaptará o
conteúdo trocando os nomes das matérias: — São disciplinas
importantes para a formação dos alunos. A grande preocupação é contornar
essa situação dentro da grade desses segmentos. Secretária municipal de Educação, Cláudia Costin também está preocupada com a carga horária. —
Enquanto não resolver a questão da carga horária, sou contra. Nas
nossas 119 escolas com 7 horas diárias, estamos incluindo a disciplina
Educação para Valores. Nas demais, com média de 4 horas de aula/dia, se
entrar mais uma disciplina, vamos ter menos tempo para trabalhar
Matemática, Português e Ciências, que têm se saído tão mal em rankings
internacionais.
Um currículo em crescimento constante
Elaborado
pelo senador Sérgio Souza, o projeto que prevê a inclusão das duas
disciplinas no currículo tem como relator o senador Cristovam Buarque
(PDT-DF), ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB). O texto, que
ainda será submetido a votação na Câmara dos Deputados, não é o primeiro
a propor mudanças curriculares na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB), de 1996. A cada ano, a legislação vai crescendo junto com os
currículos. A alteração mais recente aconteceu em abril deste ano,
quando foram incluídos os princípios de proteção e defesa civil e a
educação ambiental de forma integrada aos conteúdos dos ensinos
fundamental e médio nas escolas.
Em 2008, a inclusão de Filosofia e
Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino
médio também gerou polêmica e até hoje é questionada. — A inclusão
de Sociologia e Filosofia já foi demais. Tem que haver um projeto de
currículo nacional, com conteúdos mínimos necessários para se aprender
em cada série, e alguns aspectos regionais, que podem variar de estado
para estado — defende Rubem Klein, da Associação Brasileira de Avaliação
Educacional. Também em 2008, a música passou a ser conteúdo
obrigatório, mas não exclusivo do ensino de Artes.
No mesmo ano,
tornou-se obrigatório o estudo da história e da cultura afro-brasileira e
indígena em todo o currículo dos ensinos fundamental e médio, em
especial em Artes, História e Literatura. Um ano antes, o ensino
fundamental passou a ter, obrigatoriamente, conteúdo sobre os direitos
das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz o Estatuto da
Criança e do Adolescente. Mais recentemente, em 2011, o estudo
sobre os símbolos nacionais passou a ser incluído como tema transversal
nos currículos do ensino fundamental.
Comento:
Os meandros desta bela iniciativa escancaram três situações: a ineficiência do MEC em lidar com a versatilização do currículo nacional, a incapacidade do ensino público incrementar seus quadros com docentes especializados para ministrar temas tão efervescentes e uma terceira, que eu reputo como crítica se não controlada - que a validação deste projeto de lei não torne nossas salas de aula a racionalização dos crimes perpetrados pelos poderes da República, em prol de uma ética e de uma cidadania que só existe na "lei de Gerson".
A rede escolar americana KIPP é uma organização sem fins
lucrativos que atua em bairros carentes, com a maioria os estudantes de
origem humilde, sendo 95% afro-descendentes ou latinos. Esse conjunto de
escolas vem chamando a atenção por causa dos bons resultados alcançados
nos exames nacionais, pela baixa taxa de evasão e pelo significativo
percentual de seus egressos que vão para o ensino superior.
Estas escolas se baseiam em um compromisso firmado entre professores,
estudantes e pais para colocar o aprendizado em primeiro lugar.
Estudantes só são aceitos nas escolas se eles e seus pais, com o apoio
dos professores, se comprometem formalmente a fazer de tudo para que os
estudantes aprendam. As escolas se baseiam em altas expectativas de sucesso dos
estudantes, nesse compromisso firmado e na dedicação de estudantes,
professores e pais, em dias letivos mais longos, com muitas atividades
extracurriculares, na autonomia acadêmica e financeira da gestão da
escola e no foco explícito que mede resultados pelo desempenho obtido em
exames nacionais e na aceitação dos egressos nos cursos superiores.
Eles cobram e recebem muito esforço da parte de todos!
As taxas de conclusão do ensino médio dos estudantes que terminaram o
ensino fundamental em uma escola KIPP atingem 95%, e 89% de seus
egressos são aceitos no ensino superior. É um grande sucesso de
resultados. Cerca de 46% de seus egressos terminam a universidade, o que está
aquém das expectativas dos dirigentes da KIPP, mas bem acima da média
para a mesmo extrato da população, que é somente de 8%.
A minha experiência própria me ensinou que acreditar na capacidade
dos estudantes é uma profecia auto-realizável. Se acreditarmos neles,
eles aprenderão mais e melhor. O foco excessivo nos resultados dos exames, embora vá contra a
posição da maioria dos educadores que defendem, com razão, que a
formação ideal do estudante deve ser mais ampla e menos direcionada a
exames específicos, deve ser entendido no contexto destas escolas. As
escolas KIPP se colocaram em uma guerra, e esta guerra, traduzida na sua
missão, é a de trabalhar com os estudantes das regiões mais carentes,
que nunca tiveram chance, e prepará-los para se transformar em
profissionais de nível superior.
Nesta guerra, a estratégia adotada é o foco nos exames, ou seja, o
alcance de uma real oportunidade para esses alunos ascenderem
socialmente. A escola não diz que se estivesse tratando com estudantes
oriundos de famílias de alto poder econômico e de alto nível cultural
adotaria a mesma tática. As escolas KIPP parecem ser um sucesso porque alcançam aquilo que se propuseram a fazer.
Ficam algumas lições: a obsessão pelo sucesso do aluno (a definição
de sucesso depende da missão da escola e da aceitação dos pais) é
indispensável em qualquer sistema educacional, só se vence com muito
esforço de todos, a valorização (não somente na educação) do estudante é
uma profecia auto-realizável e, muitas vezes, o ótimo é inimigo do bom
(o foco somente nos exames, por exemplo).
Censo 2010: 10,8% dos universitários estão cursando a segunda graduação
O IBGE divulgou, nesta quarta-feira (19), dados inéditos sobre o perfil
universitário brasileiro nos resultados da amostra de educação e
deslocamento do Censo Demográfico 2010. Segundo o estudo, entre os
estudantes de ensino superior, 10,8% já eram formados e estavam cursando uma segunda graduação. O maior percentual foi observado na região Sudeste, com 12,7%, contra 8,8%, no Sul, o menor do país. De acordo com a pesquisa, a incidência cresce junto com o aumento da
idade: de 3,9% entre universitários de até 24 anos, a 30,1%, com 40 anos
ou mais. O índice também é mais alto entre os ocupados no mercado de
trabalho (12,6%) em relação aos não ocupados (7,2%).
Jacqueline
Resch, especialista em recursos humanos, aponta duas hipóteses
principais para o retorno à vida universitária de pessoas mais velhas,
já formadas e empregadas: a necessidade de se adaptar a um mercado cada
vez mais competitivo e multidiscplinar ou o redirecionamento da
carreira. — Ou a pessoa escolheu uma carreira e não se identificou
ou sente necessidade de complementar a formação com alguma área que não
domina. Como as empresas exigem cada vez mais dos funcionários, há uma
busca maior pelo conhecimento. Hoje, as pessoas trabalham em equipes
muito interdisciplinares, o que pode despertar mais interesse e
necessidade. Isso aumenta com a idade mais avançada, quando a situação
financeira já está mais estável — explica Jaqueline.
Sócia-diretora
da Resch Recursos Humanos, que faz processos seletivos para empresas
como Brasil Brokers, Shell, Vale e White Martins, ela exemplifica como
isso pode ocorrer na prática: — Isso ocorre com pessoas que estão
mais antenadas com a demanda do mercado e que vão para cargos de gestão.
Se não têm formação em Administração, buscam esse segundo curso, por
exemplo. Podem optar por Direito também, por lidar com contratos, e
acharem que vão ter um entendimento maior nessa área. Emanuelle
Morais Braga, de 33 anos, se encaixa nesse perfil. Formada originalmente
em Publicidade, ela sentiu a necessidade de estudar Direito depois que
começou a trabalhar na área de compras e licitações públicas do
Ministério do Esporte. Hoje, ela concilia a segunda faculdade com o
emprego.
— Fiz Comunicação primeiro e não estava atuando na minha
área. Como meu trabalho é muito ligado à legislação, resolvi ampliar o
conhecimento na área de publicidade e propaganda para poder advogar na
área de direito empresarial. É uma luta: ao mesmo tempo, preciso do
trabalho para pagar a faculdade — conta a brasiliense. Seu irmão
Bruno, de 27 anos, está seguindo caminho parecido. Ele se formou em
Aviação Civil em 2008. Diante das dificuldades da profissão, decidiu
voltar à universidade em 2010. Hoje, cursa Engenharia Civil e estagia
numa construtora. Bruno explica que a escolha aliou suas aptidões ao
aquecimento do mercado.
— O que mais me motivou a não continuar a
carreira de piloto foi o dinheiro. No início, é um gasto muito alto sem
receber nada em troca. Agora, estou no 5º período de engenharia e ganho
bem como estagiário. Como prefiro a área de cálculo e gosto muito das
exatas, pelo que pesquisei era o que mais se encaixava no meu perfil,
além de ser uma área que carece de profissionais capacitados — diz
Bruno. Para Andrea Ramal, consultora em educação, dois fatores
explicam a opção pela segunda graduação, um mercadológico e outro
cultural. O primeiro aspecto pode ser motivado pela escassez de
oportunidades profissionais ou pela percepção de uma escolha inadequada.
Por isso, ela acredita que a volta aos estudos se intensifique à medida
em que se fica mais velho.
— A esta altura, a pessoa já tem mais
maturidade para verificar por onde vai o mercado, onde estão as melhores
oportunidades e até mesmo qual é sua maior vocação, o que nem sempre
acontece na escolha da primeira carreira, quando o estudante é bem jovem
e imaturo — compara Andrea.
Na perspectiva cultural, Andrea
também cita a interdisciplinaridade e a conexão de saberes,
características da atual sociedade. Ela enxerga nesse campo a
justificativa pela escolha de um novo curso de ensino superior em vez de
uma pós-graduação: — Alguns profissionais podem ter interesse não
em se especializar cada vez mais numa área só (MBA, pós, mestrado
etc.), mas em diversificar seu olhar e experiência profissional. Nesses
casos, é mais comum que a pessoa busque uma segunda graduação que
complemente a primeira. Exemplo: professor ou médico fazendo psicologia,
advogado fazendo relações internacionais etc. Às vezes, essas opções
são mais valorizadas no mercado, do que uma pós feita muito cedo.
Estudo identifica práticas comuns de escolas com bons resultados em áreas pobres
O que há em comum entre escolas que, mesmo atendendo alunos pobres,
conseguem fazer com que todos tenham acesso a um ensino de qualidade?
Para responder a esta pergunta, a Fundação Lemann acompanhou de perto
seis colégios públicos — no Rio, em Sobral (CE), Pedra Branca (CE),
Palmas (TO), Acreúna (GO) e Foz do Iguaçu (PR) — que hoje têm pelo menos
70% dos alunos no nível adequado em Matemática e Português e apenas 5%
de conceito insuficiente no primeiro ciclo do ensino fundamental.
— Partimos de 215 escolas para chegar a essas seis. Usamos a Prova
Brasil para saber a escolaridade e a ocupação dos pais e ainda os bens
que têm em casa, com foco nos alunos do 5º ano — conta Ernesto Faria,
coordenador de projetos da Fundação. — Daí, focamos em experiências que
podem ser replicadas em outros lugares. Quando a gente fala em melhorar,
por exemplo, a formação inicial e o plano de carreira, isso demanda
esforços diversos. Essas escolas, no entanto, investem no que está mais à
mão, mais fácil de alcançar.
A pesquisa foi feita depois que O
GLOBO publicou a reportagem “Aula de Excelência na Pobreza”, vencedora
do Prêmio Esso de Educação. A série contava, a partir de levantamento em
parceria com a Fundação Lemann, a história de boas escolas públicas em
áreas carentes.
Entre as ações que podem ser replicadas, quatro
são comuns a todas as escolas visitadas. Em Pedra Branca e Sobral, no
Ceará, e Foz do Iguaçu, no Paraná, a pesquisa constatou que as
secretarias de Educação trabalharam para identificar os pontos fracos em
relação ao aprendizado, passaram a acompanhar os resultados das
avaliações e, a partir daí, desenvolveram um plano para recuperar o
ensino. Tudo com metas claras e com foco bastante específico: fazer com
que todos os alunos aprendam o conteúdo esperado para sua série na idade
certa.
As escolas visitadas em Acreúna, em Goiás, no Rio e em
Palmas, no Tocantins, passaram pelo mesmo processo, ainda que ele não
tenha sido estendido para toda a rede. — Isso nos fez ver que tão
importante quanto a política a ser desenvolvida é a maneira como é
implementada, se tem ou não acompanhamento contínuo. No caso do
acompanhamento das secretarias de Educação, se o professor acha que está
sendo monitorado, se não acredita na meta, vai ser difícil ir adiante.
Não adianta ter a ideia mais brilhante se quem está na ponta, o
professor, não acreditar nela — diz Faria, lembrando que nessas escolas
as secretarias agiram de modo que todos percebessem que estavam sendo
ajudados com soluções.
Bônus para professores
Para
estimular que as metas fossem cumpridas, as redes passaram a dar bônus
aos professores que garantem o aprendizado de seus alunos. Em algumas
secretarias, se a escola vai bem no Índice de Desenvolvimento de
Educação Básica (Ideb), todos recebem bônus. Em Foz, por exemplo, os
profissionais das unidades que conquistam desempenho maior ou igual à
meta do Ideb recebem o 14º salário. Para cumprir as metas, as
escolas passaram a ter que acompanhar de perto o aprendizado dos alunos.
“O nosso trabalho é todo dia, é corpo a corpo, uma dedicação diária”,
conta um professor entrevistado pelos pesquisadores. “Nossa rotina é de
acompanhamento individual do professor e do aluno, se atentando ao que
eles estão precisando”, explica um coordenador pedagógico.
Algumas
escolas estabeleceram avaliações oficiais, que ajudam a identificar os
estudantes que precisam de reforço escolar. Em Foz do Iguaçu, a equipe
da Secretaria de Educação percorre as escolas e analisa os cadernos dos
alunos do 4º e 5º anos, além de observar a aula dada. — Percebemos
que o modelo não se limita a relatar para a Secretaria o que foi visto,
mas se preocupa em mostrar como é possível melhorar. Foz tem 51 escolas
municipais e a pior tem 65% dos alunos no nível adequado de aprendizado
— conta Faria.
Com os dados em mãos, passaram a investir em
formação continuada. Em Pedra Branca, quando a avaliação aponta que um
determinado professor consegue ensinar um conteúdo em que os outros têm
dificuldades, ele é chamado para explicar o método. Nas seis
escolas, os estudantes que têm desempenho acima da média são estimulados
e recebem treinamento para participar, por exemplo, de olimpíadas de
conhecimento. Outro ponto comum entre elas é que nenhuma medida é tomada
com base na intuição. “A gente achava que podia transformar com o nosso
conhecimento de senso comum. Só que a gente viu que não, que precisava
de conhecimento científico”, diz um coordenador pedagógico entrevistado
pelos pesquisadores.
As escolas pesquisadas conseguiram ainda
criar um ambiente agradável, que deixa os alunos à vontade para
aprender. As unidades são seguras, limpas e têm prédios preservados.
Algumas contam com psicólogos, fonoaudiólogos e nutricionistas. —
Isso é fundamental, porque os alunos precisam estar num lugar em que se
sintam bem e que os ajude a lidar com o ambiente fora da escola — diz
Faria. — Vimos que as crianças gostam da escola, citam professores
específicos, fazem desenhos retratando o local. E também que os pais não
são chamados apenas quando os filhos vão mal. A participação deles é
incentivada. Se eles vão à escola, mesmo que sejam analfabetos e não
possam auxiliar no dever de casa, podem checar se foi feito. Já é um
passo muito importante.
Nota do Enem 2012 já está disponível para consulta
Para conferir seu desempenho, participante deve fornecer número CPF ou de inscrição, além da senha cadastrada
O Ministério da Educação (MEC) liberou para consulta nesta sexta-feira o boletim de desempenho individual no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2012. Os participantes devem acessar o site da prova
e fornecer o número de CPF ou da inscrição, além da senha cadastrada no
ato da inscrição. Caso o participante tenha perdido a senha, é possível
recuperá-la na própria página do Enem.
O boletim apresenta o desempenho do candidato nas quatro áreas
avaliadas. São elas: linguagens, matemática, ciências humanas e da
natureza, além da nota de redação. O Enem 2012 foi aplicado entre os
dias 3 e 4 de novembro para cerca de 5 milhões de estudantes.Vale lembrar que o Enem é corrigido segundo a Teoria da Resposta ao Item (TRI),
um método internacionalmente difundido em que a nota final não é
resultado da simples soma do número de questões que o participante
acerta. Isso porque nem todas questões têm o mesmo valor.
Se o participante acerta somente questões difíceis, sinaliza ao sistema
de correção inconsistência no domínio da disciplina avaliada, pois a
TRI considera que o conhecimento necessário à resolução dos testes
fáceis é um pré-requisito à solução dos mais complexos. Em uma situação
como essa, portanto, o sistema avalia que é alta a probabilidade de o
acerto ser fruto da sorte (ou de boa mira para o "chute").
Para ajudar os participantes a entender melhor como é caculada a nota
do Enem, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(Inep), autarquia do MEC, divulgou nesta sexta-feira uma cartilha sobre a
TRI e os métodos de correção da avaliação nacional. O material está
disponível para download. Com a nota do Enem em mãos, os estudantes poderão se inscrever no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) a partir de 7 de janeiro.
O Sisu é o programa que seleciona estudantes para instituições públicas
de ensino superior com base exclusivamente na nota do Enem. Para o
primeiro semestre de 2013 estão sendo oferecidas quase 130.000 vagas em mais de 3.500 cursos e 101 universidades e institutos. Os interessados têm até o dia 11 para fazer a inscrição no sistema.
Também com a nota do Enem será possível concorrer a uma das bolsas do
Programa Universidade para Todos (ProUni). O cronograma de inscrições
deve ser divulgado pelo MEC no início de próximo mês. Além disso, o Enem
auxilia na disputa de bolsas do programa Ciência sem Fronteiras, na
obtenção de financiamento estudantil e serve como bônus em diversos
vestibulares de universidades públicas e privadas.
Falha técnica - Na tarde de quinta-feira, uma falha no sistema do MEC
permitiu que alguns estudantes tivessem acesso antecipado à nota de
redação do Enem 2012. Isso porque, por volta das 16h o ministério
realizava os últimos procedimentos para a divulgação oficial dos
resultados. Durante as últimas etapas da fase de testes, os resultados
da prova de redação ficaram visíveis aos participantes que estavam na
página no momento.
Novo acordo ortográfico só será obrigatório em 2016
Em vigor desde 2009,
mudanças na língua portuguesa se tornariam obrigatórias em janeiro de
2013. Senadores querem mais tempo para adaptações
A presidente Dilma Rousseff adiou por mais três anos o início da
obrigatoriedade do uso do novo acordo ortográfico, em vigor desde 2009.
Com isso, as novas regras, que se tornariam obrigatórias em 1º de
janeiro de 2013, só poderão ser cobradas a partir de 1º de janeiro de
2016. O novo prazo foi regulamentado no Diário Oficial da União desta sexta-feira.
O adiamento já era esperado. Desde o início do ano, senadores pedem mais tempo
para o país se adaptar às novas regras e discutir a reforma. Em abril,
Ana Amélia Lemos (PP-RS), Cristovam Buarque (PDT-DF), Cyro Miranda
(PSDB-GO) e Paulo Bauer (PSDB-SC) promoveram uma audiência pública na
Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado para a discussão do
tema. As regras do novo acordo estão prontas desde 1990, quando o texto foi
elaborado e aprovado pelos então representantes da Comunidade de Países
de Língua Portuguesa (CPLP) - Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo
Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Na época, o Timor-Leste, que
hoje faz parte da Comunidade, ainda não era uma nação independente. O
país só aderiu ao acordo em 2004, após tornar-se independente.
A partir de então, cada país deveria ratificar o documento assinado e
definir os prazos para a entrada em vigor do novo acordo. Em Portugal, a
reforma foi ratificada e promulgada em 2008 e as novas regras entraram
em vigor em maio de 2009, com a previsão de se tornarem obrigatórias no
prazo de seis anos. No Brasil, o acordo foi ratificado em setembro de
2008 e as novas regras já estão em uso, embora em caráter não
obrigatório, desde 1º de janeiro de 2009. O acordo também já foi ratificado por Cabo Verde (2006), São Tomé e
Príncipe (2006), Guiné-Bissau (2009) e Timor Leste (2009). Moçambique e
Angola ainda não ratificaram o documento.
Ao se tratar da seleção de professores na contratação para a rede
particular ocorre um diferencial, visto que na rede pública esta é
realizada através de concursos e na particular por meio de avaliação
curricular.
Os requisitos exigidos para a contratação de um educador competente.
Pois bem! Você, educador que manifesta
interesse em atuar na rede particular de ensino, sabe quais são os
requisitos que atualmente são prioridades no momento de definir qual o
profissional a ser contratado?
Considerando a grande exigência das redes particulares de ensino no
momento de selecionar o professor ideal para sua instituição, geralmente
é realizada uma avaliação minuciosa do currículo, seguida de
entrevistas detalhadas e principalmente a solicitação de uma aula na
qual o profissional será avaliado quanto à sua prática.
Buscando orientar o profissional para que possa providenciar o que
realmente faz a diferença no processo seletivo, contribuindo com
melhores chances de serem contratados, segue abaixo algumas
características e requisitos referentes à docência que são bastante
relevantes para o reconhecimento do profissional e conseqüentemente
abrindo caminho para novas oportunidades de trabalho:
EXPERIÊNCIA ANTERIOR: busque manter-se em uma
escola por bom tempo, visto que professores que mudam continuamente de
escolas são encarados de forma negativa, principalmente por estar
trocando constantemente o tipo de metodologia;
CARACTERÍSTICAS PESSOAIS: Toda escola tem seu
próprio perfil de professor, podendo coincidir certas exigências
totalmente ou em partes com outras ou apresentarem perfis diferenciados
que geralmente variam de acordo com uma série de fatores como:
metodologia, social, religioso, econômico, etc.
Vale ressaltar que certas características são colocadas como
fundamentais para todos os professores, como capacidade de inovar e
adaptar as possíveis mudanças da instituição, dinamismo, flexibilidade,
criatividade, entre outros.
CONHECIMENTO DE INFORMÁTICA: principalmente por se referir à rede particular, onde geralmente ocorre a iniciação de informática desde a Educação Infantil com aulas ministradas em laboratórios.
LEITURA VARIADA: estar sempre atualizado, tendo o
hábito diário da leitura, requisito fundamental para uma boa formação
cultural, atuando como uma excelente fonte de informação para a escola
como um todo.
Ser bem informado é requisito básico para qualquer professor que busca
se atualizar profissionalmente, conhecendo novas metodologias e os
resultados das últimas pesquisas em sua área.
ATUALIZAÇÃO PERMANENTE: a reciclagem, seja
através de cursos ou da participação em congressos e seminários, é
eterna para todo profissional capacitado e completo.
POSTURA PESSOAL: ter espírito de coletividade é
fundamental para todo educador. A troca de experiências, principalmente
através do trabalho em equipe de forma interdisciplinar, proporciona um
trabalho de qualidade que irá refletir no desempenho dos alunos.
DOMÍNIO DE CLASSE: ponto de partida para iniciar
qualquer trabalho com os alunos. Ressaltando as regras que irão
promover a disciplina, porém colocadas de forma justa e democrática com a
participação dos alunos, enfatizando que determinadas regras são
obrigatórias e necessárias para esclarecer as conseqüências das atitudes
condenadas na classe, na escola ou na sociedade.
DOMÍNIO DE LÍNGUAS: primeiramente falar e
escrever corretamente a língua portuguesa, levando em consideração a
importância de todo profissional dominar uma segunda língua. Costuma-se
optar em especial pelo inglês, por se tratar da língua mais importante e
requisitada, inclusive por ser uma língua falada em vários países, o
que facilita o acesso às fontes de informação, tendo a internet como um
dos meios mais utilizados, pois normalmente as fontes são bastante
diversificadas.
Vale ressaltar que a escolha dessa segunda língua é pessoal, varia de acordo com os desejos e necessidades de cada indivíduo. Aos educadores que estão na busca constante por novas oportunidades de
trabalho, eis uma forma de contribuir e desejar os votos de boa sorte e
sucesso!
Hoje, 25 de dezembro, o Blog da Educadora completa quatro anos de
existência. Já ultrapassamos a marca de 200 mil visitantes e hoje já são 236 mil, originários de 112 países e
de 3.511 cidades do Brasil e do mundo. Agradeço a todos, que oriundos de buscas pelos mecanismos de consulta da rede ou que nos visitam com regularidade, têm feito nossa história e construído nosso sentido de existir. Os assuntos mais procurados foram metodologia de ensino, portfólio escolar e alfabetização,
caracterizando o viés educacional daqueles que aportaram neste espaço cultural. Meu
trabalho, já concretizado em 616 postagens, visa ajudar em tempo real a
divulgação de assuntos de interesse da qualidade do ensino e algumas
inserções de minha própria autoria emolduram uma iniciativa que
objetiva reforçar, no âmbito da rede mundial de computadores, a
importância da temática pedagógica e educacional. Agradeço a Deus por
ter me concedido inspiração para escolher bons assuntos a serem
transcritos. Agradeço aos meus familiares a tolerância por ver-me
seguidamente em atividade tão estranha à rotina doméstica e agradeço
também a todos aqueles que voluntariamente ou por acaso visitaram o
Blog da Educadora, que a partir desta data rumará com destino ao quarto
aniversário. Que no próximo ano, ao apagarmos as 5 velinhas, tenhamos
um país mais consciente da necessidade de educar com qualidade sua
população, confirmando com essa ação sua condição de potência mundial.
Feliz 2013 e muito obrigada a todos.
'Cota não resolve problema da educação. Ela cria ilusão'
A estudiosa afirma que,
apesar da propaganda acerca da reserva de vagas, a esmagadora maioria
dos jovens seguirá sem lugar na universidade pública
Nathalia Goulart
Eunice Durham, professora de antropologia da USP
'O vestibular é talvez o mecanismo mais justo de seleção. Só
passa quem tem capacidade. O filho do senador e o filho da doméstica
fazem exatamente a mesma prova. Agora, se os que passam são
majoritariamente provenientes da parte mais rica de população é por
culpa do sistema público, que é de péssima qualidade. Não é o vestibular
que é elitista – é o sistema básico que é desigual'.
Em agosto, a presidente Dilma Rousseff assinou a chamada lei das cotas,
que reserva 50% das vagas de universidades federais a estudantes
oriundos de escolas públicas de ensino médio. Nesta semana, o governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin, lançou um programa de inclusão social
para as três universidades públicas paulistas, USP, Unicamp e Unesp –
apontadas nos rankings internacionais como centros de excelência em
pesquisa no Brasil. "Embora a proposta pareça um pouco melhor do que a
lei federal, está longe de ser a solução", diz a antropóloga Eunice
Durham.
Ex-secretária de política educacional do Ministério da Educação, membro
do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da USP e estudiosa do
ensino superior, Eunice acusa a nova proposta de carregar o mesmo
discurso e enganos revelados em 2002, quando foi adotada pela primeira
vez no país o mecanismo de reserva de vagas (por raça, então), na UFRJ.
"Tanto as cotas raciais como as cotas sociais são remendos demagógicos",
diz. "Existe uma grande desigualdade educacional entre pobres e ricos,
negros e brancos. Mas a questão é que isso está sendo combatido no lugar
errado. Querem consertar as desigualdades do Brasil na porta da
universidade, sendo que o problema se origina na educação básica."
Para quem acha que a posição é ideológica, a professora oferece
números. "Mesmo com toda essa propaganda de que a universidade agora
está de portas abertas para os alunos da rede pública, 95% da população
jovem vai seguir fora da universidade pública." Mais efetivo e justo,
defende a antropóloga, seria a criação e manutenção, pelas universidades
públicas, de cursos pré-vestibulares que preparassem os estudantes da
rede pública para o ingresso no vestibular. "Desde que a universidade
chegou ao Brasil, as famílias ricas recorrem a esse tipo de aulas
adicionais para garantir que seus filhos tenham o conhecimento
necessário para passar no vestibular. Por que não oferecer a mesma
oportunidade para os pobres?", indaga a estudiosa. Confira a seguir
trechos da entrevista que ela concedeu ao site de VEJA.
Como docente da USP e membro da comunidade acadêmica, como a
senhora recebeu a notícia de que a universidade deve aderir ao programa
de cotas do estado? Embora pareça um pouco melhor do que a lei
federal, a proposta do governo estadual está longe de ser a solução.
A ideia pode até ser aproveitada, mas precisa ser melhor analisada. Não
podemos implementar um plano assim, sem testar outras alternativas.
Quais os problemas das políticas de cotas? Tanto as
cotas raciais como as cotas sociais são remendos demagógicos. Entendo
que os problemas que elas visam combater são reais. De fato, existe uma
grande desigualdade educacional entre pobres e ricos, negros e brancos.
Mas a questão é que isso está sendo combatido no lugar errado. Querem
consertar as desigualdades do Brasil na porta da universidade, sendo que
o problema se origina na educação básica. Não é o vestibular que
discrimina. O vestibular é talvez o mecanismo mais justo de seleção. Só
passa quem tem capacidade de passar, não há beneficiados. O filho do
senador e o filho da doméstica fazem exatamente a mesma prova. Agora, se
os que passam são majoritariamente provenientes da parte mais rica de
população é por culpa do sistema público, que é de péssima qualidade.
Não é o vestibular que é elitista – é o sistema básico que é desigual.
Hoje, cerca de 80% dos alunos da educação básica estão
matriculados na rede pública. Não é natural desejar que universidades
federais e estaduais atendam também a essa população? A questão
primordial é que as cotas não dão conta de incluir toda essa
gente. Posso citar alguns números: no estado de São Paulo, menos de 30%
dos jovens estão matriculados no ensino superior – há, portanto, pelo
menos 70% de excluídos. Dos 30% incluídos, as universidades públicas
atendem apenas 15% do total de matriculados, isto é, 4,5% dos jovens –
menos de 5%. As cotas não mudam esse cenário porque não criam vagas,
elas apenas fazem a redistribuição. Querem criar um programa para
incluir mais negros nesse porcentual de 4,5%, mas isso em nada vai
alterar o nível crucial de exclusão que temos. Eu sou contra cota
racial: ela penaliza outra parte da população que também precisa de
estímulos: os brancos pobres.
As cotas são uma falsa ideia de inclusão, então?
Exatamente. Mesmo com toda essa propaganda de que a universidade agora
está de portas abertas para os alunos da rede pública, 95% da população
jovem vai seguir fora da universidade pública. Por isso as cotas são
demagógicas. Elas não lidam com o problema, elas criam uma ilusão.
E qual é o verdadeiro problema? No Brasil, existe uma
cultura de que ensino superior é sinônimo de universidade. Criou-se esse
mito de que todo mundo precisa ser doutor e que curso técnico
profissionalizante é algo menor, degradante. O país precisa oferecer
cursos diferenciados para populações diferenciadas. Tem gente quem quer
aprender sobre as coisas e tem gente que quer aprender a fazer coisas.
Temos que oferecer escola para todo mundo, ou você acha que todo mundo
precisa estudar física quântica na USP? O Brasil tem que decidir se quer
colocar todo mundo na universidade ou se quer criar um ensino superior
que ofereça condições para dar à maioria da população a condição para
continuar os estudos depois do ensino médio, aprender uma profissão, se
inserir no mercado de trabalho e exercer uma cidadania responsável. Mas
você vê alguém discutindo isso? Eu não vejo. Só vejo um monte de gente
querendo sair bem na foto dizendo que vai colocar mais meia dúzia de
estudantes nas universidade federais e estaduais. E achando que com isso
vai resolver o problema da educação no Brasil.
Equacionar esses problemas levaria anos. O que fazer pela
população pobre, majoritária nas escolas públicas, que está no ensino
médio e precisa ser incluída no ensino superior? A solução mais
imediatista que vejo é a criação, por parte das universidades públicas,
de cursos pré-vestibulares de qualidade para alunos de baixa renda
empenhados em ingressar no ensino superior. Alunos das próprias
instituições poderiam atuar junto a professores como tutores e,
estudantes que almejam ser professores, por exemplo, poderiam fazer
estágio nesses cursos. Desde que a universidade chegou ao Brasil, as
famílias ricas recorrem a aulas adicionais para garantir que seus filhos
tenham o conhecimento necessário para passar no vestibular. Por que não
oferecer a mesma oportunidade para os pobres? Esse pré-vestibular
permitiria checar quais são as reais dificuldades dos alunos e os
métodos mais eficazes para saná-las, pensando em depois replicá-los para
a rede pública de educação básica.
O programa do governo estadual prevê que os alunos realizem um
curso prévio, de dois anos, antes de ingressar nas universidades, uma
espécie de 'college' que garantiria um diploma de nível superior. Isso
não seria suficiente? O programaprevê apenas
que os que forem selecionados passem pelo curso. Não adianta nada
privilegiar meia dúzia de pobres. É preciso oferecer oportunidade de
crescimento a muito mais jovens. Pelo sistema que eu proponho, mesmo os
jovens que não ingressarão na universidade pública terão a oportunidade
de suprir as deficiências que acumularam ao longo da vida escolar. E
estarão assim mais preparados para o mercado de trabalho.
Mas a senhora considera que os 'colleges' poderiam ser uma alternativa às universidades no futuro? Eu
sou a favor da criação de ‘colleges’. Seria uma proposta revolucionária
para o ensino superior brasileiro, mas não pode ser um 'college'
emendado a um projeto de cotas para a universidade. Nos Estados Unidos,
eles funcionam bem e atendem a mais da metade da população. Mas, no
Brasil, o projeto ainda está muito cru. É preciso discuti-lo, saber como
seria implantado, sua vigência e avaliação. Do jeito que foi
apresentado, me parece apenas a resposta a uma pressão demagógica.
Indicadores internacionais mostram que as universidades
públicas paulistas são a elite do ensino superior brasileiro,
instituições dedicadas ao ensino e à pesquisa. As cotas podem afetar a
qualidade dessas universidades? Eu acredito que sim. Existem
algumas pesquisas que apontam o contrário. Elas, em geral, dizem que
alunos cotistas têm desempenho inclusive superior aos não cotistas. Isso
tem a ver com resiliência, a capacidade do estudante de se adaptar e
vencer os obstáculos quando lhe é dada oportunidade. Mas no momento que
essas pesquisas foram realizadas, as cotas tinham outra dimensão,
incluíam um percentual muito menor de alunos. Agora estamos falando que
metade de uma universidade será formada por alunos oriundos de uma
escola de má qualidade. Não há como prever o futuro, mas acredito que a
qualidade de uma instituição não depende apenas de bons professores, mas
também do ingresso de bons alunos.
Esta atividade foi realizada na aula de artes. O professor utilizou caixa de pizza para fazer pintura com guache e o contorno do desenho foi feito com canetinha hidrocor. A atividade foi realizada pela turma do 1º ano e o mural ficou lindo! Achei muito criativo então resolvi compartilhar com vocês.
Estas fotos são de uma maquete que meu filho teve que fazer para a escola. Foi muito divertido porque toda a família participou. Confeccionamos em um feriado e posso afirmar que foi maravilhoso!
A prática da leitura compartilhada é importante tanto para estimular o desenvolvimento do processo da leitura e da escrita como também para favorecer a interação entre pais e filhos. O tipo de leitura compartilhada varia conforme a idade das crianças.
É importante que durante a leitura o adulto coloque entonação na voz de maneira a chamar atenção alternando também para a visualização das imagens do livro. Realizar questionamentos durante a contação é essencial para que a criança possa interagir melhor.
A criança deve ser instigada a caracterizar os personagens possibilitando assim o enriquecimento do vocabulário.
Ao lermos para crianças de 4 a 5 anos, podemos estender mais detalhes e prolongar um pouco a história porque nessa faixa etária a criança já espera mais tempo para interagir. Também prendem por mais tempo a atenção.
Quando selecionamos um livro é imprescindível que tenhamos o cuidado de selecionar o conteúdo para a faixa etária adequada da criança. Cuidados com o vocabulário, tamanho do texto, conceitos também devem ser observados para que não vá contra a faixa etária.
Além de livros, os rótulos apresentam ótimas oportunidades para estimular a leitura nas crianças. Por meio dos rótulos, a criança entra em um novo mundo da leitura, com um estímulo de leitura diferente.
É comum as crianças participarem com a a familia das compras e de preparação de comidas. É nesse contexto que o estímulo da leitura de rótulos poderá acontecer. O adulto vai solicitando informações e a criança vai interagindo e conseguindo identificar os rótulos, logomarcas.
No momento de preparar um alimento o adulto vai compartilhando com a criança os ingredientes e assim se apropriando da leitura por meio de rótulos, signos. Portanto, a leitura na educação infantil é importante, mas os pais devem também dar o exemplo lendo bons livros. Uma criança que cresce em um ambiente rico em livros e leitura terá maior probabilidade para ser um bom leitor.
Encontrei estes dois textos e achei ótimo para serem trabalhados com a educação infantil. Podem ser exploradas as palavras, trechos...
ORA BOLAS
OI, OI, OI
OLHA AQUELA BOLA
A BOLA PULA BEM NO PÉ
NO PÉ DO MENINO.
QUEM É ESSE MENINO?
ESSE MENINO É MEU VIZINHO.
ONDE ELE MORA?
MORA LÁ NAQUELA CASA.
ONDE ESTÁ A CASA?
A CASA TÁ NA RUA.
ONDE ESTÁ A RUA?
TÁ DENTRO DA CIDADE.
ONDE ESTÁ A CIDADE
TÁ DO LADO DA FLORESTA.
ONDE ESTÁ A FORESTA?
A FLORESTA É NO BRASIL.
ONDE ESTÁ O BRASIL?
TÁ NA AMÉRICA DO SUL,
NO CONTINENTE AMERICANO,
CERCADO DO OCEANO
E DAS TERRAS MAIS DISTANTES
DE TODO O PLANETA.
E COMO QUE É O PLANETA?
O PLANETA É UMA BOLA
QUE REBOLA LÁ NO CÉU.
OI, OI, OI,
OLHA AQUELA BOLA
(PAULO TATIT E EDITH DERDYK)
CAIXA MÁGICA DE SURPRESAS
UM LIVRO É UMA BELEZA, É CAIXA MÁGICA SÓ DE SURPRESA.
UM LIVRO PARECE MUDO, MAS NELE A GENTE DESCOBRE TUDO.
UM LIVRO TEM ASAS LONGAS E LEVES QUE, DE REPENTE, LEVAM A GENTE LONGE LONGE.
UM LIVRO É PARQUE DE DIVERSÕES, CHEIO DE SONHOS COLORIDOS, CHEIO DE DOCES SORTIDOS, CHEIOS DE LUZES E BALÕES.
UM LIVRO É FLORESTA COM FOLHAS E FLORES E BICHOS E CORES. É MESMO UMA FESTA, UM BAÚ DE FEITICEIRO, UM NAVIO PIRATA NO MAR, UM FOGUETE PERDIDO NO AR, É AMIGO E COMPANHEIRO.
Salários baixos provocam fuga de professores da carreira
Rita de Cássia Hipólito desistiu da carreira de projetista para fazer
um mestrado e, por acaso, se tornar uma professora. Ensinar era a
atividade mais compatível com a jornada de estudos. Apaixonou-se pela
profissão e há sete anos trabalha na rede municipal de São Paulo dando
aulas de história. A carreira, já tão desvalorizada, está prestes a
perder mais uma profissional.
A paulistana de 37 anos, assim como tantos outros
colegas, não vê valorização em seu esforço de se capacitar e dar boas
aulas. Os alunos – e o carinho que demonstram por ela – são a única
razão que a mantém na ativa até agora. Mas o salário, de aproximadamente
R$ 2,8 mil por 40 horas de trabalho semanais, a obriga a reavaliar a
profissão neste momento. “Eu não tenho reconhecimento de ninguém.
Continuo pelo meu aluno, não por mim”, admite.
Meses atrás, Rita adoeceu. O terapeuta recomendava abandonar a
profissão. “Eu chorava, porque não conseguia me imaginar longe da
escola. Mas, aí, me vejo sendo tão maltratada como profissional, penso
em largar”, admite. A professora, que fez bacharelado e licenciatura em
Ciências Sociais e mestrado em sociologia na Universidade de São Paulo,
diz que sempre teve dois empregos para conseguir se manter. “Mas quando
vi meu primeiro holerite me assustei. Eu ganhava mais dando aula
particular”, conta.
A história de Rita, infelizmente, não é isolada. No Dia
do Professor, comemorado nesta segunda-feira, muitos profissionais em
todo o País lamentam – em vez de celebrar – a escolha de carreira que fizeram
. O iG
ouviu alguns professores de formação que, mesmo apaixonados pelo
trabalho que desenvolviam, desistiram de tentar sobreviver com o salário
da função, baixo diante de outras profissões, e mudaram de atividade.
Manoel, Rosângela e Joelma sentem saudades da sala de
aula e dizem que, se as condições de trabalho fossem melhores e a
remuneração mais alta, teriam continuado na profissão. É fácil
compreender as razões deles. Para ser um professor, por lei, é preciso
ser formado em Pedagogia ou em alguma licenciatura, cujo curso dura pelo
menos três anos. Há muitos outros cargos que, com a mesma titulação,
oferecem salários mais atraentes.
Manoel é servidor público no Senado Federal. Lá, um
analista (cargo que exige apenas a graduação) inicia a carreira ganhando
R$ 18 mil. Mais de 10 vezes o piso salarial do professor
, que hoje é de R$ 1,4 mil e não é pago por muitos redes estaduais e
municipais. No Judiciário, onde trabalham Rosângela e Joelma, um técnico
(nível médio) e um analista (graduado) ganham, em média, 3,5 mil e R$ 6
mil, respectivamente, no início da carreira.
As diferenças salariais estão também em carreiras mais
próximas à realidade do professor. O salário básico de um biólogo ou de
um químico, por exemplo, é de seis salários mínimos, um total de R$ 3,7
mil. Há muitos professores dessas áreas que cursaram não só a
licenciatura, que habilita a dar aulas, mas também o bacharelado e
poderiam atuar como biólogos e químicos.
Para tentar mudar esse cenário, o Plano Nacional de
Educação (PNE), que define as metas educacionais para o País nesta
década, previu a valorização dos profissionais da área, equiparando os salários
. A redação da meta 17, que trata desse tema, diz que o “rendimento
médio” dos docentes será equiparado aos “dos demais profissionais com
escolaridade equivalente, até o final do sexto ano da vigência deste PNE
(2016)”. Mas o projeto não define quais profissões seriam comparadas à
do professor. E ainda não foi implementado.
Ensinar foi a primeira atividade que chamou a atenção, e
despertou o interesse, de Manoel Morais, 36 anos. O cearense, aos 10
anos, dava aulas de reforço para os colegas em dificuldade. Estudioso,
achava fácil explicar o que sabia aos colegas. Estudante de química
industrial na escola técnica de Fortaleza, Manoel não pensava em se
tornar um professor até ser convidado, aos 17 anos, a dar aulas em
cursinhos pré-vestibulares.
A vocação lhe parecia natural, mas Manoel queria fugir da
profissão tão criticada pelos seus professores da rede pública, onde
estudou a vida toda. Apesar das aulas no cursinho, fez vestibular para
Engenharia Química. No meio do caminho, decidiu fazer licenciatura em
Química e se tornar mesmo professor. “Comecei a estudar neurociências
para entender como o cérebro aprende e poder ajudar meus alunos melhor”,
conta.
Em 2004, no entanto, as ilusões de Manoel com a carreira
acabaram. Ele começou a fazer concursos públicos para mudar de área de
atuação. Em 2005, chegou a Brasília, após ter sido aprovado no concurso
do Ministério Público da União. “Mudei em busca de ascensão social
mesmo. O cargo de juiz exige apenas o bacharelado em Direito. Para dar
aula em uma faculdade é preciso, no mínimo, um mestrado. E quem ganha
mais? Não quis seguir na carreira que eu amo por conta da condição
financeira mesmo”, admite.
Hoje, Manoel está prestes a concluir o curso de Direito e
pensa em novos concursos. “Por causa da questão financeira, há uma fuga
de cérebros do magistério. Teria ficado na escola se tivesse a
oportunidade de ganhar a mesma coisa”, desabafa. Para diminuir as
saudades da sala de aula, hoje Manoel ensina outras pessoas a estudar.
Dá treinamentos aos sábados sobre técnicas de estudo e oratória.
Manoel desistiu de ser professor por causa do
salário. Hoje, servidor do Senado, dá cursos sobre técnicas de estudo
para matar as saudades
Como muitas mulheres de sua idade, Joelma de Sousa, 46
anos, fez o curso normal durante o antigo 2º grau. Antes mesmo de
terminar o preparatório para o magistério, Joelma passou em um concurso
da Fundação Educacional de Brasília. “Era o caminho mais rápido para o
trabalho. Passei cinco anos dando aulas de alfabetização para crianças e
adultos. Adorava meu trabalho. Eu via o começo e o fim dele. Um dos
mais gratificantes”, analisa.
Como precisava ajudar a família a se manter, Joelma
desistiu do curso de pedagogia. Estudou para um concurso e se tornou
técnica judiciária. “A questão salarial foi a única razão para ter
mudado de profissão. Fiquei muito triste quando sai”, relembra. Ela diz
que, na época, o salário de técnica já era três ou quatro vezes maior
que o de professora. Já trabalhando no tribunal, Joelma fez
Letras-Tradução em Francês, depois cursou Direito.
“Se minha filha quiser ser professora, vou achar
sensacional. A minha família não tinha condições de me apoiar nessa
decisão à época, mas espero que eu possa. Ser professor não é um
sacerdócio, todos precisam de dinheiro para viver. Se quisermos bons
profissionais, teremos de pagar bem”, pondera.
Rosângela Pinto Ramos, 51 anos, escolheu ser uma
professora ainda criança. Filha de professora, ela admirava a mãe.
Percebeu que tinha escolhido a carreira certa logo que terminou o curso
de magistério. Começou a dar aulas e se apaixonou pelo ambiente escolar,
o trabalho com os alunos. Fez o curso de pedagogia e sonhava em abrir
seu próprio colégio.
Mas as diferenças salariais – e a oportunidade de atuar
na própria área ganhando mais – a fizeram desistir. Rosângela começou a
trabalhar no Judiciário quando os pedagogos ainda eram requisitados para
atuar nas Varas de Infância e para trabalhar com jovens infratores. “Mesmo assim eu continuei dando aulas, por prazer mesmo.
Até que a correria me fez desistir das aulas”, conta. A servidora, que
já não atua mais com sua área no tribunal em que trabalha, conta que
sente saudades da sala de aula até hoje.
Veja as dicas dos especialistas para saber o que
fazer quando seu filho chega em casa com uma mordida ou quando você
recebe a queixa de que ele mordeu alguém
Foto: Nana Sievers
A mordida também é uma forma de comunicação
O coleguinha de classe não quis dividir o brinquedo? Nhac! A
mãe está grávida de um irmãozinho? Nhac! Ninguém dá a atenção exigida?
Nhac!
Mais do que uma reação de raiva, as mordidas dadas pelas
crianças pequenas, com até 2 ou 3 anos de idade, são uma forma de
comunicação e de expressão de sentimentos. "Nessa primeira etapa da
vida, a criança ainda não domina a linguagem. Então, a forma que ela tem
para se expressar, para se comunicar e interagir com os outros é pelos
meios físicos, como morder, bater, puxar o cabelo", explica Marilene
Proença, membro da diretoria da Associação Brasileira de Psicologia
Escolar e Educacional (Abrapee) e professora do Instituto de Psicologia
da Universidade de São Paulo.
O fato de as mordidas fazerem parte
de uma fase do desenvolvimento das crianças não significa que elas
devem ser ignoradas ou aceitas pelos pais. Conheça abaixo um pouco mais
sobre essa fase e veja as dicas dos especialistas para saber como lidar
quando seu filho é a vítima da mordida ou quando é o autor da dentada em
um coleguinha da escola ou mesmo em um adulto.
Uma pedagoga interessada em apresentar soluções que conduzam a educação nacional a um patamar que permita ao país realmente crescer. Licenciada em pedagogia e coordenação pedagógica, pós-graduada em educação infantil e educação inclusiva, e pós-graduanda em gestão escolar e coordenação pedagógica e psicopedagogia clínica, institucional e hospitalar. Coordenadora pedagógica que, nas horas vagas, é uma ótima cozinheira.